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O América em discussão: a culpa de cada um e a necessidade de mudança na visão de um americano presente

Contratações equivocadas, na base da “baciada”, levaram o América a esta campanha ridícula no Brasileiro

Marcio Amorim é assíduo nos jogos do América e ligado no dia a dia do clube. Fala com conhecimento. Neste texto ele faz acusações e aponta caminhos. Que a diretoria e o mundo americano reflitam:

* “Caro Chico!

Por motivos óbvios, ando sumido. Sempre discordei do tratamento dado ao América pela imprensa nacional. Não consegue engolir o meu time na série A, enquanto times que rendem horrores de IBOPE continuam penando na B ou na C ou na D: Bahia, Náutico, Paysandu, Fortaleza, Ceará, Paraná, Sampaio Correia, Avaí, Vila de Goiás, Goiás, Atlético Goianiense, só para ficar no mínimo. Os comentários são agressivos, debochados, sem ética e sem profissionalismo.

Infelizmente, a imprensa mineira aderiu. Descaracterizou a conquista do Mineiro, dizendo que Atlético e Cruzeiro não o levaram a sério. Toda vez que um deles não ganha, a “lereia” é a mesma. Na final, o estádio tinha 56.000 torcedores, dos quais 53.000 ou mais eram atleticanos. Como se o campeonato não valia nada e nem era levado a sério? Houve confecções de faixas de Galo Campeão Mineiro de 2016  que nem Deus sabe onde foram parar.

Hoje, o América é noticia porque está na penúria e fica fácil chutar cachorro morto. Em vários jogos, entre tantas derrotas, ninguém, nem aqui nem alhures, levantou a voz para denunciar alguns fatos. Vou citar dois, bem claros. No jogo contra o Flamengo, ainda 0 x 0, a bola resvalou nas duas mãos do Réver, acima do nível do peito. Os ridículos disseram que era bola (nas mãos?). Em seguida, resvala no braço do zagueiro do América que estava colado ao corpo: pênalti.

Vou pular para outro fato, para ficar só em dois: ontem, num jogo em que o América iniciou agressivo, bola resvala na mão do zagueiro do Fortaleza e é considerado lance de bola na mão, dada pelo trio regional. Em seguida, gol em impedimento. Nem repetiram o lance. No intervalo, mostraram o atacante adiantado no momento do lançamento. O terceiro gol foi feito depois de o atacante empurrar o Pablo para fora das quatro linhas, ficando com a bola e cruzando para o atacante, impedido, fazer o gol. É só conferir.

A missão do dirigente, da comissão técnica e dos jogadores, espinhosa por si só, torna-se mais complexa quando não há ninguém ao lado pelo menos para denunciar. Debochar é fácil.

Porém, o abjetivo deste meu texto é mostrar coisas que vão além disto. Há muitos anos, o América, como grande parte dos times de porte médio, está completamente dependente de interferência de empresários. Eles põem, escalam e tiram jogadores na maioria dos times. Tiram quando o time já se submeteu a trampolim de seus interesses. Recentemente no América isto se deu com o Rodriguinho, com o Marcelo Toscano e com o Richarlisson. Alcançados os objetivos, uma “banana” para o clube.

Eles impõem a contratação e a escalação. Dizer que levar para o clube jogadores do naipe de Artur, Alisson, Jonas, Adalberto, Bruno Teles, Juninho, Ernandes, Alan Mineiro, Osman, Danilo Dias, Sueliton, Rafael Bastos, Thiago Luiz é estar preocupado com uma boa apresentação na Série A é um verdadeiro calote. Alguns se foram sem nem ter entrado em campo. O tal de Rafael Bastos não durou 24 horas depois da saída do Givanildo. O mesmo Givanildo que insistiu em jogar com 10 todos os jogos de que ele participou. Nunca fez nada a não ser um maldito gol no Vítor do meio do campo.

Este cidadão se transferiu para a Chapecoense que até fazia boa campanha. Passou a jogar com 10 e levou três sonoras goleadas seguidas. A primeira de 5 x 0, uma de 4 x 0 e outra de 3 x 0. Só que lá, ao que me parece, houve clarividência e ele foi sacado do time. É jogador de Série D, se tanto.

Isto se deve à falta de uma diretoria séria e competente. Há anos o América tem dado mais importância a essa montanha de lixo tóxico em detrimento de sua categoria de base. A última vitória do América, contra o Fortaleza no Independência, no jogo de ida, contou com a participação de 5/6 jogadores da base. Havia fôlego aliado à alma. O Matheusinho vinha amargando reserva de Rafael Bastos. Hoje treina com a Seleção Olímpica a convite do técnico da Seleção Principal.

Tem enchido os olhos de todos. Num treino, ele fez três gols, sendo um por cobertura, no outro deixou um zagueiro sentado e, no terceiro, deixou o Fernando Prass sentado com cara de otário. A imprensa, incluindo a mineira, omite. Carlos, Eduardo, Dodô, vice-campeões das categorias de base, num campeonato em que o campeão foi o América, foram levados à Seleção por interferência da imprensa. Nunca jogaram nada, mas tiveram e têm chances, além de uma imprensa passional ao lado deles.

O que reclamo da diretoria é não ter alguém (entre 10 presidentes) que dê um murro na mesa e ponha um basta neste estado de coisas que, se não os incomoda, a mim, pobre torcedor, sim. Perder para um time de Série C por 4 x 1 não incomodou ninguém? Todos estão resignados com os 7 x 1? Péssimo exemplo a não ser seguido nem assimilado.

Queria ver o Leandro Guerreiro liderando os meninos Xavier, Bruno Sávio, Matheusinhos, Makton, Roger, Ulisses. Ver o Guerreiro, aos 37 anos, tendo de tentar jogar e correr, é triste. Se não é para liderar garotos; se é para ter de chamar a responsabilidade de jogar, criar, armar, desarmar, correr, lutar, é sinal de que a sua participação chegou ao fim. Liderar penas-de-pau de empresários, sem alma, sem garra, sem identificação com o clube não é para quem chegou a esta idade com uma carreira brilhante. Certamente a sua carreira vai ter um final melancólico, como melancólica será a participação do América até dezembro. Mais uma aventura recheada de irresponsabilidade e de incompetência que vai acabar de maneira vergonhosa. Eta dezembro distante!”

Um abraço.

Marcio Amorim


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Comentários:
7
  • Eduardo - BH disse:

    Ok Caro Chico
    Quero entrar nesta discusao. Embora eu seja Atleticano, desejo o melhor para o Coelho.
    Qdo o America ganhou este ano o mineiro, vc escreveu que seria bom outras equipes olherem para este formato de direçao adotada pelo clube americano. Pois bem, hoje vc escreve chamando atencao pela culpa de cada um. Ok. Mas a culpa, na minha opiniao é toda da direcao do clube. Muito, muito ruim. Nao gosto desta formula, tá muito mal administrada. O sr. Alencar é o pior de todos e parece ser o responsavel pela direcao do esporte. Julgo que a saida do america sempre será olhar para a base.
    Fazer destes a espinha dorsal da equipe. Renderao melhor que trazer baciana aleatoria de jogadores de empresario, que nao passam de oportunistas.
    Pra finalizar: Deus salve o coelhao. Nós mineiros agrademos.

  • Pedro Vítor disse:

    Realmente é um belo comentário e as coisas são bem por aí mesmo.

    Só que não dá pra comparar a organização e competência da Chapecoense, Figueirense e o América porque são realidades bem diferentes. Lá em Santa Catarina há uma competição entre clubes, todos são mais ou menos do mesmo tamanho, não há um clube muito superior ão outro, aqui em Minas Gerais o América é maior que os demais clubes do estado, mas não criou, ou não quis criar, ou não sei bem o acontece para que não se crie uma identificação de novos torcedores e de grande massa, e antes que me destinem, acho que a torcida é o termômetro do clube.

    Chapecoense, toda vez que o Atlético vai lá o estádio está cheio e é uma dificuldade grande vencer lá, assim é no campo do Avaí do Figueirense do Criciúma e do Joinville. Lógico que torcida não ganha jogo, mas se o estádio está cheio tem um algum motivo e se quando está vazio é a oportunidade perfeita pra aproveitar o momento de crise da equipe.

    O América tirando fora está parte que é importantíssima da parte administrativa e da competência de organização para disputar a série A também perde muito com isso porque Corinthians, Flamengo e demais times sempre tem maioria de torcida jogando em Belo Horizonte e tudo isso aliado ao mau momento dentro de Campo reflete no bate e volta e na limitação do clube em obter receitas .

    A impressão que passa é que o América ainda não está preparado pra se manter na série A

  • José Eduardo Barata disse:

    Texto nota dez. Serve para todos nós refletirmos para o que acontece com nossos times. A Casa da Moeda que cada um tem na sua sede alimenta essa pouca vergonha dos “empresários”. E nossos times são entregues à própria sorte.

  • humberto disse:

    Chico, no dia em que a torcida do mequinha e seus dirigentes entenderem e aceitarem o verdadeiro tamanho do seu clube, vai ser um grande passo para que o clube possa integrar e se manter numa série A por mais anos. O América não foi, não é e nunca será um grande clube do futebol brasileiro, infelizmente o time sera rebaixado novamente. Aquilo que o presidente disse depois do mineiro que o time ia brigar pelo título, vaga na libertadores mostre bem o pensamento arrogante e totalmente afastado da realidade de seus dirigentes e torcedores.

  • Raul Otávio da Silva Pereira disse:

    O América (que derrotou a nós cruzeirenses no Mineiro deste ano) é um patrimônio de Minas. Confesso que tenho enorme simpatia pelo time.
    Infelizmente, por mais que torçamos – e aí incluo os cruzeirenses, atleticanos e os próprios americanos – a coisa não anda. É uma pena.
    Quanto à discriminação, mais do mesmo. Cruzeiro e Atlético também são vítimas.
    Libertadores e Copa do Brasil de um, bicampeonato brasileiro de outro – o povo nem dá bola.
    Mas não adianta reclamar porquê isso não vai mudar. Já era assim a 40 anos atrás (hoje é o aniversário da primeira Libertadores do Cruzeiro e ninguém fala nada, a não ser o mg.superesportes) e vai continuar.
    Não porquê Cruzeiro, Atlético e América sejam piores que os times do Rio e São Paulo, nem porquê suas torcidas são menores ou menos apaixonadas – simplesmente porquê o poder econômico está lá, naquele eixo do mal.
    Outras grandes torcidas estão lá.
    Os maiores faturamentos estão lá.
    O maior apelo comercial é dos times de lá.
    O maior número de comentaristas, narradores e repórteres torce por times de lá.
    De tabela, a Globo paga mais para eles. E a diferença aumenta a cada ano. 20 milhões para times de Minas, 80 milhões para times do Rio e São Paulo. Ano após ano. Isso faz uma enorme diferença.
    Não adianta lutar contra a correnteza, nessa de ficar só reclamando.
    O que deve ser feito é ganhar, ganhar, ganhar e ganhar.
    Ser campeão muitas vezes – como Minas fez em 2013 e 2014.
    Detonar os corintians, palmeiras e flamengos da vida toda hora.
    E vamos que vamos.

  • Ed Diogo disse:

    Parabens Marcio falou bonito e certo mas o nosso problema e falta de um presidente de verdade , nos temos quantidade mas nao temos qualidade.Sou americano a 61 anos(pois ja nasci americano) e para falar a verdade invejo quem teve um Kalil ou um Felicio Brande ate um tal de Perrela para falar mais recente.Precizamos de um Presidente com P maiusculo que enetenda de futebol .Chega de patrmonio queremos futebol

  • Creuzer disse:

    Realmente é uma Vergonha!Só contrata barca furada!Ir para série A pra ficar dando vexame por causa de uma diretoria incompetente e cega é brincadeira!A torcida também náo ajuda,time na séria A,B ou C, nunca comparece,.cabe numa Kombi!Um dia estávamos discutindo isto!Serio mesmo o América time de série B?Serio melhor para ele ficar quietinho na B?Por que outros times tipo uns Chapecoense da vida estáo conseguindo manter-se na A?O América quando sobe é esta vergonha!Lamentável!