O ingresso para qualquer jogo do campeonato nacional é caro para os padrões do trabalhador brasileiro, mas os clubes alegam que os investimentos são altos e não têm como amaciar. Aí a seleção vem jogar no Mineirão contra a Argentina e o preço do ingresso fica mais caro ainda. Uma seleção que não tem nada a ver com o nosso torcedor, que entretanto, é atraído pela festa.
A Úrsula Nogueira, chefe de esportes da Itatiaia, aborda este tema na coluna dela no portal da rádio:
* “Arrecadem menos, cativem mais!”
Belo Horizonte vai receber, no próximo dia 10, o clássico entre Brasil e Argentina, válido pela 11ª rodada das Eliminatórias Sul-Americanas para a Copa do Mundo de 2018, na Rússia.
Uma reunião para definir as primeiras questões da partida foi realizada na última segunda feira (17) na sede da Federação Mineira de Futebol (FMF). Entre os vários assuntos discutidos entre FMF, CBF e Mineirão estavam os valores dos ingressos, que, por sinal, só serão divulgados nesta sexta-feira. As vendas terão início só na próxima segunda.
Apuramos que os valores podem custar de R$ 180 a R$ 600. E pasmem: quem quiser ir de camarote terá que pagar R$ 1.000 por pessoa. Em entrevista ao repórter Bruno Azevedo, o presidente da FMF, Castellar Guimarães Neto, disse que os ingressos terão o preço de acordo com o espetáculo. Aí eu tenho que admitir que o futebol está virando evento elitizado.
Não estou aqui para questionar a grandiosidade de Brasil e Argentina, mas não acho que uma partida de Eliminatórias tenha a mesma importância que um jogo pelas quartas de final da Copa do Mundo, por exemplo. E explico o motivo da minha comparação: dos ingressos para assistir aos jogos das quartas de final da Copa de 2014, o mais caro custou R$ 660 (inteira) e quem foi no setor mais barato pagou R$ 170. Qual a justificativa para se cobrar mais caro em uma Eliminatória?
Não é novidade para ninguém que faz algum tempo que o torcedor brasileiro está desacreditado da Seleção. Sei também que as performances de Tite estão nos empolgando mais para sentar e assistir a um jogo. Mas é o suficiente para acreditar que teremos um Mineirão lotado no dia 10 de novembro? Sinceramente, acredito que não. E se atingirem a carga máxima eu ficarei surpresa. Segundo informações, a venda on-line deve durar em torno de 40 minutos. Pasmem. Ficarei mais perplexa ainda. Tomara que eu queime a língua.
Estamos vivendo uma crise financeira em que o primeiro corte que fazemos no nosso orçamento é com as despesas com o lazer. Basta analisar a queda no número de sócios-torcedores dos clubes e a baixa média de público nos estádios. É notório. Não há o que questionar.
A CBF precisa resgatar a confiança do torcedor, e gostaria que essa fosse também uma de suas preocupações.
Se colocam os preços mais acessíveis, conseguiriam atingir um público maior, atrair pessoas que nunca assistiram a uma partida da seleção e que, consequentemente, empurrariam o time com seus gritos e ganhariam o jogo. E aos poucos, a confiança voltaria. O interesse também! Até as vendas das camisas aumentariam, novos ídolos surgiriam e os títulos seriam apenas uma consequência.
A decisão de trazer o clássico para Belo Horizonte foi em junho. Estamos no dia 20 de outubro e as vendas só iniciam na próxima segunda-feira. Por que não colocaram pra vender logo após a vitória do último jogo, em Natal?
São coisas que eu não entendo ainda. Quem sabe um dia?
http://www.itatiaia.com.br/blog/ursula-nogueira/arrecadem-menos-cativem-mais
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