Assisti ontem um bate boca do vice-presidente jurídico do Grêmio com a bancada da ESPN sobre a reportagem da emissora sobre um espião que teria sido contratado pelo clube para filmar treinos secretos dos adversários do time por meio de um drone. Essas filmagens teriam ajudado ao técnico Renato Gaúcho e aos seus comandados, em toda a temporada 2017.
Futebol não se ganha apenas dentro de campo e o uso da tecnologia para “piratear” informações está em discussão com este episódio. Até que ponto seria válida uma ação como essa. Seria desonestidade como as famosas compras de arbitragens que reinaram no futebol brasileiro durante grande parte da história?
O ex-diretor da Rede Globo, que foi vice-presidente do Flamengo nos anos 1980, Walker Clark disse no livro autobiográfico “O Campeão de Audiência”, de 1994 (relançado em 2015), na página 356, que ele, cuidava, dentre outras coisas do acerto com árbitros para favorecer o time: “… as mumunhas da arbitragem, os acertos com os juízes, o suborno. Todo mundo jura de pé junto que não existe, que são fatos isolados, mas na verdade, acontece, quase às claras, para quem quiser ver.”
Assunto bom para saber a opinião dos senhores e senhoras comentaristas aqui do blog
* “EXCLUSIVO: Grêmio usou drone para espionar rivais durante o ano; veja flagra em treino do Lanús”
Gabriela Moreira, para o ESPN.com.br
O Grêmio que disputa a final da Libertadores, nesta quarta-feira, usou métodos de espionagem durante toda a temporada.
Apuração da ESPN revela que uma pessoa foi contratada pelo clube para filmar e fotografar treinos abertos e fechados de todos os adversários. Na Libertadores, no Brasileiro e na Copa do Brasil.
Com o auxílio de um drone ou usando câmeras escondidas em árvores, prédios e muros, a equipe de Renato Gaúcho teve acesso aos segredos e estratégias de todos os seus rivais: escalações, jogadas ensaiadas, esquemas táticos.
Tudo era de conhecimento da comissão técnica e também dos jogadores que assistiam às imagens feitas pelo espião antes dos confrontos.
A reportagem passou os últimos cinco meses monitorando os passos da pessoa contratada pelo Grêmio. Foram algumas tentativas de flagrar o trabalho. Contra o Flamengo e o Fluminense, nas vésperas das partidas do segundo turno, isso quase foi possível.
Até que na última sexta-feira flagramos o exato momento em que o espião se aproximava do CT do Lanús, adversário da final da Libertadores. Para proteção dele, sua identidade será preservada nesta reportagem.
Estávamos há dois dias acompanhando os movimentos dele na capital argentina. De camiseta e bermuda, ele desce do veículo alugado para a tarefa e coloca o drone no chão. Este ponto fica a cerca de 350 metros do CT do time argentino, na periferia de Buenos Aires.
Naquele dia, o time adversário da final fazia mais um treino fechado. O homem a serviço do Grêmio estava na cidade há mais de uma semana – hospedado próximo ao aeroporto, teve hotel, carro e passagens aéreas pagas pelo clube e já havia filmado outras atividades fechadas.
Por algumas vezes, tentamos aproximar, mas o espião ficou alerta. Até que ele coloca o drone para funcionar e volta para o carro de onde costuma controlar as filmagens dos treinos. Em dado momento, ele percebe que está sendo filmado e que vamos abordá-lo. Ele, então, acelera o carro. Mesmo na presença da polícia, que passava pelo local e estranhou a ação.
Após ser perseguido pela polícia, o espião resolve parar. Nossa equipe chega junto e ele nega que estivesse a serviço do Grêmio. O brasileiro, no entanto, confirma que colocou um drone para sobrevoar a região do CT. E não consegue explicar o motivo.
Dali, o espião foi levado para prestar esclarecimentos na Comisaría Seccional Segunda Lanús e lá ficou por duas horas. Os policiais colocaram em documento que ele espionava o treino do Lanús, fazendo filmagens com um drone. Ele foi liberado.
O treino fechado do Lanús está longe de ser o primeiro que o espião filmou. Pela Libertadores, esteve por pelo menos dez dias em Guayaquil, no Equador, espionando o Barcelona; o mesmo ocorreu com o Godoy Cruz, da Argentina – ambos foram filmados com drone.
O Palmeiras – não no Allianz Parque, onde não seria nada difícil para o espião, mas no Pacaembu – teve todo um treino fechado acompanhado. Já o Botafogo, pela Libertadores, teve todas as suas jogadas ensaiadas monitoradas pela equipe de Renato Gaúcho.
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