O sentimento do goleiro italiano é o mesmo de todo torcedor que vê seu time prejudicado pela arbitragem. Muitas vezes as reclamações procedem, às vezes não. A verdade nua e crua é que o mundo do futebol ainda não descobriu uma forma de acabar com o problema. Para ser bem sincero, isso nunca vai acabar. Nem a tecnologia avançadíssima que temos hoje deu conta. Tem o fator humano na parada, a prerrogativa de “interpretação” que o árbitro tem. E o fator humano também envolve os “intere$$es inconfessáveis”, não é? A interpretação foi sincera ou movida por algum incentivo extra?
O que vejo ao longo de décadas trabalhando como jornalista é que atualmente as falhas (ou roubalheiras) das arbitragens são mínimas em relação ao que ocorria até o início dos anos 1990. Além da melhor preparação da categoria a fiscalização em cima do trabalho e da vida pessoal deles é infinitamente maior. Dezenas de câmeras de TV, de celulares e outros mecanismos estão de olho na turma toda.
Em 2002 o equatoriano Byron Moreno prejudicou de forma escandalosa a Itália, nas oitavas de final da Copa Japão/Coréia, eliminando os italianos, no jogo contra os anfitriões coreanos.
Na época dizia-se que havia um esquema financeiro pesado. Coincidência ou não a Coréia do Sul chegou às semifinais do Mundial, com vitórias contestadíssimas sobre seleções como Portugal e Espanha. Mas, pelo menos este equatoriano dançou. Meses depois da Copa daquela Copa ele passou a levar uma vida cujo salário era incompatível. Ostentação de bens, viagens e mordomias para ele e família chamaram a atenção da imprensa. Sem alarde da FIFA e federação do Equador, foi afastado. Sumiu do futebol.
Este equatoriano era realmente complicado. Foi acusado depois da Copa de manipular resultados do campeonato local e em 2010, atuou como comentarista de TV, até ser preso no aeroporto JFK de Nova Iorque levando seis quilos de heroína. Dá pra confiar numa figura dessas apitando o jogo de futebol?
Porém, portugueses, espanhóis e principalmente os italianos reclamam até hoje que foram “garfados” pelos homens do apito em 2002. Anos depois a casa da própria FIFA e federações Sul-americanas caiu, né? E ninguém consegue provar até onde houve ou há envolvimento dessa cambada na armação de resultados.
Mistérios que são misturados, intencionalmente ou não, pela mídia, cartolagem e torcedores como “paixão” do futebol, “choro de perdedor”, “erros acontecem” e fica por isso mesmo.
Também comete-se injustiças nas avaliações e “sentenças” contra muitos árbitros. Nessa polêmica Real Madri 1 x 3 Juventus, até acho que não foi pênalti, depois de rever tantas vezes o lance. Mas muita gente acha que houve. E vida que segue!
Veja o desabafo do goleiro Buffon à revista digital Trivela:
* “O árbitro não pode arruinar os sonhos de um time”
Pênalti, expulsão, o fim da campanha da Juventus na Champions League. Para Gianluigi Buffon, o fim do sonho, mais uma vez, contra o Real Madrid. O goleiro e capitão do time italiano ficou inconformado, tanto pela marcação do pênalti aos 48 minutos do segundo tempo, que decidiu a classificação, quanto pela expulsão logo em seguida, pela reclamação. Ele e outros jogadores e o técnico da Juventus comentaram a frustração da eliminação.
“Foi um décimo de um pênalti”, disse Buffon, em entrevista à Mediaset Premium. “Eu sei que o árbitro viu, foi certamente um incidente duvidoso. E um incidente duvidoso aos 48 minutos do segundo tempo quando você teve um pênalti claro no primeiro jogo, você não pode marcar isso nesse ponto”.
“O time deu tudo de si, mas um ser humano não pode destruir sonhos como esse no fim de uma recuperação extraordinária em uma situação duvidosa”, disse o goleiro da Juventus. “Claramente você não tem um coração no seu peito, mas uma lata de lixo”, bradou o goleiro.
“Você não pode arruinar os sonhos de um time. Eu poderia ter dito qualquer coisa para o árbitro naquele momento, mas ele tinha que entender o grau do desastre que ele estava criando. Se você não pode aguentar a pressão e ter a coragem de tomar uma decisão, então você deveria ficar nas arquibancadas, tomar sua Sprite e comer batatinhas”, continuou Buffon.
“Você pode ter 18 árbitros, mas é uma questão de sensibilidade. Você tem que ter assistido o que aconteceu no jogo de ida, então em um incidente similar, no segundo jogo, você dá um pênalti aos 48 minutos do segundo tempo…”, reclamou Buffon.
“O Real Madrid mereceu avançar ao longo dos dois jogos, eu desejo a eles o melhor e sempre é uma honra para mim enfrentar esse clube, mas obviamente, nós merecemos ao menos ir para a prorrogação nesta noite”, bradou Buffon.
Quando perguntado o que ele disse ao árbitro para ser expulso, Buffon voltou a criticar Michael Oliver. “Nada estranho. O árbitro perdeu a cabeça, eu aceito isso. Eu não vou aceitar que um árbitro no comando de jogos como esse, com dois times como esses, e que não tenha personalidade, coragem e habilidade para tomar decisões”, disse.
“Ele estava claramente despreparado. Dar um pênalti como esse, depois de uma partida memorável, expulsar alguém que nunca foi expulso por reclamação na vida no meu jogo final é simplesmente inaceitável”, continuou o furioso Buffon. “Se você faz isso, então você é um animal, você tem uma lata de lixo no lugar do coração. Nós fizemos algo épico nesta noite e o desempenho foi heroico. Eu tenho um orgulho descontrolado de ser o capitão desses rapazes”.
Apesar da frustração e a da raiva, Buffon também disse que sai com orgulho da eliminatória. “Eu saio daqui com uma partida memorável, vendo 18 guerreiros com o desejo de suar baldes e ter um desempenho estratosférico”, disse Buffon à Sky Sports Italia.
“Apenas os jogadores da Juventus podem fazer isso. Eu estou satisfeito que nós deixamos o campo com as nossas cabeças levantadas e ganhamos algum orgulho para o futebol italiano. Eu também elogio a Roma pelos seus feitos, já que eu fiquei emocionado com a virada deles ao eliminarem o Barcelona e espero que eles avancem até a final e conquistem o título”, disse o goleiro. “Amanhã eu estarei torcendo pela Lazio na semifinal da Liga Europa, já que temos mostrado sinais que o futebol italiano está voltando”.
Buffon ainda terminou dizendo que agora será o momento de novamente focar na Serie A. E os adversários podem esperar problemas. “Nós estaremos furiosos quando entrarmos em campo pela Serie A neste fim de semana. Furiosos”, disse o goleiro.
Benatia: “Simplesmente absurdo”
O protagonista da Juventus no lance, o zagueiro Medhi Benatia, negou que tenha feito falta. “Eu posso prometer a você, eu não o empurrei. Ele caiu porque ele não tinha mais nada para fazer naquele momento. Dar um pênalti como esse aos 48 minutos é simplesmente absurdo. O Bayern de Munique viveu exatamente a mesma coisa ano passado. O que podemos fazer?”.
“eu vi isso no jogo, eu vi isso na TV, você não pode apontar uma falta nesse tipo de ação”, declarou ainda Benatia à BeIn Sport France. “Você faz esse tanto de esforço, contra um grande time como esse, você não pode ter um árbitro apitando um pênalti como esse aos 48 minutos do segundo tempo, porque honestamente este é um jogo que deveria ter ido para a prorrogação”.
“Eu estou orgulhoso do meu time hoje, mas eu estou mais enojado com o mundo do futebol. O que eu digo pode parecer duro, mas quando você faz um esforço como esse e tem um pênalti dado pelo árbitro aos 48 minutos do segundo tempo e destrói as esperanças das pessoas. Há um trabalho por trás disso tudo”, disse Benatia.
“Se eu tivesse feito uma falta clara, eu diria isso, honestamente: ‘Eu o toquei, mas se não fosse isso, ele teria marcado com o gol aberto’. Mas não foi o caso! Eu fiz tudo que eu podia para não o tocar, mas no fim, o futebol é um esporte de contato. Então, é possível que minha coxa direita tenha o tocado, mas eu não o empurrei ou nada disso. É isso, é ruim, é ruim. Eu estou enojado, mas é a vida, é o futebol”.
Allegri: “Merecíamos a prorrogação”
O técnico Massimiliano Allegri foi mais um a reclamar da decisão da arbitragem. “Eu não quero julgar o que o árbitro fez”, afirmou o técnico, também à Mediaset Premium. “Eu me sinto mal pelos rapazes, que foram muito bem em Turim por 60 minutos e não marcaram os gols que marcaram nesta noite. O pênalti foi basicamente o reverso do que aconteceu com Juan Cuadrado no jogo de ida. Eu disse inclusive naquele momento que o incidente iria decidir a classificação”, disse o técnico.
“Nós merecemos ao menos ir para a prorrogação, e nós tínhamos duas substituições restantes e eles iriam dar uma força importante naquela meia hora extra com o Real Madrid se cansando”, continuou Allegri. “Ou eu teria que mudar aos 15 minutos do segundo tempo, ou esperava até a prorrogação e teríamos tempo suficiente para resolver as situações. Nós não estivemos realmente em risco no jogo”.
http://m.trivela.uol.com.br/buffon-o-arbitro-nao-pode-arruinar-os-sonhos-de-um-time/
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