Eu estava postando este comentário quando chegou a notícia: “O árbitro Jean Pierre pediu dispensa à FMF para não apitar a finalíssima do Estadual entre @Atletico e @Cruzeiro. Jean informou que sentiu dores na panturrilha após decisão do Campeonato Gaúcho ontem. Um novo sorteio será realizado.”
Mas a reflexão que sugiro continua valendo:
Vale uma reflexão para nós das Gerais. Nas últimas décadas temos perdido importância e protagonismo na economia, política e no futebol em termos nacionais. Ou seja: em tudo. Primeiro foram os nossos bancos, depois as maiores empresas e indústrias, cuja maioria mudou sua sede para São Paulo, Rio ou foi vendida ou incorporada por uma de lá ou do exterior. Já carregávamos a nódoa do então governador Magalhães Pinto e empresários mineiros terem sido cabeças do golpe de 1964. O que era a Vale do Rio Doce, privatizada, virou “Vale”, sede no Rio, diretoria mora lá e mata centenas de pessoas e liquida com o meio ambiente a partir daqui. E o que é pior: impunemente!
No futebol os gaúchos vão nos deixando para trás. Exportam treinadores (que inclusive predominam na seleção brasileira nos últimos anos), jogadores e até árbitros. Nosso clássico decisivo do estadual seria apitado pelo gaúcho Jean Pierre Lima, que apitou a conquista do Grêmio ontem em jogo complicado contra o Internacional. Foi o quinto Grenal apitado por ele. As finais deles são apitadas só por gaúchos e raramente ou nunca sem grandes polêmicas, Mas os gaúchos se respeitam e se prestigiam, apesar das rivalidades e inimizades históricas e se xingarem sempre. Quem tiver dúvida é só consultar a história de chimangos e maragatos.
Me incomoda que os árbitros mineiros não apitem as nossas finais. Assim como me incomoda que Atlético, Cruzeiro e América não descubram e nem formem treinadores mineiros, como faziam até os anos 1980, época em tínhamos e exportávamos Martin Francisco, Telê Santana, Orlando Fantoni, Procópio Cardoso, Carlos Alberto Silva, Barbatana. Marcelo Oliveira é um caso à parte. Merece um estudo. “Estourou” já mais velho, foi um “meteoro” conquistando um dificílimo bi-campeonato nacional com o Cruzeiro e depois disso se apagou. Ou o apagamos?
Possíveis sucessores dos nossos grandes nomes, de grande potencial, como Mauro Fernandes, Ney Franco, Ricardo Drubsky e outros foram ignorados ou desprestigiados, inclusive por grande parte da imprensa mineira. A bola da vez é o Enderson Moreira, competente, sério, mas nem cogitado pelo Atlético neste momento.
Enquanto isso os gaúchos continuam dando ótimos exemplos. Na final de ontem, Renato Gaúcho no banco do Grêmio e o gaúcho Odair Hellman no do Inter. No apito, o gaúcho Jean Pierre Lima, que no sábado estaria no Independência apitando a nossa final.
Que fosse e seja sempre bem vindo e faça grandes arbitragens. O mesmo desejo ao que for sorteado para o lugar dele. Espero ver um dia os dirigentes mineiros, dos clubes e da Federação, se inspirando na gauchada, valorizando os mineiros em nossas finais.
Polêmicas sempre existirão, como neste jogo de ontem, apitado pelo Jean. Saiba mais sobre ele neste link do Uol e na entrevista dele ao jornal Zero Hora antes da decisão de ontem:
“D’Alessandro e Odair são expulsos após pênalti marcado com VAR para Grêmio” – Veja mais em https://esporte.uol.com.br/futebol/ultimas-noticias/2019/04/17/dalessandro-e-odair-sao-expulsos-apos-penalti-marcado-com-var-para-gremio.htm?cmpid=copiaecola
Árbitro do Gre-Nal, Jean Pierre Lima destaca: “Sonhamos em estar nesta decisão”
Juiz do clássico fala sobre a expectativa para o jogo desta quarta, na Arena
Jean Pierre Lima estava chegando a Porto Alegre quando atendeu ao telefone. Pela manhã, havia dado aulas em Pelotas, já no clima de Gre-Nal. Os alunos, todos na faixa dos 10 anos, provocavam o professor e pediam aquela forcinha para o time deles na decisão desta quarta-feira (17). Jean, 39 anos, tirou de letra. Está acostumado com esse ambiente às vésperas de clássico. Este será seu quinto Gre-Nal, o primeiro em uma final. Confira os principais trechos da conversa.
Qual a preparação na véspera de uma final?
Moro em Pelotas, estou chegando agora (16h de terça) a Porto Alegre. Pela manhã, ainda deu tempo de trabalhar. Agora, tem concentração, algo que a Federação Gaúcha de Futebol está nos proporcionando. Já foi assim no Gre-Nal da fase classificatória (comandado por Anderson Daronco), o que é muito bom. A tarde foi reservada para reuniões, para planificar o jogo com o pessoal do VAR.
O que é tratado nestas reuniões?
Fazemos os últimos ajustes, em se tratando do jogo, das especificidades deles, de cada equipe e cada atleta. Inclusive, analisamos a partida anterior, no caso o Gre-Nal do Beira-Rio. A gente procura tomar todos os cuidados para fazer um ótimo trabalho.
O que muda com o VAR?
Essa questão do VAR tem algumas particularidades. Tanto para mim quanto para os assistentes. Tem de retardar o apito, retardar o levantar da bandeira. Nós, árbitros, estamos nos apropriando ainda do VAR. É uma ferramenta que chegou para nos auxiliar. Vemos com bons olhos. Aliás, não apenas nós, árbitros, temos de nos apropriar dele, mas também vocês, da imprensa, e os torcedores.
Quantos Gre-Nais você apitou?
Este será meu quinto Gre-Nal.
O que muda na rotina do árbitro uma final com clássico depois de quatro anos?
A gente sabe que é diferente, mexe com o sentimento de muita gente, com duas grandes histórias. Como árbitro, sempre sonhamos em estar nestas decisões. Sempre tem uma situação especial. Por isso, você procura planejar e se concentrar o máximo possível.
No domingo, o Inter reclamou muito da arbitragem. Como isso repercutiu em você?
Para ser bem sincero, fiquei bem alheio a isso. Não ouvi declarações pós-jogo. Procurei focar na partida, em assistir ao jogo mesmo. Vi a atuação do (Leandro) Vuaden, como o jogo transcorreu. Quanto ao que foi dito depois, posso te garantir que estou bem alheio a isso.
As reuniões na véspera fazem parte da programação de vocês. E no dia do jogo, como é a rotina?
Procuro fazer as mesmas coisas, para não fugir da rotina. Obviamente, cuido o que vou comer, regulo minha alimentação para estar bem na hora do jogo. Pela manhã, depois do café, ainda teremos uma reunião da arbitragem, para um fechamento da preparação. A tarde será reservada para descansar.
Para ocupar esse tempo livre, alguma trilha sonora em especial? Ou alguma série a que esteja assistindo?
Vou assistir à TV, conversar com os colegas e tomar um chimarrão para espairecer (risos).
Uma grande atuação pode credenciá-lo, ainda mais, para voos mais altos. Quem sabe um escudo da Fifa.
Estou com 39 anos. A gente sabe que a caminhada é bastante árdua. A expectativa sempre existe, a idade para entrar é um pouquinho avançada. Mas a gente espera fazer o melhor nesta noite para que se fale apenas da partida.
Jean Pierre em Gre-Nais
Vitórias do Grêmio: 2
Vitórias do Inter: 1
Empates: 1
GRE-NAL 386
Beira-Rio — Gauchão 2011
Inter 2×3 Grêmio
GRE-NAL 396
Centenário — Gauchão 2013
Inter 2×1 Grêmio
GRE-NAL 404
Beira-Rio — Gauchão 2015
Inter 0x0 Grêmio
GRE-NAL 413*
Beira-Rio — Gauchão 2018
Inter 1×2 Grêmio
*Precisou ser substituído por causa de uma lesão na panturrilha aos 18 minutos do segundo tempo.
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