Imagem: Danilove Sports/youtube.com
Ronaldo e o braço direito dele, Paulo André, não moram aqui. Protestos na Toca da Raposa ou na Praça Sete não os incomodam nem perturbam o sono deles. A gritaria de uma boa parte da imprensa mineira, muito menos, principalmente porque quase toda a imprensa nacional, tratou a saída do Fábio como normal, para a nova realidade do clube.
O então presidente do Cruzeiro, Sérgio Santos Rodrigues alardeava que o Cruzeiro seria a “primeira SAF” do futebol brasileiro, como se isso fosse um troféu. Pois é!
Em tempo recorde, após a aprovação pelo Conselho Deliberativo, já apareceu um “comprador”. Aí foi a torcida quem soltou foguetes, já que o dono da primeira SAF do Brasil seria “ninguém menos” que Ronaldo, que retornaria o Cruzeiro ao seu patamar, com investimentos “fenomenais”. Acabava o “cabuloso” e chegava a era “fenomenal”.
Também em tempo recorde, a realidade bateu à porta, a ficha caiu, e como caiu.
A dívida que também era fenomenal, aumentou, com números que o Ronaldo não teve conhecimento antes de assinar a compra. Também não sabia que as maiores receitas já tinham sido antecipadas. Direitos de TV e patrocínio máster da camisa, já eram!
Negócio é negócio e ao invés de desistir, pois ainda havia tempo, o “Fenômeno” resolveu fazer um “choque de gestão”, fenomenal, e mandou cortar toda gordura possível, além de pensar, urgente, nas fontes de arrecadação.
O dono da primeira SAF verde e amarela é cidadão do mundo e mora no exterior, no Rio e em São Paulo. Era aguardando em Belo Horizonte para uma recheada agenda, no dia do aniversário do clube, dois de janeiro. Seria a chegada triunfal do “Messias”, para anunciar as boas novas e os novos tempos da primeira SAF. Ainda que ele ficasse algumas horas nas montanhas da capital mineira, a simples vinda era motivo de festa no mundo azul, com recepção preparada no aeroporto, foguetes, buzinaços e tudo que os grandes salvadores da pátria merecem. Parecia até que Ronaldo voltaria a jogar futebol, como nos tempos em vestiu a própria camisa cinco estrelas.
Mas (tem sempre um mas, né?), o danado do vírus foi quem entrou em campo, escalado para evitar constrangimentos. Virou moda, sempre que alguém quer escapar de reuniões e encontros incômodos, alega que pegou o vírus, ou melhor ainda, está sob suspeita.
Claro que não deve ter sido o caso do ex-craque, não é? Apesar de ele nunca ter demonstrado qualquer gratidão ou feito um gesto de carinho em relação ao Cruzeiro e a Belo Horizonte, depois que se tornou estrela internacional, agora ele é o dono do clube que o revelou, certo?.
Fogos guardados para a estreia do time que estava sendo montado por Vanderlei Luxemburgo e Alexandre Matos, no Campeonato Mineiro, que este ano não teve os direitos comprados pela Globo e nenhuma rede de TV. E que time, hein!? Com Fábio, 41 anos, Jaílson, 40; alguns outros veteranos, mais uns desconhecidos e o que sobrou do time que escapou da Série C do Brasileiro nas últimas rodadas da B em 2021.
No dia seguinte à frustrada visita do dono, a primeira SAF do futebol brasileiro começou colocar em prática o “plano de negócios”, que toda empresa que se preze tem que ter. Cortar custos desnecessários e criar fontes de receita. O principal produto de comercialização da SAF é jogador de futebol, que para ter mercado precisa ser, preferencialmente, jovem. Zezé e Alvimar Perrella já diziam que era preciso vender três ou quatro jogadores por ano para manter a máquina funcionando. E funcionava. O Dr. Gilvan mudou a fórmula e passou a investir em veteranos. Ganhou títulos, mas não vendeu ninguém. As contas continuaram chegando e o dinheiro para pagar, não. Aí veio a gestão Wagner Pires e deu no que deu. Posto para fora com a turma dele, foi substituído por um Conselho Gestor que deixou como herança, seis pontos a menos, na tabela de classificação da primeira Série B disputada pelo clube em sua história, cumprindo punição da FIFA por calote. E chegou a ser dito na época que o dinheiro para pagar a tal dívida estava garantido.
Eleito, começou a “era SSR”, que se mostrou, desde os primeiros dias, despreparado para a missão. Ao invés de colar nos cruzeirenses de verdade, independentes, como o Pedro Lourenço, que punha e põe dinheiro para manter o Cruzeiro de pé, recorreu a esta aventura de clube/empresa, que diga-se, ele é um dos autores do texto aprovado no Congresso Nacional.
Pode até dar certo no Cruzeiro e nos clubes que optarem por isso, mas até lá, frustrações, revoltas e perrengues, como estes que a torcida cruzeirense está passando, vão ocorrer.
Se o time fizer uma boa campanha no Mineiro e conseguir o acesso à Série A este ano, toda essa revolta será esquecida e Ronaldo será glorificado no fim do ano. Caso ele fique de saco cheio e ver que vai ser difícil ganhar dinheiro com a SAF, vende para a outro e saudações. Estamos numa nova realidade, e como diz o Fernando Rocha, grande colunista do Diário do Aço, de Ipatinga, “fecha o pano”.
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