Parece um pesadelo, mas o conflito sangrento é real entre Rússia e Ucrânia. Tive a satisfação de conhecer a Ucrânia em 2012, durante a Eurocopa, realizada em conjunto com a Polônia, dois países fantásticos, em todos os aspectos. Uma das melhores coberturas que já fiz, uma das melhores viagens. Dirigi milhares de quilômetros, por excelentes estradas, numa imersão na história e também na geopolítica. Pelo que tenho visto na TV, identifiquei muitos lugares por onde passei e que agora são cenários de bombas explodindo e corpos despedaçados. As estradas que cortam Polônia e Ucrânia são como museus a céu aberto, em que tanques, aviões e outros equipamentos de guerra ficam expostos e podem ser até tocados por quem se anima a parar e observar. Restos da União Soviética e da Guerra Fria; hoje, bem utilizados como atrativos turísticos.
Dói ser testemunha da história, assistindo ao vivo e por meio de imagens do whatsapp, a carnificina de uma guerra, que imaginávamos que jamais ocorresse nos dias de hoje, nessas proporções.
Quando estive lá, o clima já não era tranquilo. A divisão política estava esquentando com inúmeros protestos pela prisão da ex-primeira ministra Julia Timoschenko e deposição do então presidente, Víktor Yanukóvytch. Aliás, assisti uma curta e ótima série na Netflix, que ajuda a entender o que se passa entre Ucrânia e Rússia atualmente. Vale a pena.
O jornalista Sérgio Utsch está lá. Correspondente do SBT no Reino Unido, mora em Londres há 11 anos e viaja sempre para cobrir grandes eventos, mesmo que seja uma guerra, como esta. Mineiro de Lagoa Santa/Conceição do Maato Dentro, já o vi relatando fatos pela TV, de dentro de um tanque de guerra, no combate ao Estado Islâmico, e balas comendo soltas. Mas ele tinha uma proteção, do exército norte-americano, mínima que fosse, que garantia alguma segurança pessoal. Mais recentemente passou uns apertos no Afeganistão, com o retorno do Taliban ao poder. Mas, agora é diferente. Ele corre risco permanente, sob as bombas que caem em grande número, na capital. Ele esteva na mesma Ucrânia, em 2014, cobrindo o movimento que derrubou Yanukóvytch. Inclusive entrevistou Bernard, ex-Atlético, que estava no Shaktar, em Donetsky, com registro aqui no blog, inclusive, no dia 14 de março de 20114: Encontro de mineiros no frio de Donetsk/Ucrânia: Bernard diz a Sergio Utsch que pode voltar
Que o Utsch retorne logo e bem, da belíssima capital ucraniana. Para sentir um pouco do drama em que vive em Kiev: ‘Rede de Wi-Fi do hotel cortada. “Por causa dos espiões russos”, me diz o segurança, o único funcionário que restou. Todos os outros abandonaram o hotel, que está entregue aos hóspedes. A maioria, jornalistas.’
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