Ilustração: www.ludopedio.org.br
No post anterior falei sobre a campanha de parte da mídia contra a marcação de pênaltis a favor do Atlético em 2021, que funcionou. Daí surgiu uma ótima sugestão de pauta do conterrâneo Ronaldo Rajão, de BH/Conceição do Mato Dentro, advogado, que morou e estudou muitos anos em Bilbao/Espanha.
Nos anos 1970/80/90, muitos clubes grandes e estrelas do futebol (entre jogadores, árbitros e dirigentes) europeu foram flagrados, julgados e condenados por participarem de esquemas de manipulação de resultados. Nos Estados Unidos, a máfia das apostas atacou principalmente o basquete, em que se apostava até nos placares e quantos pontos determinados jogadores fariam ou não na partida. Não é fácil investigar, apurar e levar o resultado das apurações à mídia e à justiça. Mas lá isso ocorreu e ocorre constantemente. Há dezenas de ótimos documentários na Netflix e Amazon Prime, falando do tema.
No Brasil a legislação se abriu às apostas. Será que somos um país de “santos” e aqui não há mutretas neste meio?
Veja o que nos escreveu o Ronaldo Rajão, que a propósito, é sobrinho de um dos promotores de justiça mais famosos e brilhantes do país, que é o Dr. Francisco Santiago:
“Chico, acho que vale um post sobre a expansão das apostas esportivas. Estou analisando os jogos de outra forma após escândalos recentes: o zagueiro que chutou diversas vezes a bola pra escanteio num jogo da segunda divisão do carioca e a goleada absurda na série D do brasileirão sofrida por um time lá do Norte que gerou a denúncia do próprio dirigente. Depois que as casas de apostas eletrônicas se expandiram e o apostador pode apostar em tudo (número de cartões, escanteios, chutes pra fora, etc) muita coisa estranha tem acontecido. Acho que isto vai acabar com o futebol que corre o risco de virar um telecatch. Um teatro, uma encenação. É muito dinheiro envolvido (principalmente “lavado” nestas apostas), que tem levado muitos jovens ao vício. O incentivo ao jogo é brutal e em uma emissora com grande apelo junto aos jovens, ao vivo durante a transmissão de jogo, se apresentam, inclusive, cotações, com incentivo à aposta, pra crianças e jovens ouvirem. Aliás, pra mim, há um nítido conflito de interesses quando uma banca de apostas patrocina um time ou um campeonato inteiro.”
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Vale demais a discussão. Obrigado ao Ronaldo pela sugestão de pauta e por prestigiar o blog.
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