Pouco antes das onze horas, desta quarta-feira, começaram chegar vídeos e fotos da selvageria entre marginais organizados que usam o futebol para suas loucuras. Violência extrema, tiros, pancadaria, sangue nos rostos e no asfalto. Parecia cenas de filmes de guerra de gangues, de máfias, enfim…
E tudo tratado como se fosse normal. Por mais que a imprensa fale e haja demonstrações de indignação geral do público, isso se repete quase que toda semana, em todos os estados do Brasil, envolvendo marginais que se dizem torcedores de qualquer clube. E a violência se torna cada vez maior a cada pancadaria dessas.
Os brigões nem se preocupam mais em usar capus ou esconder de alguma forma os seus rostos. Pelo contrário, até gravam vídeos, fotografam e postam nas redes sociais para se exibir e mostrar seus “troféus”. No caso de hoje, mostraram os documentos de um chefe da outra turma, depois de espancá-lo.
E nenhuma autoridade constituída age de verdade para acabar ou diminuir com isso. Um jogo de faz de conta que é a cara de grande parte da sociedade brasileira, hipócrita e conivente. Polícias, justiça, Ministério Público, políticos, dirigentes de clubes… extratos da população de um dos países mais violentos e perigosos do mundo.
Aí, as pessoas de bem, que não têm nada a ver com estes criminosos, passam a correr risco, são intimidadas e têm o seu sagrado direito de ir e vir cerceado, com aviso e tudo nas redes sociais, como neste “comunicado” aqui:
Recomendo a ótima abordagem sobre este contexto, do amigo de longa data, jornalista brilhante, Luiz Prósperi, mineiro de Guaxupé, radicado desde criança em São Paulo, ex-Folha da Tarde, Estadão e outros veículos:
* “Faz parte da Guerra, bater e apanhar também”, diz líder da Mancha Verde
Guerra das torcidas não tem hora nem dia para acabar. É permanente no futebol brasileiro. O confronto nesta manhã de quarta-feira (28/1) entre Máfia Azul (Cruzeiro) e Mancha Verde (Palmeiras), na rodovia BR-381 (Fernão Dias – liga os Estados de São Paulo e Minas Gerais), é tratado como mais uma batalha, segundo avaliação dos líderes das facções envolvidas na pancadaria.
A bestialidade é comum entre torcidas organizadas. Está na origem desde quando cresceram em meados da década de 1970. Por isso, a batalha de torcedores com porretes, facões e armas de fogo na estrada em Minas não foi a mais sangrenta, nem será a última.
Segundo a Polícia Rodoviária Federal, integrantes das duas torcidas entraram em conflito perto da cidade de Carmópolis de Minas, a 107 km de Belo Horizonte. Quatro torcedores foram baleados e pelo menos uma dezena sofreu ferimentos graves.
Em São Paulo, a Polícia Militar pediu reforço às forças de segurança do Estado para se dirigir a Campinas. Informações da PM, na tarde dessa quarta-feira (28/9), indicavam que a Mancha Verde vingaria seus feridos em Minas num cerco à Mafia Azul antes e depois do jogo Ponte Preta x Cruzeiro nesta noite no estádio Moisés Lucarelli, no centro de Campinas.
O confronto da manhã na estrada mineira se deu quando a Mancha Verde seguia em caravana de São Paulo a Belo Horizonte para acompanhar Atlético-MG x Palmeiras, jogo da Série A do Brasileirão, e a Máfia Azul vinha em sentido contrário, de BH a Campinas, para o jogo Ponte Preta x Cruzeiro, da Série B do Brasileirão.
Eram dois ônibus da Mancha Verde e seis da Máfia Azul.
No meio do caminho resolveram medir forças. Máfia Azul acusa a Mancha Verde de provocar uma emboscada, munida até de armas de fogo.
Na batalha na estrada, Máfia Azul canta vitória por ter escorraçado o presidente da Mancha e outros torcedores. Como troféu, a facção mineira exibiu pertences do chefe da facção paulista. E disse também que os “soldados” da Mancha foram honrados. Apanharam, mas defenderam as cores da torcida.
Veja a manifestação de integrantes da Máfia Azul nas redes sociais:
“Você (presidente da Mancha) vai voltar vivo porque nós temos ideologia”, diz um membro da Máfia Azul no vídeo que o palmeirense é exibido com a cabeça ensanguentada. “Porrada é massagem”, diz outro da facção. “Os caras deu tiro, baleou dois de nós. Cinco deles (estão) judiados, ensanguentados, principalmente o presidente deles. A Máfia Azul varreu a Mancha Verde, não foi qualquer torcida…”
Paulo Serdan, um dos líderes mais longevos da Mancha, também minimizou o confronto:
“Faz parte da guerra, não venha com essa paranóia de que… Faz parte da guerra bater e apanhar também. Hoje a Mancha levou uma invertida, nossa rapaziada foi heróica. Os caras (da Máfia Azul) foram dignos também de não matar os nossos que estavam caídos no chão…”
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