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Pelé fez o Brasil ser respeitado mundialmente

Durante a Copa no Catar saiu a notícia de que Pelé estava à morte, já que seu organismo não estava mais reagindo à quimioterapia.

Por coincidência, no dia, li esteve artigo sobre ele, de autoria de Ana Paula Lemos. Falou tudo. Vale a pena ler:

 

“Pelé até hoje faz com que portas sejam abertas aos brasileiros por todo mundo.

Pelé colocou o Brasil em evidência e destaque positivos, quando a única notícia era sobre sermos um país mergulhado numa ditadura militar, torturadora, corrupta e assassina.

Política? Ele fez muita.

Mas fez concretamente, não em discursos diletantes, falas vazias ou apenas distribuindo dinheiro para terceirizar causas.

E a política que Pelé fez, foi, fundamentalmente pelos negros.

Não, não foi por engajamento em movimentos civis organizados. Não foi por discursos sobre racismo. Não, não foi assim.

Estou me referindo a ser reconhecido e respeitado pela elite branca, do mundo todo.

Isso não tem nada a ver com futebol. É política.

O reconhecimento pelo que fazia, pelo talento que tem, pela contribuição que deu.

Tudo isso sempre foi, e ainda é, até hoje, negado aos negros.

Miles Davis, no auge da carreira, não podia entrar pela porta principal e nem se hospedar em hotéis que o contratavam para se apresentar como atração principal, com ingressos a preços exorbitantes.

Pelé rompeu com tabus racistas antes do Panteras Negras ser fundado.

Pelé deu a crianças negras e pobres o direito de sonhar com futuro antes de Martin Luther King.

Nada disso é futebol. É política. Homens comuns exigindo de Edson um comportamento e atitude que a imensa maioria das pessoas, especialmente os homens, não tem.

Pais ausentes, devedores de pensão, paqueradores de Messenger, punheteiros virtuais e outras coisitas más exigem dele fidelidade em seguir o Manual do Bom Moço, cartilha essa que nunca chegaram nem na metade da página 1 e que se fosse comum à média dos homens, nosso mundo seria outro.

E pq?

Racismo.

Para alguns, aquilo que representa o que Pelé ROMPEU com preconceitos, para outros tudo o que fez significa que ele OUSOU.

Um negro entrar na Casa Branca pela porta da frente, ser recebido pessoalmente e cumprimentado pelo presidente dos EUA?

Um negro convidado pela Rainha da Inglaterra para ser homenageado com pompas no Palácio?  Um negro ser convidado pelo Papa para uma visita e ser recebido no salão oficial dedicado aos chefes de estado?

Isso é demais pra burguesia branca. Ela não tolera. Ela não suporta. Ela não admite.

Então exigem desse negro abusado uma correção, coerência absoluta, perfeição e infalibilidade que ela própria não tem e nem chega perto. É a forma de fazer esse negro, “voltar ao lugar dele”. Nojento.

* Ana Paula Lemos


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