Durante a Copa América, na Argentina, o amigo Epaminondas Bittencourt, “BH”, atual Secretário de Comunicação de Nova Lima, esteve lá por alguns dias.
Atleticano saudosista, ele prestou uma homenagem ao Luizinho, um dos maiores zagueiros da história do nosso futebol, também Secretário em Nova Lima, de Esportes.
Uma bela crônica, onde ele conta uma visita do Beckembauer ao então zagueiro da seleção brasileira na Espanha, e questiona e responde o por que do Luizinho nunca ter jogado no Boca Juniors:
* “O poderoso Boca Juniors e o Mestre Luisinho”
Buenos Aires continua bela, atraente, inigualável nas suas particularidades. O argentino é o torcedor mais apaixonado do planeta.
Só um argentino pode achar que Maradona jogou mais do que Pelé, que Houseman, ex ponta do Huracan e campeão em 1978 com a seleção argentina era semelhante a Garrincha.
Entretanto caminhar na 9 de Julho a noite é um passeio sem similaridade.
Depois de 2 garrafas de um bom Malbec argentino, após assistir o sufoco argentino na Copa América em um café repleto de apaixonados, caminhando pela 9 de Julho a meia noite me veio uma grande pergunta: Porque o Boca Juniors, a maior equipe do mundo, nunca teve Luisinho? Talvez Marzolini, tenha sido o grande zagueiro do Boca, raçudo, amante da camisa xeneize, ídolo, como foi Daniel Passarella para o River. Um cavalo!
Luisinho era uma dama!
Quando ia ve-lo jogar sentia como se estivesse vendo uma dama vestida de negro, salto alto, uma bela pulseira de ouro, maquiada esperando para um jantar, acompanhado talvez com um bom Malbec argentino.
Como o Boca Juniors teria uma dama em sua zaga? A elegância do Mestre Luisinho não propiciaria essa parceria. Luisinho pedia a bola a qualquer atacante para não desmoraliza-lo de publico.
Me lembrei o dia em que um cronista conhecido em Minas me contou no Bar do Salomão, reduto alvinegro, quando na copa de 1982, Beckembauer, o Kaiser, com sua estirpe prussiana, chegou ao Hotel da Seleção Brasileira na Espanha e disse:
__ Gostaria de falar com o Luisinho.
__ O jogador está dormindo – disse a recepção.
__ Mas como? Diga que é o Kaiser!
__ Não senhor; não pode recebê-lo; está descansando.
O Mestre, contrariando o comandante Telê, recebeu Beckembauer, de forma simples e ouviu a pergunta:
__ De onde vem sua magia?
Nessa caminhada na 9 de Julho, no coração portenho, lembrei da elegância do Mestre Luisinho, na passada que se assemelhava a um tango bem dançado usando o manto alvinegro, parei na esquina com Corrientes, quando me veio a mente Roberto Drummond que afirmou, corretamente, que para Reinaldo um guardanapo era um latifundio.
Para o Luisinho, qualquer chuteira barata era um tailleur!
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