Acreditar em quem?
Árbitro diz que chefe da arbitragem da CBF é de esquema; Procurador do Tribunal diz que é mentira!
No país onde o Supremo Tribunal Federal quer tirar o poder de investigação e punição do Conselho Nacional de Justiça, como se Juízes, Desembargadores e Ministros fossem perfeitos!
No futebol então…
Os dois lados da notícia, na Folha de sábado, dia 7, e hoje:
* 07/01/2012
“Juiz acusa seu chefe na CBF de corrupção”
ARBITRAGEM
Excluído da Fifa, árbitro carioca ataca Sérgio Corrêa
O presidente da Comissão Nacional de Arbitragem da CBF, Sérgio Corrêa, foi acusado de corrupção pelo juiz Gutemberg de Paula Fonseca.
O árbitro carioca foi retirado do quadro da Fifa na terça -é Corrêa quem define os brasileiros que integram a federação mundial. Fonseca pertencia ao quadro da entidade desde o fim de 2010.
“Isso é uma perseguição. Não existe nada tecnicamente que me tire da Fifa, mas perdi o cargo por não aceitar a interferência do Sérgio”, afirmou Fonseca, 38, que decidiu se aposentar. Pelas normas da Fifa, um juiz pode trabalhar até aos 45 anos.
O juiz chamou o dirigente de “mariquinha, mentiroso e corrupto”, em entrevista ontem à rádio Jovem Pan.
“Ele escala um árbitro prometendo uma nova escala caso o profissional atue bem. Entendo isso como corrupção. Antes do jogo, o Sérgio já promete algo ao juiz. Não aprovo isso”, disse Fonseca, que trabalhou em só oito jogos na Série A em 2011.
Fonseca insinuou que Corrêa pediu favorecimento ao Corinthians num jogo do Brasileiro. “Em 2011, ele me colocou no jogo em que o Corinthians ganhou por 5 a 1 do Goiás. Antes, me ligou e disse: ‘É jogo do Timão, hein?’. O que eu posso entender com isso? Que, se o Corinthians não ganha, eu posso nunca mais ser escalado”, afirmou.
O árbitro disse que tecnicamente cumpriu as exigências da Fifa. Contou que ficou com a média de 8,38 nos jogos do Brasileiro, segundo avaliação dos observadores de arbitragem da CBF. Segundo Fonseca, a média exigida é de 8,10. No teste físico, o árbitro carioca conseguiu dar os 20 tiros exigidos pela Fifa.
“O Sérgio sequestrou a arbitragem nacional. Ele faz o que quer e não dá explicações sobre suas decisões. Por estar focado na Copa, o presidente da CBF não sabe o que está acontecendo lá”, acrescentou o árbitro carioca.
A CBF, por meio de sua assessoria de imprensa, não quis comentar o assunto e disse desconhecer o teor das denúncias. E acrescentou que Fonseca deve buscar o caminho legal em virtude da gravidade das acusações.
Procurado pela Folha, Corrêa não atendeu os telefonemas da reportagem.
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* 10/01/2012
“Denúncia é covarde, diz procurador”
ARBITRAGEM
Tribunal quer que ex-árbitro prove acusações contra chefe dos juízes na CBF
O procurador-chefe do STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva), Paulo Schmitt, classificou de “covarde” e “com pouca credibilidade” a denúncia do ex-árbitro Gutemberg de Paula Fonseca contra o presidente da Comissão de Arbitragem da CBF, Sérgio Corrêa.
“O que tira credibilidade é que ele só fez as acusações depois de perder o escudo de árbitro da Fifa”, afirmou Schmitt à Folha, por telefone. “E, de forma covarde, aposentou-se depois, o que torna inócua qualquer pena que receber na esfera desportiva.”
Fonseca, 38, ex-árbitro da federação do Rio, acusou Corrêa de corrupção e insinuou ter recebido ordens do dirigente para favorecer o Corinthians no Brasileiro de 2010.
“Ele inventou que, quando o árbitro é escalado, deve ligar para ele e receber recomendações”, disse Fonseca à rádio Jovem Pan, na noite de sexta-feira. O ex-juiz afirmou ainda ter “tudo fundamentado e documentado”.
Assim que soube das declarações de Fonseca, na mesma sexta, Corrêa enviou e-mail a Schmitt com um pedido para que o procurador investigasse o caso.
Schmitt então entrou em contato com o presidente do STJD, Rubens Aprobato Machado, pedindo que um inquérito fosse aberto.
“Vamos apurar o que ele falou, são denúncias graves, acusações de crimes. Se ele diz ter um dossiê de mil páginas contra o Sérgio Corrêa, vai ter que mostrar.”
O ex-árbitro não foi localizado pela reportagem ontem.
A próxima sessão do STJD será realizada no dia 19 de janeiro, porém não há certeza de que as denúncias de Fonseca serão julgadas.
“É uma sessão extraordinária, para julgar processos pendentes do ano passado, não sei se vamos conseguir tratar do caso”, disse Schmitt.
Fonseca foi sacado do quadro de árbitros da Fifa na semana passada, dias antes de disparar contra Corrêa, que é o responsável pelas indicações do país à federação.
O árbitro estava no quadro da entidade máxima havia um ano, quando havia substituído Péricles Bassols -que agora retomou o posto.
A última partida apitada por Fonseca foi a decisão da Copa Rio (competição sem os grandes times do Estado), disputada entre Friburguense e Madureira no dia 26 de novembro do ano passado.
CIVIL E CRIMINAL
Carlos Eugênio Lopes, advogado da CBF, afirmou que vai entrar com ações judiciais nas esferas civil e criminal contra Fonseca.
“O Sérgio [Corrêa] está em férias no interior de São Paulo. Assim que ele voltar das férias, no dia 12 [quinta-feira], vamos conversar sobre o assunto”, disse Lopes ontem.
“Vamos pedir reparação por dano moral, injúria e calúnia”, disse ainda o advogado da confederação. Corrêa não foi localizado ontem.
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