Roberto Cabañas (esquerda) levou o Paraguai à última conquista do país na Copa América em 1979, jogou no Boca Juniors e com Pelé e Beckembauer no New York Kosmos. Higuita foi um showman da bola.
* * *
Poucas vezes na história uma seleção brasileira foi tratada com tanta discrição pela imprensa e população de um país sede como nesta Copa América. Nada a ver com os 7 a 1 da Alemanha no Mineirão, mas porque à exceção de Neymar, Robinho e David Luiz, os demais são desconhecidos da maioria absoluta do público. Neymar já foi embora, Robinho não atrai tanta atenção e David Luiz é mais conhecido por causa da cabeleira e falhas desconcertantes que tem marcado a carreira dele, na seleção e Paris Saint Germain. A Argentina é a seleção mais assediada por aqui.
No dia de folga, jogadores brasileiros que foram passear no Shopping Costanera Center, um dos maiores do continente, passaram despercebidos, principalmente porque o alvoroço foi em torno do ex-goleiro René Higuita, da Colômbia, com a mesma vasta cabeleira que o marcou na Copa de 1990 na Itália e em lances que entraram para a história do futebol mundial, como as “escorpianas”, defesas malucas que ele fazia, se jogando para frente e tirando a bola com os calcanhares. A mais ousada e famosa delas passa constantemente nas TVs e telões do mundo, no estádio Wembley em 1995, em amistoso da Colômbia contra a Inglaterra.
Higuita era um showman que ia ao ataque, driblava e até hoje é o terceiro goleiro artilheiro do mundo, com 41 gols; atrás de Rogério Ceni (129) e do paraguaio Chilavert, 62. Também costumava errar feio, como nas oitavas de final da Copa da Itália, quando tentou driblar Roger Milla, perdeu a bola e tomou o gol que classificou Camarões.
“El Loco” Higuita é há quase três anos treinador de goleiros do Al-Nassr, da Arábia Saudita, cujo treinador é o ex-atacante da seleção paraguaia Roberto Cabañas, que fez fama defendendo o Boca Juniors e trocando porradas com os jogadores do River Plate. Jogou com Pelé e Beckembauer no New York Kosmos. Eles estão em Santiago participando de eventos da Adidas, que os tem sob contrato para ações de marketing mundo afora. Muito gentil com todos que o abordam, não se negam a uma conversa, fotos e autógrafos.
A carreira de Higuita foi marcada por polêmicas e dramas também fora de campo. Foi preso seis vezes na Colômbia por ser amigo de Pablo Escobar, o poderoso chefe do Cartel de Medellin, tendo visitado-o na cadeia, e depois acusado de participar do sequestro da filha de um ex-aliado do traficante, o que lhe custou a ausência na Copa de 1994. Quase morreu em virtude de uma toxoplasmose em 2009 e deu um soco na cara do comentarista colombiano César Lodoño, que insinuou que ele tivesse se vendido em um jogo.
» Comentar