A melhor definição sobre a dispensa de Ricardinho e Zé Luiz pelo Atlético foi dada pelo Casagrande, no programa Arena Sportv, de ontem.
Jogador marcado por polêmicas, exatamente por causa da liderança que exercia dentro e fora de campo, o ex-centroavante disse que nenhum treinador consegue trabalhar quando há um poder paralelo ao seu dentro do grupo. E que este tipo de poder é discreto, silencioso, perceptível só pelos jogadores, que se dividem entre eles, mas são unidos ao questionar o mando e a competência do chefe.
Um bom ambiente é tão importante quanto à qualidade de um elenco. Há muitos casos, onde a união do grupo vale mais até que um craque.
Em qualquer local de trabalho coletivo, seja no futebol, numa fábrica ou escritório, ninguém tolera enganação de um colega. Os famosos “chupa-sangue” estragam qualquer grupo.
Outro problema que estraga um ambiente, principalmente, no futebol, é onde há quem abusa na balada. O que não é o que caso dos jogadores dispensados pelo Atlético, mas que o Galo precisa ficar ligado, como qualquer outro clube.
Recorrer ao passado é sempre recomendável para se impedir a repetição de erros: já tive o privilégio de ouvir Piazza e Nelinho contando em uma roda de amigos, histórias sensacionais sobre aquele fantástico Cruzeiro do qual eles formavam, nos anos 1960/1970. Para ficar numa só: Joãozinho estava subindo dos juniores e começava a se despontar como o maior ponta esquerda do país. Mas, gostava muito de uma noitada. Numa manhã, antes de começar o treino, os mais velhos do time, Piazza à frente, o chamaram na regulagem: “aqui o bicho de todos nós, do roupeiro ou treinador, depende do esforço de cada um; dentro de campo temos que correr uns pelos outros e você está comprometendo o nosso trabalho; vai ter de escolher: se enquadra ou cai fora”.
Enquadrou, com umas recaídas de vez em quando, mas ligado e sempre produtivo.
No dia 25 de março passado, aniversário do Atlético, o capitão do título brasileiro, Oldair Barchi, deu entrevista à Rádio Itatiaia e respondeu à pergunta que os atleticanos se fazem: porque o time não engrena. Na opinião dele, com a qual concordo totalmente, falta solidariedade em campo.
Oldair lembrou como era nos tempos dele: um corria pelo outro. Se alguém perdia a bola, quase se matava para recuperar ou para ajudar a parar o contra-ataque adversário. E ai daquele que não agisse assim.
Ontem o Álvaro Damião, da Itatiaia, participou do nosso programa na BH NEWS TV: repetiu tudo que havia dito na sexta-feira sobre os jogadores que só são profissionais para receber o salário do Atlético. Citou nominalmente Daniel Carvalho, com quem se encontrou causalmente em um pagode, com muita cerveja. No mesmo dia em que deveria estar em tratamento intensivo para se recuperar dessas contusões das quais ele nunca se recupera.
Contou também o caso do Diego Tardelli, ano passado, quando ninguém conseguia explicar o motivo da falta de rendimento do time, no início da derrocada do Vanderlei Luxemburgo. O atacante levou um tapa de um torcedor numa boate, que o levou a nocaute.
Ninguém contou ao Álvaro, pois ele estava na boate e presenciou o fato. Teve inclusive quer ir embora logo em seguida porque o ambiente ficou carregado também para ele, já que os torcedores começaram a questionar o porque do silêncio da imprensa em situações como essa.
Ora, ora, vida particular é vida particular, mas quando se trata de um jogador de futebol, que precisa estar perfeito fisicamente para render o que se espera dele, é diferente.
Se há abuso fora das quatro linhas e isso compromete os resultados do time, o problema deixa de ser particular e passa a ser de milhões de pessoas que estão sendo enganadas e sofrendo com derrotas e vexames.