Blog do Chico Maia

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Ironias e cutucões nos poderosos

O presidente Lula volta amanhã ao Brasil e não fica para assistir a final entre Holanda e Espanha. Hoje ele criou um novo verbo em seu discurso em Johanesburgo, ao dizer que nenhum estrangeiro terá problemas no Brasil por causa do idioma. Garantiu que se o povo brasileiro não sabe falar inglês, é o maior especialista em mímica no mundo e é só começar a “mimicar”, que qualquer estrangeiro compreende o que ele quer dizer. A plateia, composta por jornalistas do mundo inteiro e lobistas idem, gargalhou mais uma vez, dessa que foi a 12ª piada contada por ele em 20 minutos de discurso. 

Barack Obama tinha razão: Lula é “o cara”, para animar um auditório e não deixar ninguém alheio à conversa, solta e despreocupada com conjugações verbais ou esmero na pronúncia das palavras. Em determinado momento disse que os gramados brasileiros em 2014 têm de estar perfeitos e não soltando pedaços como na reinauguração de Wembley, onde ele viu “uns jogadô ingrês, dando chutão que arrancava uns broco de grama de todo tamanho”. 

Nessa toada, de gargalhada em gargalhada da plateia, Lula foi dando cutucões nos países mais poderosos do mundo, ironizando a riqueza deles e arrancando aplausos sinceros da maioria de um público que não gosta de aplaudir ninguém, principalmente a quem ocupa o poder, que são os jornalistas.

Cutucou também Ricardo Teixeira, ao dizer que a Copa das Confederações foi feita para o Brasil ganhar e enganar a todos nós no ano seguinte. E arrematou: “em 2014 nós vamo ganhar, né Teixeira? Me ajuda aí, senão a minha autoestima vai lá embaixo”. Isso, olhando nos olhos do presidente da CBF, que estava na primeira fileira de cadeiras, a menos de dois metros dele.


O maior de todos e o sucesso sul-africano

Por falar em presidente da república, tenho lembrado nos últimos dias, a todo instante do maior de todos, Juscelino Kubistcheck. No auge da perseguição dos ditadores que assumiram o poder em 1964, ele dizia que o pior dos sofrimentos era o exílio. Morrer de vontade de estar em casa e não poder pegar um avião e voltar. Estou há 40 dias aqui, ainda faltam seis para o retorno, e me sinto um exilado, doido para embarcar para a minha terra. 

Só não voltei ainda porque a lista de espera nos voos da South Africa ainda não sorriu para mim. Mas apesar dessa vontade de estar em Minas, é muito importante frisar que a África do Sul está dando show nessa Copa do Mundo, principalmente em receptividade. Êta povo bom, educado e prestativo. Todas as apreensões que eu tinha morreram logo nos primeiros dias aqui. A imagem do país sai fortalecida depois desse evento. 

A grande preocupação era em relação à segurança. Ano passado, durante a Copa das Confederações, n%C


Contagem regressiva, mas voltarei!

Só não voltei ainda porque a lista de espera nos voos da South Africa ainda não sorriu para mim. Mas apesar dessa vontade de estar em Minas, é muito importante frisar que a África do Sul está dando show nessa Copa do Mundo, principalmente em receptividade. Êta povo bom, educado e prestativo. Todas as apreensões que eu tinha morreram logo nos primeiros dias aqui. A imagem do país sai fortalecida depois desse evento. 

A grande preocupação era em relação à segurança. Ano passado, durante a Copa das Confederações, não se via policiamento nas ruas e as recomendações deles mesmos a todo estrangeiro assustavam a qualquer um. Havia um medo generalizado que houvesse recorde em registros de crimes com violência. Eles tomaram as devidas providências, ainda que temporárias, e obtiveram sucesso até agora. Os casos de furtos em hotéis foram poucos e todos desvendados.

 Sempre penso nos lugares que pretendo voltar no futuro, e a África do Sul já está na lista. Além dos incontáveis atrativos turísticos, a estrutura deles para receber estrangeiros é das melhores. Nós, perto deles, estamos engatinhando, em todos os aspectos, em todas as regiões do Brasil.

Além do mais os preços de tudo são inacreditavelmente acessíveis. Até o valor cobrado nos estacionamentos nas regiões mais caras, são simbólicos em comparação com BH, por exemplo.


Criatividade

Foto: Eugênio Sávio

BARRACOALFAIATE

Em sua fala o presidente Lula falou da diversidade da sociedade brasileira, com pobres, ricos, remediados e as grandes diferenças sociais. A África do Sul apresenta diferenças maiores, onde quem tem dinheiro, tem demais, ostensivo, e quem não tem, idem, pelo lado ruim desse tipo de capitalismo.

Knysna, cidade turística, onde ficaram as seleções da França e Dinamarca, é um dos exemplos disso, onde luxo e miséria são vizinhos.

Mas assim como os brasileiros, os sul-africanos também sabem se virar para ganhar a vida com dignidade. Nessa mesma Knysna, podemos ver mansões, nas regiões nobres, e bem perto, favelas e containers que são usados como residências, salões de beleza e até alfaiataria, onde clientes entram e saem como se estivessem localizados numa rua especializada em alta costura e moda.

E com baixíssimos índices de criminalidade.


Capitão na cadeira de rodas

A única coisa desagradável foi ver o eterno capitão Carlos Alberto Torres, mancando e com muita dificuldade para andar. Está penando com uma hérnia de disco. Como diz o filósofo diamantinense Valdívio Marcos de Almeida: “o tempo é uma praga e arregaça com o sujeito”. Sem dúvida! 

Carlos Alberto e outros craques do passado foram contratados pela Editora Abril para comentar jogos da Copa na “Casa Placar”, montada na Cidade do Cabo, para receber clientes e outros bacanas. O capitão do tri teve de usar uma cadeira de rodas para se locomover, e pedia a todos os jornalistas que não o fotografassem naquela situação. Claro que foi atendido.


Festa boa e rápida

A apresentadora principal foi a atriz global Fernanda Lima, que depois do evento posou para fotos ao lado de um monte de gente que queria chegar perto dela. Alguns shows musicais rápidos, com destaque para a Vanessa da Mata, que eu tive o prazer de conhecer no Projeto Matriz, de Conceição do Mato Dentro, em 2008.

 Depois de um filme resumindo o que há de melhor no Brasil a solenidade transcorreu rápida e muito bem organizada, deixando uma boa impressão na imprensa internacional. De Minas Gerais apareceram bem demais as imagens da Igreja da Pampulha e a Igreja de São Francisco de Assis, de Ouro Preto.


Confinamento valeu a pena

Mas, valeu a pena. Às 17h30 um assessor da Fifa chegou ao nosso confinamento e anunciou que iríamos para o auditório principal onde seria realizado o evento. No horário marcado a solenidade começou e às 18h35, com transmissão ao vivo pela TV. Atores globais fizeram a abertura, artistas brasileiros cantaram e dançaram, CBF e Fifa deram o seus recados e o presidente Lula encerrou os discursos. Tudo rápido e sem falhas.


Uma boa impressão inicial

Com o fim dos treinos e jogos todos os dias e a proximidade do fim de uma Copa do Mundo, a imprensa que sobra no país anfitrião sai em busca de assuntos para cobrir. Na África do Sul, chegou o tempo de ouvirmos abobrinhas e boas entrevistas coletivas de cartolas e políticos, do próprio país e do mundo.

Hoje foi dose tripla: às 11 horas, no Soccer City, Ricardo Teixeira e Romário, falando sobre o Brasil em 2014. Com a descortesia habitual o presidente da CBF disse que só falaria sobre 2014 e nada sobre a seleção. Romário, de terno e tudo, respondeu bem a duas perguntas: que vai se acostumar com a nova vestimenta e que ainda não sabe bem qual será a sua função no Comitê Organizador da Copa.

Pouco mais tarde, no Centro de Convenções de Johanesburgo era o momento de ouvir o presidente da Fifa, Joseph Blatter, fazendo um balanço altamente positivo de tudo que está acontecendo aqui, e que apoia a candidatura da África do Sul às Olimpíadas de 2010. Disse também que as 12 cidades-sedes do Brasil serão subdivididas regionalmente para que as seleções não façam deslocamentos muito longos.

Mais tarde o ritual imposto aos jornalistas foi até engraçado. A Fifa pediu que chegássemos às 14h30 para a entrega das credenciais da solenidade das 18h30, quando seria lançada oficialmente a Copa de 2014. Com a presença de um Chefe de Estado, o rigor é maior, e senti a sensação que um boi deve sentir num confinamento: dentro de uma sala do Centro de Convenções, junto com mais uns 100, comendo e bebendo, do bom e do melhor franqueado pela Fifa. Mas a espera por Lula e cia. parecia não ter fim!


Chocado com as comparações e com a realidade

Enquanto aguardo o voo para Johanesburgo, escrevo esta nota, chocado de forma positiva e negativa.

A positiva: o aeroporto é excelente, a cidade fantástica, e tudo funcionou da melhor forma, nos oito jogos da Copa aqui. A Cidade do Cabo tem população semelhante à de Belo Horizonte, porém, tráfego infinitamente melhor que o nosso. O aeroporto de Confins cabe dentro desse aqui e os serviços dos sul-africanos dão de 10 x 0 nos nossos, em agilidade e gentileza.

A negativa: muito triste abrir vários sites e ver a cara do goleiro Bruno dentro de um camburão da polícia e as notícias da morte da ex-amante!

Cada vez mais a frase de Terêncio se confirma: “Nada do que é humano não me é estranho!”.

Vida que segue!


Melhor para o futebol

Nada melhor para o equilíbrio de forças do futebol mundial que esta final inédita entre Holanda e Espanha. Nenhuma nunca foi campeã, apesar da tradição de ambas de bom futebol praticado e paixão de holandeses e espanhóis pelo assunto.DUKEPATRIOTA

E o Duke mostra hoje no Super Notícia, o estado de espírito do brasileiro de modo geral.