Meus amigos,
o assunto é delicado e peço a atenção especial de todos para que não interpretem mal o que vou dizer, pois envolve emoção, amizades e principalmente colegas de profissão, quando falamos de rádio e radialistas.
Desde o dia 18 de junho, quando eu estava cobrindo a Copa das Confederações, na África do Sul, escrevo diariamente neste blog. Graças aos senhores, a audiência é crescente e isso me enche de entusiasmo todos os dias.
Dou espaço a todos que me dão o prazer de enviar uma mensagem, com todo de opinião sobre assuntos de A a Z, com manifestações favoráveis e contra tudo, numa experiência democrática que nunca havia vivido antes. Coisa que só a internet permite, pelo menos até que algum político imbecil tente calar este meio de comunicação que veio para acabar com a ditadura da via de mão única que existia nos meios de comunicação.
Este falatório todo, para manifestar a minha opinião sobre as saídas de companheiros muito queridos, da Rádio Itatiaia, como o Willy Gonser e Hamilton de Castro.
Tive o privilégio de conviver e aprender muito, principalmente com o Willy, apesar de nunca termos trabalhado juntos no mesmo prefixo. Sempre estávamos próximos, nas viagens por Minas, Brasil e Mundo, cobrindo futebol, em especial o Atlético. Ele e o Roberto Abras pela Itatiaia, eu e o saudosíssimo Vilibaldo Alves, pela Rádio Capital, a única que, nos últimos quase 30 anos, chegou a ameaçar, em determinado período, a liderança absoluta da emissora fundada pelo também saudoso Januário Carneiro.
O Willy é uma figura humana fantástica, profissional exemplar e sou partidário de todos os elogios feitos a ele neste blog, aliás, o assunto recordista absoluto de comentários dos leitores nestes cinco meses de nossa convivência aqui.
Ocorre que ninguém segura o tempo, a vida passa e todos nós somos consumidos pelos “janeiros, fevereiros, marços…”. Basta pegar uma fotografia nossa de alguns anos atrás e constatar isso, ou, quem já está na faixa dos 30, lembrar das extravagâncias que fazia antes e agora, com as diferentes conseqüências na hora ou no dia seguinte.
Para que eu começasse como repórter, alguém parou, lá na minha Sete Lagoas. Quando o saudoso Gil Costa contratou-me para o mercado de Belo Horizonte, alguém foi preterido, porque assim é a vida.
Em determinado momento, constatei que o dia a dia de repórter não dava mais para mim. Era um saco ir para o mesmo clube todo dia, ficar aguardando a boa vontade de jogadores de futebol, treinadores e dirigentes para que me dessem uma entrevista. Nos dias de jogos, vestiário antes e depois das partidas, gramado durante, Mineirão, viagens, e os mesmos assuntos, onde só mudavam os personagens.
E olhem que não havia essa mordaça, chatice e imposições na maioria dos casos absurdas das assessorias de imprensa dos clubes, a mando ou não dos treinadores e cartolas de plantão. Como diz o mestre Rogério Perez, “um espanto!”
Nunca deixarei de ser repórter, porém, voltei-me também aos comentários, passei a escrever em jornais e me reposicionei na profissão, além de empreender meus próprios negócios.
Agora, já penso em novos ares. Quero escrever livros sobre as experiências de tantos anos na profissão, histórias de futebol e das pessoas que o envolvem, situações vividas nas coberturas, enfim, deixar registrada uma contribuição a novos profissionais que estão chegando e ao público que gosta do esporte em geral.
Além do mais, “atrás de morro vem morro”. Já não sou mais o “Força Jovem”, slogan com o qual o Vilibaldo me chamava na Rádio Capital. É preciso bom senso, abrir espaço para outros que buscam lugar no mercado e precisamos saber o momento certo de dar um passo adiante ou para o lado, sob pena de sermos atropelados pelos acontecimentos inevitáveis.
Ainda mais quando vivemos uma evolução tecnológica avassaladora, proporcionando novos comportamentos do público que obrigam as empresas, do setor ou não, a se adaptar à nova realidade.
Cada um sabe de si, mas todo profissional está sujeito aos interesses maiores da empresa para a qual trabalha, que por sua vez está sujeita ao mercado.
No lugar do Willy, eu teria aceitado, na hora, o reposicionamento oferecido pela Itatiaia. Continuaria numa das três maiores redes de rádio do país, gozando dos privilégios que a audiência dela proporciona, e da gratidão que a rádio tem por ele, conforme me relatou pessoalmente o próprio Emanuel Carneiro, na conversa que tive com ele, logo depois da opção do Willy de sair.
Desculpem-me o texto longo, mas para tratar de assunto tão importante não tinha outro jeito.