Em foto no Instagram, Léo Moura ao lado de João Romaneto, Ministro da Cidadania
A recusa da Austrália em permitir a entrada no país, do tenista Novak Djokovic, por causa da recusa dele em se vacinar, rendeu e continua rendendo um ótimo debate na postagem que fiz aqui no domingo. Em alto nível, diga-se, e sugiro para quem gosta do tema e ainda não leu: (https://blog.chicomaia.com.br/2022/01/16/expulso-da-australia-novak-djokovic-melhor-tenista-e-tambem-o-maior-cabeca-cozida-do-mundo/)
Este aqui é um outro assunto que deve render uma boa troca de opiniões. Reportagem do Estadão/SP, dia 9 de janeiro, mostrou que a tão combatida farra de Organizações Não Governamentais (em sintonia ou não com a Lei Rouanet), que imperou durante muito tempo a favor de artistas famosos ou amigos do poder federal, não acabou.
O objetivo original da Lei de Incentivo é nobre e necessário, mas os critérios de distribuição da verba é que são complicados, quase sempre vinculados a interesses políticos. O problema maior não é a aprovação dos projetos. É a captação. Quando o artista ou instituição autora da proposta é desconhecido ou não tem padrinho político forte, raramente é contemplado. Também não dá para entender o fato de algum espetáculo receber milhões de “incentivo” por meio de renúncia fiscal e o artista ou evento cobrar ingressos, na maioria das vezes, caríssimos.
Vários veículos repercutiram a notícia da ONG do Léo Moura. Aqui, no portal Terra:
* “ONG de Léo Moura, ex-Flamengo, recebe verba descomunal e lidera ‘ajuda’ de Bolsonaro ao esporte”
Lateral ídolo do Flamengo é responsável pelo Instituto Léo Moura, que vem sendo ajudado por políticos ‘aliados do Governo Federal’, revela portal: ‘Sinto-me um cara abençoado’
Agora empresário, o ídolo do Flamengo e ex-jogador do Grêmio Léo Moura teve seu nome envolvido em um recorde, neste domingo. De acordo com o portal Estadão, a ONG do lateral-direito foi a instituição que mais recebeu verba pública em 2021 da Secretaria Especial do Esporte do Governo Federal como uma entidade que promove treinamento de futebol para crianças e adolescentes. Mais de um terço da quantia total foi destinada ao projeto. Segundo o portal, a ajuda provém de uma proximidade do ex-atleta com políticos aliados do governo de Jair Bolsonaro (sem partido). Desde 2020, os “padrinhos” dos pagamentos à ONG que mais chama a atenção são o deputado bolsonarista Luiz Lima (PSL-RJ) e Davi Alcolumbre (DEM-AP), ex-presidente do Senado. Léo Moura é apoiador do atual presidente da República.
Ao todo, mais de R$ 41,6 milhões (36,5%) do chamado “orçamento secreto” foram destinados para apoiar o ex-defensor, campeão nacional com o Flamengo em 2009. O portal ainda aponta que o repasse faz parte de uma prática comum entre “aliados do Planalto”, onde bilhões de reais do dinheiro arrecadado pelo país são enviado para parlamentares, sem necessariamente um critério estipulado, e que visa um apoio político no Congresso Nacional.
Segundo especialistas, o dinheiro recebido pela ONG de Leonardo Moura é considerado além do comum. O Ministério da Cidadania, onde atualmente está a Secretaria Especial do Esporte, alega que são repasses obrigatórios e arbitrários de acordo com a decisão dos políticos.
O Instituto Léo Moura recebeu, apenas entre 2020 e 2021, mais do que as confederações de esportes olímpicos, como a Confederação de Desportos Aquáticos (R$ 9,1 milhões), Ginástica (R$ 8,4 milhões), Vôlei (R$ 8,4 milhões) e Boxe (R$ 7,1 milhões). Assim como, o valor nas mãos da ONG do ex-atleta é o dobro do montante recebido pela Confederação Brasileira do Desporto Escolar (CBD), que é a segunda colocada, com R$ 27,5 milhões.
FALA, JOGADOR! EX-LATERAL SE DIZ ‘ABENÇOADO POR DEUS’
Em entrevista ao Estadão, Léo, que faz o trabalho social desde 2012, reforça a credibilidade do instituto e conta que o deputado Luiz Lima (PSL-RJ) ficou “encantado com o projeto”.
– Sinto-me um cara abençoado por ter sido agraciado com essas verbas e estar podendo ajudar muitas crianças. (…) Sempre tive o sonho de fazer esses projetos sociais. Tirei do papel para poder começar esse trabalho no Rio e hoje, graças a Deus, a gente está podendo expandir em nível nacional.
Léo Moura, nos tempos em que era capitão do Flamengo