Foto: Mourão Panda/América
Que o ataque volte a fazer gols, que o time todo volte a jogar determinado e solidário esta noite, 21h30, contra o Avaí, no Independência. Precisa vencer bem, por placar que o mantenha na frente em número de gols que a Chapecoense, que jogará em casa, no mesmo horário, contra o Confiança. Em caso de empate em todos os primeiros critérios, o título vai para quem tiver menos cartões vermelhos, depois amarelos e até sorteio.
O técnico Lisca bateu um papo muito legal com o Guilherme Frossard, no Globoesporte.com. Entrevista longa, mas vale demais a pena ler ou assistir:
* “Muito Lisca, pouco Doido”
Técnico supera personagem e alcança novo patamar com o América-MG: “Chegou a hora de ganhar seis dígitos”
Era um sábado de lazer na casa da família De Lorenzi, na região da Pampulha, em Belo Horizonte. Como um bom gaúcho, Lisca assava uma carne na companhia da esposa Danielle, das filhas Giovanna e Antônia, da mãe Ana Maria, do irmão Jorge, do sobrinho Matheus e do auxiliar Márcio Hann. Recebeu o ge para um bate-papo, não sem antes oferecer o churrasco que comprou após indicação do goleiro Everson, do Atlético-MG, um dos vários amigos que fez no futebol.
Na televisão, duelo de dois times de meio de tabela no Campeonato Inglês, sucedido por um jogo de mesmo nível do Espanhol. Quando questionado sobre quanto acompanha futebol, Lisca diz que assiste oito jogos por semana. Minutos depois, informalmente, Dani denuncia: o marido fez conta errada, e, às vezes, são oito em um só dia.
Carne de primeira na churrasqueira, piscina grande para as crianças, campinho para bater bola, conforto para a família. A casa é de alto padrão, mas não foi esse o padrão de sempre. Apesar de vir de família “abastada”, como ele mesmo define, Lisca faz questão de destacar que nunca morou em um lugar assim.
Saiu de casa muito cedo, aos 17, e nunca teve dinheiro fácil dado pelos pais – Paulo Roberto, o pai, veterinário; Ana Maria, a mãe, cerimonialista. Teve que correr atrás. E, após trinta anos de futebol, entende que está pronto para alcançar um novo patamar. “Chegou a hora de ganhar seis dígitos”, brinca.
Na temporada em que chegou à semifinal da Copa do Brasil, o América-MG anunciou na última quarta-feira a renovação com o treinador até o fim de 2021. Se cumprir todo o contrato, Lisca alcançará o trabalho mais longevo de sua carreira. Antes de pensar no futuro, porém, o técnico pode “encerrar 2020” nesta sexta com o título mais importante da vida dele no futebol, a Série B pelo Coelho.
No passado, centroavante
Luiz Carlos Cirne Lima de Lorenzi tem o esporte no DNA. Lisca é bisneto de Carlos de Lorenzi e neto de Jorge de Lorenzi – ambos foram goleiros do Internacional. Na infância e adolescência, era esportista convicto. Jogou vôlei, basquete, nadou, foi surfista e, claro, jogou futebol. Chegou até os juniores do Colorado.
– Eu era um jogador bem cerebral. Aquele centroavante que saía para articular, organizar, eu já tinha essa compreensão tática do jogo. Acho que se tivesse investido um pouco mais eu teria condição de ter feito uma boa carreira.
Não investiu tanto. Aos 17, ao terminar o segundo grau, optou pela faculdade de educação física. E teve o privilégio que pouquíssimos estudantes têm: conseguiu um estágio, já no futebol, antes mesmo de pisar na sala de aula pela primeira vez.
– Meu ex-treinador de natação dava aula nas escolinhas do Inter. E ele ficou sabendo, através do meu pai (que eu faria Educação Física). Ele me ligou e perguntou: “Você não quer fazer um estágio aqui?”. Isso antes de eu começar a faculdade. Eu tinha 17 anos.
Depois do estágio, foi contratado pelo Inter em 1989, quando já cursava Educação Física. Foi monitor das escolinhas de futebol do clube, começando a trabalhar com garotos de 11 anos. (mais…)