Coluna do Marcos Caldeira d’OTREM iTABIRANO:
* “(Copa com poluição sonora)”
VIZINHO ATRAPALHOU MEU INGLATERRA X BÉLGICA
COM MÚSICAS DO JOTA QUEST, E NA MAIOR ALTURA
(Bolada na cara do belga e a maior escavadeira do mundo)
BOLADA NA CARA DO BELGA E A INAUGURAÇÃO DA ESCAVADEIRA
Após o gol contra a Inglaterra, o belga Michy Batshuayi pegou a bola e comemorou com estupendo chutão para o fundo da rede. Era para ser uma catarse, desengasgo de quem vestia a camisa de um país que não vencia o adversário havia 82 anos. Só que a bola se recusou a obedecê-lo, chocou-se violentamente contra a trave e explodiu em seu rosto – Buster Keaton estava ali. A cena me lembrou um casinho. Era 1992 e a Companhia Vale do Rio Doce, passando por seus últimos anos como estatal, reuniu jornalistas e autoridades para inaugurar em Itabira a maior escavadeira do mundo, com a presença do então superintendente das Minas, Ricardo Dequech, o todo-poderoso local da empresa, sujeito com pinta de presidente de uma Nicarágua dessas. Para concluir a inauguração com impacto, o cerimonial inventou ótimo embondo: garrafa de champanhe, atada ao monstro de ferro por fita, deveria ser estilhaçada contra o corpo do bicho, impulsionada com toda força por Ricardo Dequech. Tudo indo muito bem, “agora passemos à champanhe”, anunciou com frescura o apresentador daquela patetice. Ricardo Dequech ajeitou a garrafa na mão direita, envergou-se para pegar impulso e a arremessou, violentamente. Os puxa-sacos – jornalistas inclusos – se preparam para aplaudi-lo após a explosão e a chuva de fragmentos, mas, em vez de palmas, veio um silêncio gelado. A garrafa resistiu ao choque e, teimosa como bumerangue, retornou ao ponto de partida. Plaffffftttttt, estatelou-se no queixo de Ricardo Dequech, prontamente acudido – um jornalista até o abanou com bloquinho de anotações, soltando palavras de pesar. Quando o caso desceu aos peões da mineradora, a garrafa ganhou apelido: Éder Jofre.
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Colômbia, classificada, 1; Senegal, fora, 0. Sempre torço para a torcida das seleções africanas, mas não podia trair a América do Sul. Mina fez o gol do jogo e ouviu dos companheiros: “Seu cabelo é da hora”. Quando estava 0 a 0, o árbitro marcou equivocadamente um pênalti para o Senegal, conferiu na TV e passou borracha no erro. Grande jogada do VAR; só quem tem paixão pelo equívoco pode ser contra o árbitro de vídeo. Como a Polônia vencia o Japão, resultado que se manteve até o final, Senegal precisava empatar para se classificar. Tambores africanos e máscaras tribais sopraram fluidos da arquibancada para o campo, mas a percussão e o susto místico não foram suficientes – um tal Hiroshi Akira Masaharu foi visto fazendo cerimônia seicho-no-ie por lá, com uns papos de amarração. Se o arranjo oriental deu resultado não posso asseverar, mas certo é que os senegaleses não fizeram gol e deixaram a vaga aos asiáticos, com quem empataram em todos os critérios, à exceção do disciplinar – tomaram dois cartões amarelos a mais. Sim, o Senegal foi eliminado por ter visto perto de seu nariz, mais que o Japão, a cor dos girassóis.
DA PRÓXIMA VEZ, VIZINHO, TOQUE AGEPÊ
Vi Inglaterra x Bélgica incomodado com um vizinho que colocou som na maior altura, e para tocar CDs da banda mineira Jota Quest. (mais…)