Quando jogava e mandava no São Paulo, nos vestiários e nos gabinetes dos dirigentes, Rogério Ceni não imaginava o quanto era difícil a profissão dos treinadores. Tanto que não pensou muito para derrubar o então comandante Ney Franco do cargo. Agora sentiu e sucumbiu ao gosto do mesmo veneno.
Não tenho a menor dúvida de que o São Paulo crescerá de produção com a saída do Rogério Ceni, depois dessa quebrada de cara a experiência de testá-lo como treinador. Não que o substituto, Dorival Junior, seja uma sumidade, mas por dois motivos simples: o grupo de jogadores vai se empenhar nas partidas e Dorival é técnico feito e não um aprendiz.
Ceni manteve a arrogância dos tempos em que jogava. Continuou se achando o bom geral, o dono do time, e teve como resposta a antipatia do time. Sem falar que quis iniciar a nova atividade começando direto no time profissional, sem passar por categorias de base, sem se preparar devidamente. Como diria Renato Gaúcho, foi passar uns dias na Europa, enviou bastante fotos para o Brasil junto de treinadores famosos, contando a boa vontade de seus muitos amigos na imprensa paulista que puseram na cabeça cozida da diretoria do São Paulo de que ele já estava pronto para assumir o time principal. Houve até quem comparasse a situação dele com a do Zidane, se esquecendo que o ex-craque francês, depois que parou de jogar, ficou quase um ano como auxiliar de Carlo Ancelotti, e quase dois anos como técnico do Real Madri B, até chegar ao comando do principal.