Obrigado Rodrigo Emmanuel, que enviou e-mail discordando do que escrevi sobre os ingressos gratuitos para menores de 12 anos. Ele apresenta bons argumentos, com os quais concordo, mas desde que a forma de se distribuir estes ingressos seja diferente. Retornei a ele dizendo que no blog e nas colunas no Super Notícia e O Tempo, me faltou dizer que eu concordaria 100% com essa iniciativa, caso fosse realmente de graça, mas se trata de uma arapuca, que vai no bolso do pai ou responsável pela criança. Do jeito que está funcionando, os pais ou responsáveis são obrigados a comprar ingressos para os setores mais caros do estádio. Além de outras burocracias que levam o cidadão a desanimar. Medida que soa como eleitoreira, pra enganar gente de boa fé. O ideal seria da forma que o Rodrigo sugere neste texto a seguir: os clubes cuidariam da forma que mais lhes interessasse, sem burocracias e sem enfiar a mão no bolso do responsável pela criança, em qualquer setor do estádio.
Gostaria inclusive da opinião de quem conseguiu um desses ingressos para que nos relatasse como foi a experiência.
Vamos ao texto do Rodrigo Emmanuel :
* “Chico, bom dia.
Primeiro gostaria de dar os parabéns por trazer esse tópico (“Graça com chapéu alheio: ingresso gratuito para menores de 12 anos condenado por todos que comentaram sobre o assunto no blog.“) à discursão e acho muito relevante e importante essa questão, visualizando o que ocorrerá num futuro com relação ao público nos estádios dos clubes de futebol. Embora não concorde com a sua opinião, se é que eu entendi de forma correta sua opinião, eu a respeito.
Eu sou um cruzeirense que frequento o campo, no meu caso o Mineirão praticamente em todos os jogos do Cruzeiro. Em 2013 só não fui em dois jogos durante todo o ano. Em 2014 faltei a 4 jogos no ano todo. Em 2015 faltei a 4 jogos também e em 2016…por causa da crise e de outros fatores que não vem ao caso, faltei bastante, fui a cerca de 20 jogos até agora, mas minha vontade era de ter ido a todos os jogos. Sou sócio torcedor e consumidor do clube.
Agora explicarei pra você porque sou assim. Sou filho de Atleticano, quando muito novo, com cerca de 9 anos, sempre frequentava e ia ao Mineirão com um tio meu ver o Cruzeiro….mas só ia ao estádio porque naquela época a criança não pagava. Meu tio e muito menos eu… tinha condições de pagar o meu ingresso. Meu pai não me dava dinheiro para ir ver o Cruzeiro. Ele gostaria que eu fosse Atleticano…mas pra infelicidade dele eu nasci Cruzeirense. Então voltando ao assunto, eu só pude frequentar o estádio porque o ingresso para criança era gratuito. Sempre ia ao estádio; eu, meu Tio e o filho dele quase da minha idade. Eu sempre acompanhava meu tio nos jogos e meu Tio era um torcedor bem assíduo. Resumindo: hoje me tornei um fiel consumidor do clube… no que diz respeito a tudo… jogos, camisas, bandeiras, etc, porque um dia foi possível reforçar no meu coração um amor que já tinha nascido com ele. Pude me tornar um “torcedor sadio”, kkkk. Isso só ocorreu porque eu tive a possibilidade de frequentar o estádio quando jovem. Por esse motivo não concordo quando você diz que “graça com chapéu alheio…” porque se o clube realmente pensasse grande, ele faria todos os jogos onde o clube sabe que o estádio não ficará lotado, a liberação para os pais levarem seus filhos “de graça” ao estádio. Por lei tem que haver o controle desse ingresso, mas isso é o mais fácil de se fazer. Na própria internet poderia ser criada essa possibilidade quando o pai fizer a compra do ingresso dele, ele já adquire o ingresso do filho. O Almoço não é de graça. O clube se fizer isso estará alimentando uma paixão que no futuro com certeza trará para ele tudo e muito mais de volta, digo isso por experiência própria. Questão de hábito! Se o clube faz com que as crianças e jovens criem o hábito de ir aos estádios… torcer por ele… quando esses forem homens, permanecerão indo ao estádio pelo simples fato daquilo ter se tornado um hábito… uma coisa que faz bem a ele, e que o torcedor sente falta quando não faz. Tenho vários amigos Cruzeirenses que hoje não vão ao estádio, praticamente só assistem os jogos pela televisão, e não é por questão de violência, ou outros fatores. O motivos deles não irem ao estádio é porque eles não criaram esse hábito quando jovem. Quando crianças, esses amigos meu não iam ao campo… e hoje são cruzeirenses de sofá… e não consomem nem 1/3 do que eu consumo hoje de Cruzeiro. Acho muita coincidência eles não irem ao estádio hoje. O que você acha? O meu primo que frequentava o estádio como nós (filho do meu Tio), hoje é igual a eu…estamos sempre presentes no estádio. No meu ponto de vista , essa questão de criança ir ao estádio “de graça” é a mina de ouro para os clubes, porém os mesmos não viram isso ainda, ou não querem acreditar nisso. O hábito é a resposta. Se hoje fazemos certas coisas em nossas vidas que às vezes a gente nem sabem muito ao certo porque, e ainda, isso ou aquilo, quando não é feito nos sentimos incompletos, é porque um dia criamos um hábito de se realizar algo. Acredito que se os clubes não ficarem atentos a esse fator, em breve veremos cada vez menos pessoas nos estádios, porque hoje é muito caro ir ao estádio…e muito mais caro ainda… ir ao estádio e levar seu filho. E principalmente, o clube criará uma legião de torcedores de sofá… e esse com certeza consome muito menos produtos relacionados ao clube do que aqueles que frequentam o estádio. Eu não sou torcedor de nenhuma torcida organizada, sou torcedor do Cruzeiro… e é isso que me completa. E para finalizar, esse fato é um ciclo que pode ser virtuoso ou danoso aos clubes, porque uma vez que se perder esses torcedores para o sofá… é difícil traze-los de volta ao estádio e torna-lo consumidor do clube, alem de se interromper o ciclo virtuoso porque… o filho do torcedor de sofá…tem grande chance de se tornar um torcedor que nem do sófá acompanha… um torcedor de modismo que acha que o goleiro do Cruzeiro é o Raul até hoje… e se diz cruzeirense kkk. Tenho uma filha e hoje não a levo no estádio por não ter condições econômicas para isso. Você acha que ela será que tipo de torcedora?
Esse é o meu ponto de vista. Se não for pedir muito, leve o aos clubes e a todos que podem abrir os olhos para tal fato. Os clubes tem que para de pensar somente no hoje, eles tem que pensar no amanhã.
Abraço.
Rodrigo Emmanuel