Com que prazer recebi ontem, das mãos do próprio autor e editor, o “Almanaque do Leão do Bonfim”, minucioso trabalho sobre 102 anos de história do Villa Nova, de 1908 a 2010. Trabalho do jornalista Wagner Augusto Álvares de Freitas, que beira à perfeição, feito com o carinho de só quem é mesmo apaixonado por uma causa. O Wagner é desse jeito: encara com muita seriedade tudo o que se propõe a fazer, adora futebol e principalmente o Villa. É uma obra impressionante, pela quantidade e qualidade dos detalhes, além do material do livro, em papel couché fosco 90g e inacreditáveis 678 páginas. Ou seja: produção caríssima, que o Wagner empreendeu por gostar do Leão do Bonfim, pois sabia e não tinha interesse em ganhar dinheiro com a obra. Porém, entrou para a história do clube, do futebol brasileiro e para a lista dos grandes pesquisadores e literatos mineiros. Alguém encarar uma empreitada dessas, envolvendo Atlético, Cruzeiro, Flamengo, Vasco, Corinthians, Inter, Grêmio ou qualquer outro grande clube brasileiro, é “feijão sem bicho”, fácil, com apoiadores mil e uma boa grana no fim da jornada, mas um clube como o Villa, é amor à causa mesmo! Um clube que tem uma história fantástica no futebol brasileiro, mas que não atrai patrocínios nem vendas gigantes como as dos clubes que têm as maiores torcidas do país.
Mesmo com os recursos infinitos da internet este Almanaque é facilitador maior para qualquer jornalista ou torcedor que queira saber algum detalhe sobre o Villa Nova, e por consequência do futebol mineiro. Um único exemplo, que usei como teste ao folheá-lo. Onde estaria o Democrata Jacaré nessa história, de tanta rivalidade e grandes jogos nos 100 anos de existência de ambos? Pois está lá, na página 574: 100 jogos, 33 vitórias do Villa, 30 do Democrata, 34 empates e há 3 partidas sem o resultado registrado, que pretendo pesquisar e estou torcendo para que sejam três vitórias do Jacaré, para empatarmos esta disputa, hehehe.
No último jogo entre eles eu estava lá na Arena do Jacaré, num amistoso à noite, quando vi o Bernard jogar pela primeira vez, na estreia do Democrata como parceiro do Atlético. Ele matou a pau, fez o primeiro gol do jogo, mas o Villa virou para 2 a 1.
Na mesma página, constam os jogos do Villa contra o Curvelo Esporte: 5 jogos, 2 vitórias do Villa, 2 empates e uma vitória dos curvelanos. Na mesma página, por ordem alfabética, os jogos contra o Flamengo, que foram 7: uma vitória do Leão, um empate e cinco vitórias cariocas. Mas na página seguinte, outros “Flamengos” dançaram contra o glorioso clube de Nova Lima: um de lá mesmo da cidade, o de Itaúna e o de Oliveira. Já contra o Flamengo de Varginha, o Villa foi freguês: perdeu cinco dos 16 confrontos entre eles; venceu quatro, empatou cinco e há dois resultados desconhecidos. Eu disse “foi”, porque infelizmente este adversário já não existe mais como profissional.
Em resumo, dos menores aos maiores clubes do Brasil, está tudo lá, registrado na rica história do Villa Nova e neste trabalho espetacular do Wagner Augusto, a quem parabenizo e agradeço em nome de quem gosta de futebol. Ele contou com a ajuda fundamental do Rodrigo Rodrigues e do Henrique Ribeiro a quem estendo os cumprimentos.
A editora é a Fapi, de Belo Horizonte, e para saber onde adquirir este Almanaque, só mesmo através do e-mail do próprio Wagner, que produziu de forma independente esta obra: wagneralvares@yahoo.com.br
Wagner Augusto (direita) e o empresário Roberto Tibúrcio