Anteontem ele disse que está vivendo um “inferno” nesta “organização” da Copa; ontem falou verdades que os nossos políticos, estaduais e federais não gostam de ouvir.
Confira no Globo e no Uol:
* “Valcke faz alerta para torcedores:
“Não pensem que é a Alemanha””
Dirigente da Fifa cita Lula ao afirmar que Brasil pediu Mundial com 12 estádios e diz
que estrangeiros terão problemas de locomoção: “O maior desafio será para eles”
Seja por conta de seu tamanho continental ou de sua capacidade organizacional, o Brasil oferecerá grandes desafios aos torcedores estrangeiros durante a Copa do Mundo. Foi o que disse o secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, em entrevista a um grupo de repórteres de agências internacionais publicada nesta sexta-feira pela “Reuters”.
O dirigente da Fifa comparou também o Brasil à Alemanha, que recebeu o Mundial há oito anos. Para Valcke, os torcedores não poderão viajar e dormir em seus carros ou em acampamentos, como fizeram no país europeu em 2006.
– Você não pode dormir na praia, primeiramente porque é inverno… Certifique-se de organizar sua acomodação. Você não pode simplesmente chegar com uma mochila e começar a andar. Não há trens, você não pode dirigir (de uma cidade-sede para outra). Não apareça pensando que é a Alemanha, que é fácil se locomover pelo país. Na Alemanha, você pode dormir no seu carro, você não pode fazer isso (no Brasil) – disse o dirigente, que no início da semana falou em inferno ao falar da organização brasileira.
Segundo as palavras do dirigente francês, o Brasil representa problemas logísticos para equipes, autoridades, imprensa, mas sobretudo para os torcedores.
– O maior desafio será para eles. Não será para a mídia, não será para as equipes, não será para as autoridades, será para os torcedores. Reconheço que é difícil falar sem criar diversos problemas… mas minha mensagem para os torcedores seria: apenas certifique-se de que você está organizado para ir ao Brasil – disse Valcke.
Valcke: Brasil pediu Mundial com 12 estádios
O secretário-geral da Fifa disse no início da semana que, pela Fifa, realizaria o Mundial com apenas 10 estádios. No entanto, a escolha por 12 sedes foi um desejo do ex-presidente Lula.
– É verdade que você multiplica o risco ao ter mais estádios. Mas você enfrenta uma situação quando tem um governo e um presidente, à época Lula, que está explicando para você que a… Copa do Mundo deve ser para todo o Brasil e não para algumas cidades. Ele disse que a última vez que o Brasil sediou a Copa do Mundo foi em 1950, que essa Copa do Mundo está em um país em desenvolvimento, que é importante unir todas as pessoas e trazer essa energia para o Brasil – completou Valcke.
Diante da situação de ter que planejar um Mundial com estádios espalhados de norte a sul em um país com as dimensões do Brasil, a Fifa pretendia dividir as 32 equipes em quatro grupos concentrados em determinadas áreas do país. No entanto, a ideia não saiu do papel por conta de um pedido da organização brasileira.
– Também foi um pedido do Brasil porque eles não queriam que o Brasil jogasse apenas em um canto do país, e que eles não poderiam fazer o Brasil viajar e deixar todas as outras equipes apenas em um lugar.
Por fim, Valcke voltou a alfinetar o planejamento brasileiro para a Copa, dizendo que houve tempo suficiente para resolver questões como essas.
– Nós sabíamos, mas isso foi em 2009 e você poderia esperar que em cinco anos pudessem haver mudanças. Cinco anos para um país garantir que, quando uma decisão é tomada a pedido desse mesmo país, a estrutura esteja montada para entregar o que você concordou.
http://globoesporte.globo.com/futebol/copa-do-mundo/noticia/2014/05/valcke-faz-alerta-para-torcedores-nao-pensem-que-e-alemanha.html
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“Valcke diz ter vivido ‘inferno’ na relação com o governo brasileiro”
Jérôme Valcke, secretário-geral da Fifa, afirmou nesta terça-feira que “viveu um inferno” em sua relação com o governo do Brasil durante o período pré-Copa do Mundo no país.
De acordo com o jornal O Estado de S. Paulo, Valcke desabafou sobre a situação durante evento em Lausanne, na Suíça, no qual foram debatidos os legados da copa e das Olimpíadas de 2016 para o Brasil.
Valcke também admitiu que a Copa começará com cidades em obras e que a Fifa teve que reduzir as expectativas para com o Brasil.
“Vivemos um inferno, sobretudo porque no Brasil há três níveis políticos, houve mudanças, eleição, e não discutíamos mais com as mesmas pessoas”, disse o dirigente, lembrando que, em 2011, Lula foi substituído por Dilma Rousseff na presidência da República.
Segundo o jornal, Valcke chegou a mudar o discurso quando abordado por jornalistas brasileiros. Ele usou termos mais amenos do que “inferno”.
“Não foram três anos de inferno. Foram três anos complicados, mas tanto para o Brasil quanto para nós”, disse. “As pessoas achavam que seria fácil organizar uma Copa, mas é um trabalho de verdade. É uma responsabilidade real”, completou.
http://copadomundo.uol.com.br/noticias/redacao/2014/05/06/valcke-diz-ter-vivido-inferno-na-relacao-com-o-governo-brasileiro.htm#fotoNav=13