O lamentável episódio de racismo manifestado contra o Tinga, no Peru, serviu pelo menos para que o mundo não baixe a guarda contra essa covardia.
Infelizmente racismo, preconceito e discriminação ocorrem diariamente no Brasil, em todos os estados, perto de todos nós, em nosso dia a dia, porém disfarçado, devido ao medo que os agressores têm dos rigores das leis e da coragem que as pessoas estão tendo de denunciar.
Felizmente a revolta, seguida pela solidariedade das pessoas de bem é crescente, aqui e no mundo.
Li no excelente “1889” do Laurentino Gomes, que a campanha contra a escravidão e o movimento pelas eleições diretas, nos anos 1880 e em 1984 foram os únicos movimentos realmente populares em nosso país, que movimentaram multidões representantes de todas as classes sociais, raça e credo religioso.
Graças a este mesmo livro fiquei convicto que na história da humanidade, possivelmente, só os judeus sofreram tanto quanto ou mais que os negros e índios, através do comércio negreiro e do trabalho escravo ao longo da história.
É importante que o mundo esteja sempre atento a agressões e manifestações racistas, discriminatórias de toda ordem. O futebol, por mexer com o sentimento de bilhões mundo afora, é ferramenta importante para denúncias e manifestações de repúdio a atos e palavras ofensivas neste sentido.
E não são poucos os que ainda insistem em negar a igualdade e pregar o segregacionismo.
Na contramão da humanidade do bem, gente poderosa usa as suas forças para tentar juntar mais adeptos em sua loucura retrógrada, no Brasil e no mundo.
Vejam, por exemplo, no portal do jornal Zero Hora, conterrâneos do próprio Tinga, deputados gaúchos, que mostraram publicamente o seu lado podre, e denunciados, tentaram recuar:
* “Em vídeo, deputado gaúcho diz que “quilombolas, índios, gays, lésbicas” são “tudo que não presta”
Em vídeo gravado durante uma audiência pública da Comissão de Agricultura da Câmara em Vicente Dutra, no norte do Rio Grande do Sul, Luis Carlos Heinze (PP) e Alceu Moreira (PMDB) orientaram os produtores rurais a se organizarem contra os índios para defender suas terras.
A gravação foi feita em novembro do ano passado, mas só agora ganhou repercussão, depois de ser postada no YouTube.
Heinze critica o governo federal, em especial o ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, e insulta quilombolas, índios e homossexuais.
— O mesmo governo… seu Gilberto Carvalho também é ministro da presidenta Dilma. É ali que estão aninhados quilombolas, índios, gays, lésbicas, tudo que não presta, ali está alinhado. E eles tem a direção, que tem o comando do governo — afirma Heinze.
Assista ao vídeo: