O presidente Geraldo Magela telefonou-me para explicar o contexto da saída do técnico Wallace Lemos do Minas Futebol Brasil.
Contou detalhes dos bastidores de um time de futebol, que ocorrem em clubes de qualquer tamanho e qualquer lugar do mundo.
Só que os desfechos costumam ser diferentes e raramente a imprensa e por consequência o público tomam conhecimento.
Também mostra uma nova realidade do futebol brasileiro, que só agora, com episódios como este, os profissionais do mercado do futebol vão se ajustando ao “Ltda” ou “S/A” que estão passando a fazer parte dos nomes dos clubes.
Geraldo Magela, presidente do Minas F. Brasil
Geraldo esclarece que o Minas é uma empresa privada, bancada por ele, que controla todos os gastos, e por não ter tantos recursos disponíveis, não pode se dar ao luxo de contratar, por exemplo, um diretor de futebol competente e de confiança, que o represente na comissão técnica.
Está treinando para essa função, o seu filho, Hugo, de 20 anos. Por enquanto, ele mesmo acumula as funções de presidente, diretor e chefe da comissão técnica, sem, entretanto, interferir nas escalações ou forma de o time jogar.
Faz questão é de trocar ideias sobre tudo com o treinador para saber os motivos do rendimento, bom ou ruim, de cada atleta e detalhes do dia a dia do time, que ele acompanha de perto, em treinos e jogos.
É o que fazem dirigentes profissionais, como Eduardo Maluf, Alexandre Matos, Alexandre Faria e tantos outros nos grandes clubes brasileiros e do mundo.
Todos os treinadores contratados por ele até hoje, sempre souberam disso, antes, e nunca houve problema, tanto que está retornando, para o lugar do Wallace, o Gérson Evaristo, que subiu o time da Terceira para a Segunda Divisão em 2012. E Evaristo só saiu porque recebeu uma proposta muito melhor do Vitória-ES.
Sobre o incidente com o Wallace, Geraldo disse que tudo não passou de cabeça quente do jovem treinador, que reagiu de forma explosiva a uma informação que tinha recebido no intervalo.
Conta Geraldo, que ouviu entrevista nas rádios de Sete Lagoas, do lateral e capitão Lú, na saída do gramado, que “o time estava cansado”, por causa do jogo anterior, na quarta-feira à noite, quando venceu o Social em Cel. Fabriciano.
Geraldo se lembrou que a delegação chegara na quinta às 5 da manhã em Sete Lagoas, e à tarde treinou, por determinação do Wallace.
Na sexta-feira, mais treino em dois períodos, com direito a um “rachão” de 50 minutos; que, de tão animado, até o próprio treinador participou.
No sábado, o jogo difícil contra o Betim, à tarde. O time fez 1 a 0 logo de cara, mas tomou sufoco durante todo o primeiro tempo.
Quando ouviu o capitão da equipe falando que o grupo estava cansado, entendeu que essa informação seria importante para o técnico, para que ele pudesse pensar e fazer o que bem entendesse.
Como ele não costuma ir ao vestiário nos intervalos, chamou o supervisor Paulinho e o orientou que dissesse ao Wallace, discretamente sobre a fala do Lú. E assim foi feito, em um canto do vestiário, numa conversa de pé de ouvido, porém, sem nenhuma ordem ou “sugestão”. Apenas uma informação.
O treinador entendeu de outra forma e explodiu, aos berros, diante de todos os jogadores, inclusive com palavrões e a famosa frase “fala pro Geraldo ir t…. n. c.´ e parar de me mandar recados, porque quem manda aqui sou eu!”.
Depois, deu uma esculhambada no Lú, por causa da alegação de cansaço na entrevista para justificar o sufoco que o time tinha tomado do Betim.
O supervisor voltou à cabine onde estava o presidente e repetiu tudo o que ouviu e viu.
Terminada a partida, Geraldo foi ao vestiário e perguntou ao Wallace se o Paulinho tinha falado algo diferente do que ele pediu que fosse falado, apenas da informação sobre o cansaço e que ele em momento algum tinha mandado que ele tirasse ou escalasse alguém.
O treinador confirmou que o supervisor levou apenas a informação. Diante disso o Geraldo disse a ele que, como presidente, ficara em situação delicada aos olhos do grupo, já que foi ofendido verbalmente pelo técnico, e que pensaria melhor sobre o assunto no fim de semana.
Wallace virou-se para ele e disse que era melhor que a questão fosse resolvida naquela hora mesmo.
Aí, o Geraldo o agradeceu e disse que ele estava fora a partir daquele momento.