O tempo passa depressa e a vida costuma pregar peças dramáticas a todos nós.
Em 2003 o volante chileno Claudio Maldonado entrou para a história do futebol brasileiro como um dos grandes jogadores do Cruzeiro, campeão brasileiro daquele ano, depois de uma campanha fantástica.
Veio para Belo Horizonte após boa passagem pelo São Paulo.
Em 2004 ele foi acusado de ser um dos líderes do boicote ao recém contratado técnico Emerson Leão, que queria impor ritmo mais pesado de treinamentos.
Em 2006 foi para o Santos, levado pelo sogro, Vanderlei Luxemburgo. Em 2008, o Luxa caiu e foi substituído por ninguém menos que Emerson Leão, fazendo com que Maldonado pegasse a mala e fosse parar no Fenerbahce, da Turquia, onde ficou até fins de 2009 e retornou ao Brasil para jogar no Flamengo.
No rubro-negro pouco conseguiu jogar, marcado por séria contusão que ameaçou e continua ameaçando a sua carreira.
Dia três de janeiro fará 33 anos de idade e tentará a volta por cima, no próprio Fla, onde o contrato termina em dezembro, ou em outro clube que se interessar por ele.
O Globo, de ontem, contou um pouco do drama vivido pelo chileno:
* “O fim do drama do volante Maldonado”
Após três anos de problemas no joelho, jogador do Flamengo retomará carreira
RIO — Não é raro que lesões no joelho deixem jogadores de futebol longo tempo fora dos campos ou até mesmo abreviem suas carreiras. O caso do volante Maldonado nos últimos três anos, porém, tem particularidades que tornam sua história mais dramática, e sua recuperação mais festejada — a ponto de que nesta terça-feira, dia em que ele voltou a treinar com os companheiros depois de mais de sete meses, o médico José Luiz Runco tenha pedido para conceder entrevista junto com o jogador e fazer a retrospectiva de tudo que o chileno passou.
Enfim clinicamente recuperado, o volante retomará a carreira em 2013, seja no Flamengo ou em outro clube. Seu contrato com o rubro-negro termina em dezembro e ele ainda não foi procurado para renová-lo.
Maldonado não hesita em responder qual foi o momento mais complicado, vivido por ele entre abril e julho deste ano, quando já estava há mais de dois anos sem conseguir ter uma sequência longa de jogos. Desde que rompera o ligamento cruzado anterior do joelho esquerdo, em novembro de 2009, ele já havia passado por duas cirurgias de reconstrução da estrutura, substituída por enxertos que nas duas vezes se romperam.
Como quando o segundo enxerto se rompeu Maldonado não estava jogando,e nem sofrera nenhum choque no joelho, Runco decidiu aprofundar a investigação. E se surpreendeu ao descobrir que o chileno tem uma rara predisposição que faz seu organismo absorver os enxertos.
— Ao contrário do que pensava, não houve rompimentos dos enxertos. Tentamos ver se ele jogaria sem o ligamento, não dava. Expliquei a ele a alternativa: reconstruir o ligamento com um enxerto de um banco de tecidos, ou seja, de alguém que morreu como doador de órgãos — disse Runco.
Depois de mais de dois anos tendo passado mais tempo no departamento médico do que em campo, Maldonado finalmente descobriu o que acontecia em seu joelho.
— Decidi arriscar. Toda cirurgia é um risco. Já estava há dois anos sem conseguir jogar direito. Mais do que o medo de ter de parar, de não saber o que fazer depois, o que me motivou foi não desistir, foi vencer isso e conseguir ser útil de novo. Hoje sinto que estou bem. Mesmo que não fique aqui no ano que vem, sou muito grato ao Flamengo por tudo que me ajudou — disse, emocionado, o chileno.
* http://oglobo.globo.com/esportes/o-fim-do-drama-do-volante-maldonado-6782970#ixzz2CwbQ2rt0