Até os grandes clubes do Rio de Janeiro estão assustados com o fracasso de público e arrecadação no Campeonato estadual deles, e vão mudar a fórmula de disputa.
Mas falam em mudanças que resultarão em fracasso idêntico ou até maior. Pensam que o problema é a quantidade de participantes, 16, e falam em passar para 12, igual em Minas Gerais.
Claro que vão quebrar a cara do mesmo jeito, porque o problema está na falência desse modelo, na preguiça do torcedor, que não é bobo, de ir assistir a peladas desinteressantes entre os quatro grandes de lá contra os pequenos, normalmente de propriedade de empresários que os utilizam apenas como vitrines de seus atletas, tratados como potros nos haras ou leitõezinhos nas granjas, para darem lucro dentro de alguns meses.
E este modelo dos estaduais é mantido porque interessa aos presidentes das federações, que por sua vez interessam politicamente ao dono da CBF, Ricardo Teixeira, que se perpetua no poder porque manipula os eleitores que são os caciques das federações.
Um ciclo vicioso perverso, que liquida com os clubes do interior, tornam os grandes clubes reféns das redes de televisão (no caso, a Globo), que os salvam de prejuízos maiores.
Mas quem poderia dar o grito e sair dessa, são exatamente os grandes clubes, que enquanto têm as gordas verbas da TV, cruzam os braços, mesmo tendo que jogar às 22 horas, em estádios de péssimas condições, mudanças repentinas de datas e horários na tabela e por aí vai.
Ou então, falam em mudanças tolas, que vão manter tudo como está, pelo que estão falando os dirigentes cariocas.
Deveriam se reunir com os co-irmãos mineiros, paulistas, gaúchos e paranaenses e exigirem mudanças de verdade, como a volta dos regionais, por exemplo: as Copas Sul/Minas, Centro/Oeste, Norte/Nordeste e a tradicional Rio/São Paulo.
O problema é que muitos estão debaixo do balaio do Ricardo Teixeira, que balança, mas não cai de jeito nenhum do seu trono na CBF.
E “Don Ricardo” é mais esperto do que se imagina; sabe manobrar para ficar no poder. Contratou os ex-jogadores Ronaldo e Bebeto, que foram grandes em campo, mas sem nenhuma consciência política ou social; para tirá-lo do foco no Comitê da Copa.
Depois escalou dirigentes dos dois clubes mais populares do país para defendê-lo publicamente; os ex-presidentes Márcio Braga, do Flamengo, e Andrés Sanches, Corinthians.
Na Câmara e Senado ele tem a sua poderosa e tradicional “bancada da bola”, e ninguém encosta um dedo em seu poder imperial.
Nem a Globo, que quase o derrubou antes da Copa em 2002, deu conta dele, e aderiu ao famoso bordão: “se não pode com o inimigo, alie-se a ele”.
Vejam a choradeira e equívocos dos maiores clubes do Rio, nesta reportagem do Uol:
* “Grandes do Rio elaboram projeto para alterar fórmula do Estadual, diz jornal”
Fracasso de público na Taça Guanabara faz clubes grandes pensarem em mudanças

O fracasso de público na Taça Guanabara – primeiro turno do Estadual do Rio – fez os quatro grandes clubes do estado se mexerem. Botafogo, Flamengo, Fluminense e Vasco elaboram um projeto para mudar a fórmula de disputa do torneio. O plano dos dirigentes é apresentar uma proposta à Federação para diminuir o número de times participantes, que atualmente são 16.
Segundo o jornal O Globo, o lucro na venda de ingressos rendeu apenas R$ 185 mil para o campeão Fluminense após nove jogos disputados. O presidente Peter Siemsen acredita que a Federação está receptiva à ideia de acabar com o excesso de times e tornar a competição mais atraente para os torcedores do Rio de Janeiro.
“Há um excesso de times que não têm o poder de contribuir economicamente para o campeonato. Por isso, o Carioca não é rentável. Os clubes grandes pagam para jogar e, no nosso entendimento, é preciso reduzir o número de clubes participantes. Conversamos, os quatro grandes, e vamos criar grupos de estudo para achar a solução e encaminhar à Federação”, prometeu o dirigente tricolor.
Siemsen reclama da estratégia dos times pequenos, que montam times de empresários somente para vender jogadores. Mesmo assim, têm a mesma exposição de patrocinadores e contribuem para a decadência técnica e econômica do Estadual do Rio. O presidente lembra que o Flu teve que pagar para jogar em quatro partidas da Taça Guanabara: contra Boavista, Duque de Caxias, Bangu e Vasco [primeira fase].
“Não há saída. É preciso diminuir a fase de grupos e valorizar as semifinais e finais. Sem as cotas de TV, estaríamos mortos”, completa o cartola. Apesar de valorizar a união dos times grandes do Rio no tema, Siemsen cutucou Maurício Assumpção, presidente do Botafogo, que administra o Engenhão.
“Não deveríamos pagar taxa para jogar no estádio se geramos receita para o concessionário levando torcida para o estádio, que come hambúrguer, paga estacionamento”, opinou o mandatário tricolor.
* http://esporte.uol.com.br/futebol/campeonatos/estadual-do-rio/ultimas-noticias/2012/02/28/grandes-do-rio-elaboram-projeto-para-alterar-formula-do-estadual-diz-jornal.htm