Blog do Chico Maia

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Os quatro mineiros na Copa São Paulo que começa dia 3

* Do portal Terra

Por 

Claudio Rezende:

Os clubes de Minas Gerais estão prontos para a disputa da Copa São Paulo de Futebol Junior, que começa em 3 de janeiro e costuma revelar grandes talentos do esporte brasileiro. Quatro equipes representarão o estado, dono de seis títulos da competição. Dos fortes Cruzeiro e Atlético-MG ao América-MG, atual campeão brasileiro Sub-20, veja como os mineiros chegam à Copa São Paulo 2012.

Cruzeiro
Em busca do bicampeonato da Copa São Paulo de Futebol Junior, o Cruzeiro preferiu levar atletas mais jovens para a disputa do torneio em 2012. A principal atração pode ficar fora: o atacante Léo Bonatini, 17 anos, poderá ser negociado com o Manchester City, da Inglaterra, envolvido na troca com o paraguaio Roque Santa Cruz. No entanto, Léo sofreu um acidente doméstico nas festas de Natal e se apresentou com o tornozelo inchado.

O mais experiente da equipe celeste é o volante Lucas, 18 anos, que já fez parte do grupo cruzeirense na última edição da Copinha. O Cruzeiro está no Grupo A, com sede na cidade de São José do Rio Preto, e enfrenta o ABC-RN e o Mirassol-SP além do América-SP. A estréia da equipe será dia 3, terça-feira, às 16h (de Brasília), diante do ABC-RN. O Cruzeiro conquistou a Copa São Paulo em 2007.

Atlético-MG:
Tetracampeão da Copa São Paulo, o Atlético-MG pretende apagar a má impressão deixada nas últimas edições do torneio. Recentemente, os juniores do time também decepcionaram quando foram eliminados na primeira fase do Campeonato Brasileiro sub-20. O destaque é o volante Paulinho, 19 anos. Ele se inspira em Fellipe Soutto, que se tornou titular do Atlético-MG na última temporada, e está cotado para integrar o grupo principal em 2012.

Com sede na cidade de Porto Feliz, o Atlético-MG está no Grupo R juntamente com ABC-AL, Criciúma-SC e Desportivo Brasil-SP. A estréia do time mineiro será em 4 de janeiro, às 16h (Brasília), contra o ABC-AL.

América-MG
Atual campeão do Campeonato Brasileiro Sub-20, o América-MG entra como umas das atrações da Copa São Paulo de Futebol Junior. Famoso por revelar atletas que defenderam a Seleção Brasileira, como os atacantes Fred e Euller e o volante Gilberto Silva, o time será dirigido pelo ex-goleiro Milagres, que além do América-MG também jogou no Atlético-MG.

A base da equipe campeã do Sub-20 no mês de dezembro foi desfeita. Três atletas foram emprestados para o time profissional da Francana-SP. O meio-campista Taylor, sofreu uma fratura na clavícula esquerda e está fora da Copinha. O América-MG está no Grupo K, com sede em Louveira. Na primeira fase enfrenta o Audax-SP, Avaí-SC e Sete de Dourados-MS. A estréia vai acontecer em 5 de janeiro, às 16h (Brasília), diante do Avaí-SC. O América-MG se sagrou campeão da Copa São Paulo em 1996.

Uberlândia
O Uberlândia Esporte Clube, que disputa a segunda divisão do Campeonato Mineiro na categoria profissional, estará pela segunda vez após 13 anos na Copa São Paulo de Juniores. A equipe do Triângulo Mineiro conquistou o direito de participar do torneio após conquistar o Campeonato Mineiro da categoria junior em 2010.

O técnico do Uberlândia, José Geraldo Moraes, destaca a importância de uma boa campanha porque a Copinha serve de vitrine para os garotos, já que a competição é bastante observada por dirigentes de clubes grandes além de empresários. O Uberlândia está no Grupo D, com sede em Batatais, ao lado de Sport Recife-PE, Rio Preto-SP e Batatais-SP. A estréia vai acontecer no dia 05 de janeiro, às 21h (Brasília), diante do Sport Recife.

Copa SP no Terra

O Terra, maior empresa de internet da América Latina, mostra ao vivo e em vídeo a Copa São Paulo de Futebol Júnior 2012. A partir do dia 4, o portal fará cobertura completa do principal torneio brasileiro de futebol de base, com transmissões de jogos e programas especiais sobre a competição. Os internautas poderão acompanhar até quatro partidas ao vivo por dia, inclusive com jogos simultâneos. O usuário também terá à disposição, no formato on demand, os gols de todos os jogos fornecidos pelo pool de emissoras que cobrem o evento.

A “Copinha”, apelido dado à competição, é considerada uma das maiores reveladoras de talentos do futebol brasileiro. Craques como Falcão, Kaká, Raí, Toninho Cerezo, Robinho, Rogério Ceni e Neymar, entre outros, disputaram o torneio, que é organizado pela Federação Paulista de Futebol desde 1987 e chega à 43ª edição em 2012.

* http://esportes.terra.com.br/futebol/copa-sao-paulo/2012/noticias/0,,OI5537216-EI19502,00-Cruzeiro+pode+perder+estrela+veja+como+mineiros+chegam+a+Copa+SP.html


O meia argentino contratado pelo América

Nunca vi jogar, porém é jovem e tem boa procedência.

Certamente será uma injeção de garra e determinação no Coelho. 

Da assessoria de imprensa do América:

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* “O meia argentino Sebastián Sciorilli, 23 anos, é o sexto reforço do América para a temporada 2012. Formado na base do River Plate, o meia vem por empréstimo de um ano, com opção de compra de 50% dos direitos econômicos até o fim do período.

Sciorilli se profissionalizou no River Plate, em 2007, e participou do grupo que conquistou o Torneio Clausula de 2008. Sem espaço no clube, foi emprestado ao Colón de Santa Fe, ainda em 2008, e no ano seguinte defendeu o Chacarita Junors, na disputa da primeira divisão argentina.

Meia de muita habilidade e explosão física, ele tem como principal característica a armação de jogadas. Seu último clube foi o Independinte Rivadávia.

Marcus Salum, integrante do Conselho de Administração responsável pelo futebol profissional, observa que o clube resolveu apostar em um jogador estrangeiro, depois de muitos anos, pela dificuldade de se encontrar bons jogadores nesta posição no país. “Estamos trazendo um jogador dentro das características do clube: é jovem, tem potencial e está precisando de uma oportunidade. Além disso, esta é uma posição carente no Brasil e que os argentinos se tornaram referência. Nos últimos anos, os grandes meias do futebol brasileiro vieram da Argentina”.

Segundo Jair Albano, gerente de futebol, o novo reforço se apresenta no dia 4 de janeiro, para então dar prosseguimento em sua documentação de trabalho no país.”

sebastian1FICHA DO JOGADOR

Nome: Sebastián Héctor Scioriolli

Nascimento: 05/02/1989

Local: Buenos Aires/Argentina

Posição: Meia-atacante

Clubes:

2007 – River Plate

2008 – 2009 – Colón de Santa Fe

2009-2010 – Chacarita Juniors

2010- 2011 – Independiente Rivadavia


A Copa do Mundo e as novas profissões

Luiz Neves de Souza é um dos maiores especialistas em turismo que conheço.

Este artigo dele foi publicado pelo “Estado de Minas”, três domingos passados e vale a pena: 

“A COPA E AS NOVAS PROFISSÕES”

                        O debate em torno dos megaeventos que se aproximam, especialmente, as Copas das Confederações em 2013 e Copa do Mundo em 2014 começa a sair de um plano retórico e passa a efetivamente a ser tratado em termos de realizações. É o chamado sair do discurso e partir para a prática.

                        Afirmar que a Copa do Mundo gera oportunidades para diversos segmentos da economia e setores da sociedade já não é mais novidade, apesar de ainda fazer parte das mesas de diálogos que cercam o tema. Empresas de consultorias, instituições de pesquisas e entidades ligadas ao turismo já trouxeram ao cerne do debate os seus números.

                        No entanto, apesar de não ser também uma discussão nova, a capacitação profissional começa a tirar o sono dos empresários e também dos organizadores desses certames. A divulgação recente dos números relacionados ao mercado de trabalho, com destaque para os resultados da Capital Mineira, onde os níveis de emprego formal atingiram índices nunca vistos na história da cidade, ascendeu a luz amarela da máquina de planejamento dos atores envolvidos com o negócio Copa.

                        Todavia, se de um lado existe a preocupação com a escassez de mão de obra, colocando em risco a qualidade dos serviços durante os eventos, por outro, novas profissões e especialidades estão surgindo no bojo desse cenário para suprir e atender as novas demandas do mercado.

                        Algumas dessas novas profissões e especializações que estão surgindo terão desempenho fundamental e papel especial no mercado de trabalho. Dificilmente se encontrará alguém, mesmo relacionado ao segmento turístico que conhecerá ou tenha ouvido falar do “revenue manager”. Esses profissionais se especializaram nos processos de gestão de tarifas e receitas, cuja função principal é otimizar o faturamento dos empreendimentos hoteleiros, através da flutuação da tabela de preços, dentre outros mecanismos. É um profissional que surgiu recentemente, de origem na aviação civil e que deverá ganhar muito espaço na hotelaria, inclusive, nos pequenos hotéis e pousadas.                   O especialista em segurança turística é outra especialidade em surgimento, cujas técnicas e habilidades passarão pela abordagem, relacionamento com o turista e conhecimento de etiqueta e cultura internacional, além do idioma inglês é claro. Deverá ser um profissional importante também após o evento, tendo em vista a expectativa de crescimento do turismo no pós Copa e a provável criação de delegacias voltadas à atenção e proteção ao turista, como já existe em outros destinos consagrados no Brasil.

                        Esse novo cenário relacionado ao mercado de profissões está trazendo à luz das discussões expressivas mudanças estruturais no plano de ofertas de cursos e programas de capacitação nas instituições de formação profissional. O desenvolvimento de novos cursos, para atender a essa nova exigência de mercado já é uma realidade no SENAC em Minas Gerais que, em breve, somará a seu atual portfólio, cursos como; somelier de cervejas, segurança turística, técnicas em mordomia, agentes de informação turística, idiomas com ênfase no atendimento ao turista, geografia internacional, relações internacionais para agentes de viagens, etiqueta internacional, gestão de receitas e tarifas na hotelaria, além dos diversos cursos de aperfeiçoamento na gastronomia tradicional e exótica dos cinco continentes.    

                        É importante salientar que a escassez de mão de obra para atender o mercado, aliado às novas profissões entrantes, joga luz também na necessidade de atualização das empresas, visando maior competitividade e adoção de técnicas modernas de captação de novos profissionais e retenção e desenvolvimento de sua força de trabalho, sob pena de ver as oportunidades que serão geradas em função da Copa ser jogadas a escanteio.  

                        Portanto, o legado da Copa do Mundo não se limitará apenas aos benefícios estruturais provenientes de grandes obras públicas ou privadas como hospitais, transporte, aeroportos e rodovias, mas também deixará o mercado de trabalho do País com novas oportunidades e com tecnologias e soluções inteligentes para o mundo corporativo e dos negócios, possibilitando com isso, maior participação e acesso da população a novas profissões e a novos conhecimentos.  E, conseqüentemente, com perspectiva de um futuro melhor.

Luiz Neves de Souza

Assessor de Turismo e Hospitalidade do SENAC Minas

Mestre em Turismo e Meio Ambiente


Para descontrair: a carta da ONU

Nilson Labruna enviou por e-mail e repasso aos senhores:

”A ONU enviou uma carta para cada país com a pergunta:

“Por favor, diga honestamente qual é a sua opinião sobre a escassez de alimentos no resto do mundo”.

A pesquisa foi um fracasso.

Os Europeus não entenderam o que era ‘escassez’ e os africanos não sabiam o que era ‘alimento’.

Os cubanos não entenderam o que era ‘opinião’ e os argentinos, o significado de ‘por favor’.

Os norte americanos nem imaginam o que seja ‘resto do mundo’.

O congresso brasileiro está debatendo o que é ‘honestamente’.”


Campeões da “não audiência”. As TVs pagas menos vistas do Brasil

Muito interessante este artigo do Ricardo Feltrin, do F5, do UOL: 

* “Canal em HD já é mais assistido que TV Senado”

Na TV paga, esses canais estão no mundo do “nano” ibope. Sim, amigos, falo dos canais que estão no fim da fila, os menos vistos, os campeões de não audiência. Dados inéditos obtidos pelo F5 revelam quais são os 20 canais “fantasmas” –com menos ibope– na TV por assinatura no Brasil. A medição foi feita nas oito praças principais do Painel Nacional de Televisão (PNT): São Paulo, Rio, Brasília, Porto Alegre, Curitiba, Belo Horizonte, Florianópolis e Campinas.

Abaixo de zero
A lista que você verá a seguir mostra os 20 canais com menos share. Share é a participação ou porcentagem de audiência de um canal no universo das TVs ligadas. Apesar da lista, acredite, há outros em situação ainda pior, e que não estão no ranking simplesmente porque o ibope não consegue registrar sua existência. Entre esses está o Foxnews e canais temporários, SporTVs 3,4, 5 etc). Vamos à tabela.

SARNEYSarney: um dos campeões da “não audiência”

TVSMENOSVISTAS

* http://f5.folha.uol.com.br/colunistas/ricardofeltrin/993139-canal-em-hd-ja-e-mais-assistido-que-tv-senado.shtml


Caso Adriano: verdade verdadeira do Duke!

HojeDUKENo Super Notícia


Ano novo, casa nova e possível excesso de precauções

* Um ano melhor 

Nesta última coluna do ano, agradeço aos senhores por mais um ano de companhia e desejo um 2012 melhor ainda para todos. Do ano que está terminando só tenho a lamentar a péssima campanha do futebol mineiro na Série A do Brasileiro, mas nas outras instâncias fomos muito bem: o Tupi foi campeão da D, o Ipatinga retornou à B e o Boa Esporte fez bonito na B, quase conquistando vaga na A.

Nas outras modalidades esportivas, Minas Gerais continuou abaixo das performances de anos anteriores, quando, principalmente o vôlei, masculino e feminino nos davam mais alegrias.

Em termos nacionais a supremacia paulista se manteve no futebol, nem tanto pelo maior poderio financeiro, já que o Corinthians foi campeão com um time cuja folha de pagamento é mais barata que a de vários concorrentes, e semelhante à de Atlético e Cruzeiro. Um time guerreiro, unido dentro e fora de campo, e que manteve o seu treinador, Tite, mesmo depois do vexame na fase inicial da Libertadores da América, sonho maior de todo corintiano, e a não conquista do campeonato estadual. Ponto para o presidente Andres Sanches. 

Casa nova

O fato de jogar sempre “fora de casa” teve alguma influência nas campanhas dos nossos três times no Brasileiro, porém o que os levaram a campanhas tão ruins foram as apostas equivocadas em treinadores e jogadores, contratados ou que saíram, fragilizando os elencos.

Com times sofríveis, só podia ocorrer campanhas idem, com o lamento maior pela queda do América. 

Caldeirão 

A expectativa geral é que o novo estádio Independência se torne um “caldeirão” a favor do Galo, Raposa e Coelho em 2012. O Santos na Vila Belmiro; Corinthians no Pacaembu e o Atlético-PR na Arena da Baixada sabem tirar proveito desse fator “casa” em estádios de características semelhantes ao do estádio do Horto, que será o palco do nosso futebol ano que vem.

Não basta

Mas ter um “caldeirão”, ainda que moderno e com conforto não significa boas campanhas nas competições e o Atlético-PR é o melhor exemplo, já que foi rebaixado para a Série B, mesmo vencendo a maior parte dos seus jogos em casa, inclusive o clássico final contra o Coritiba.

É preciso montar bons times, para que as torcidas prestigiem e façam a parte dela.

Excessos

São muitas as reclamações contra tantas grades de proteção no Independência. Além de atrapalhar a visão, tiram muito da mobilidade dos torcedores. Os clubes precisam fazer uma avaliação conjunta com o Corpo de Bombeiros para se certificar se realmente todo aquele aparato é necessário.

Com todo o respeito que essas autoridades merecem, excessos nessas medidas são muito comuns no Brasil.

* Coluna de amanhã, no O Tempo, nas bancas!


Quando a porrada se justifica

Concordo totalmente.

No Brasil tratam bandidos como cidadãos que merecem respeito.

Da Folha de S. Paulo:

* “Federação cassa cartão vermelho dado a goleiro que agrediu invasor”

DE SÃO PAULO – A federação holandesa cassou o cartão vermelho dado ao goleiro do AZ Alkmaar por agredir um torcedor que invadiu o campo em jogo da Copa da Holanda. O costa-riquenho Esteban Alvarado foi expulso em jogo contra o Ajax, em Amsterdã, anteontem.

O Ajax vencia por 1 a 0, quando, aos 38 minutos do 1º tempo, um torcedor entrou no gramado e partiu em direção ao goleiro, que deu uma voadora e chutes no rapaz.

“O goleiro foi atacado de forma inesperada”, declarou a federação em nota. Preso, o torcedor foi banido dos jogos do Ajax para o resto da vida.

GOLEIROPORRADEIRO

Em protesto pela expulsão, o técnico do AZ, Gertjan Verbeek mandou que seus atletas voltassem ao vestiário e a partida foi encerrada. A federação holandesa ainda não divulgou se o duelo será reiniciado ou se dará a vitória caberá ao Ajax.


Entrevista do Zico que todo dirigente do futebol mineiro deveria ler e guardar

Amigos,

aproveito este período do ano para limpar gavetas e ler ou reler coisas que guardei porque não deu tempo de fazê-lo no decorrer do ano.

Como assinante que sou do O Globo e Folha de S. Paulo, além dos nossos jornais de Belo Horizonte, tem dia que não dá para ler com calma os assuntos de maior interesse e vou empilhando páginas para ler depois.

Essa entrevista do Zico ao Globo no dia 11 de dezembro é sensacional e deveria ser lida por todo dirigente de clube.

Foi sobre os 30 anos da conquista do mundial interclubes em 1981, onde ele dá a receita para se montar times vencedores, e também como se desfazer dessa receita, citando o próprio Flamengo.

Entrevista publicada uma semana antes do Santos tomar aquela surra histórica do Barcelona. Zico refresca a memória de quem só “descobriu” o time catalão naquele jogo, como se fosse a maior novidade do mundo. Uma semana antes, é bom repetir! 

Reforça a tese que defendo: Atlético, Cruzeiro e América já estiveram no caminho das grandes glórias, mas o abandonaram e vêm se dando mal.

É simples: jogador feito em casa sempre vai dar mais retorno, dentro e fora das quatro linhas. Alinhados a jogadores vindos de fora, porém, que se identificam com o clube e a sua torcida.

Cita Jorge Valença, que tinha pegas sensacionais com Tita; fala dos grandes enfrentamentos com o Atlético daqueles tempos; conta casos do goleiro Raul; das arbitragens, seleção brasileira, vida pessoal, enfim, uma aula.

A entrevista, concedida a Pedro Motta Gueiros,

é longa, mas vale demais a pena: 

* ‘Antes de tudo, eu era um torcedor do Flamengo’

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Esse é o legítimo manto sagrado rubro-negro?

ZICO: Essa é a camisa verdadeira da maior conquista do clube. Deve ter passeado em alguma mostra no Japão, ela andou um pouquinho, porque tinha esparadrapo (no lugar da braçadeira de capitão) e caiu. O time estava muito bonito, foi a única vez que jogamos com o nome nas costas.

Os fanáticos, que celebram o Natal no dia do seu nascimento, devem reverenciar essa camisa como o Santo Sudário. O que acha dessa maluquice?

ZICO: Vejo como maluquice mesmo. É muito perigoso, ainda mais hoje dirigindo uma seleção de fanáticos, no Iraque. Tenho o maior respeito, sei da importância que eu tive para muitas pessoas, é legal, mas tudo tem limite. Agradeço pela reverência, mas acreditar nisso seria problemático.

Quando nasce o esquadrão?

ZICO: A gente ganhou unidade em 1977, quando perdeu o titulo para o Vasco nos pênaltis. O Tita entrou só para bater, mas acabou perdendo. Saímos dali, fomos todos para o Barril 1800, no Arpoador, time e comissão técnica. Acabamos até criticados pela Boca Maldita: “Porra, jogador perde e vai sair?”. Fomos principalmente para dar força a um jovem, que estava começando. Em vez de ir cada um para o seu lado, foi todo mundo no ônibus. O Jorge Ben fez até uma música (“Cadê o Pênalti?”) no ônibus naquele dia: “Cadê o pênalti?/que não deram para gente/no primeiro tempo”. Foi um lance em que o Osni foi derrubado e o juiz não deu. Era final do segundo turno. Se a gente ganhasse, haveria dois jogos. O Vasco foi campeão direto. No ano seguinte, aconteceu o contrário. Ganhamos 1978, dali começou a história dos títulos.

O time surgiu da tradição rubro-negra de toque de bola ou são vocês que fundam essa escola?

ZICO: Acho que a gente cria, porque cada um tem sua característica e a vantagem de quem comanda é saber usar isso. O grande mérito do (técnico Cláudio) Coutinho foi saber comandar essa escola, e depois o Carpegiani deu sequência, por estar dentro dela. Começou com a nossa geração, eu, Júnior, Rondinelli, Cantarele, Jaime… Depois veio a do Andrade, Adílio, Tita e Júlio César. Em seguida, Mozer, Leandro e Figueiredo até que as três gerações se juntaram naquele time. Ainda viriam Bebeto, Jorginho, Zinho, Leonardo, Aílton, Zé Carlos, Aldair. O processo continuou até a geração do Marcelinho, Júnior Baiano… que acabou tendo mais sucesso fora do Flamengo. Foi desperdício, não souberam juntar. Liberaram a geração que estava depois da gente, de Bebeto e Jorginho, e perdeu-se um elo. Dali em diante, só Sávio, Juan e Júlio César.

Você vê a aquela escola reviver no atual Barcelona?

ZICO: Claro que vejo. É parecido. O que o Barcelona faz hoje a gente já fazia: não rifar a bola, não ter esse negócio de chutão. Se puder sair jogando, sai sempre. Todo mundo joga quando está com a bola. Sem a bola, todo mundo marca. Talvez, o Barcelona ainda marque melhor A gente marcava em bloco. Pela escola europeia, eles têm mais sentido de marcação individual, só o Messi que não. Você vê que o Villa e o Pedro marcam pra cacete.

Além de técnica, têm muita força para marcar na frente…

ZICO: Se a gente estivesse jogando hoje, estaria com a mesma força física. O Tita e o Lico não marcavam pra cacete? Eu e o Adílio, a gente cercava. Meu irmão, Antunes, dizia: “Se vier muito para trás, vai perder o que tem de melhor”. Se eu não tivesse produtividade na frente, quem ia jogar por mim? Mas várias vezes eu voltava para tirar a bola da nossa área. Tinha quer dar bico, eu dava.

Movimentar-se sem a bola era a melhor forma de ficar com ela?

ZICO: Caso a criatividade não conseguisse resolver, a gente tinha alguns treinamentos de movimentação, coisas ensaiadas, como no basquete. Exemplo: a bola estava com o Leandro e com o Tita na direita. Eu e o Adílio, a gente penetrava. Se a bola não chegasse ali, a gente tinha que recuar para essa bola ser girada novamente com o Andrade, para ir pelo outro lado. Numa virada de jogo, a gente já sabia que haveria uma ultrapassagem do Lico com o Júnior Já sabia que um ia dominar e o outro, passar.

Muitas vezes o Júnior virava meia e Adílio surgia na ponta…

ZICO: Exatamente. O Mozer virava lateral-esquerdo e o Andrade, zagueiro para cobrir o Júnior. Do outro lado, o Marinho fazia lateral, e o Andrade fechava. Com o Coutinho, a gente cansou de fazer treino sobre isso. Sem bola. De ir para a Gávea e ficar só se movimentando, de um lado para outro. Era chato, mas é o tal negócio: o time tinha que jogar em bloco, porque a gente não marcava direito. Se eu saísse para ir na bola, sabia que seria driblado. Então, ía de uma forma que o adversário adiantasse um pouco a bola, para outro roubar. O Coutinho delimitava um espaço. Deu o bote, está todo mundo perto. O problema eram alguns times que viravam o jogo de uma lateral a outra. Complicava, mas não era todo time que ia arriscar.

Naquela goleada por 4 a 1 para o Palmeiras em 1979 no Maracanã foi assim?

ZICO: Ali, não. A gente estava em cima para empatar e levamos dois gols, aos 44 e 46 do segundo tempo. Ainda não tinha tanto acréscimo nem plaquinha. Bateu falta, fez o terceiro. Deu a saída, o quarto. Aquela derrota teve muita repercussão na troca do Coutinho pelo Telê (Santana, que dirigia o Palmeiras) na seleção. Mas a nossa derrota mais vergonhosa foi contra o Botafogo, da Paraíba, por 2 a 1 no Maracanã em 1980. Domingos Bosco, saudoso supervisor, era um cara espertíssimo. Depois do jogo, ele sumiu com a minha roupa e começou a dizer que o Maracanã era uma vergonha, que tinham roubado a roupa do Zico. Fez um factóide.

Os jogos com o Atlético-MG, que decidiram o Brasileiro de 80 e a vaga na semifinal da Libertadores, tinham técnica e tensão máximas. Mesmo entre companheiros de seleção, havia muitas diferenças?

ZICO: O Adílio conta uma história que mostra isso. Os dois times viajaram no mesmo avião para o jogo-extra em Goiânia e o terceiro goleiro deles tinha passado pelo Flamengo. Quando o Adílio foi cumprimentá-lo, o cara disse: “Estamos proibidos de falar com vocês.” O pior racha era entre o Jorge Valença e o Tita, eles se engalfinhavam.

O que aconteceu naquela noite em que o jogo terminou no primeiro tempo? Por que o Atlético teve quase todo o time expulso?

ZICO: Até estranhei quando o (juiz José Roberto) Wright parou o jogo e chamou os dois capitães: “Olha aqui, o primeiro que der por trás eu vou botar para fora, podem avisar seus times”. Eu fui lá, reuni o Flamengo, e o Cerezo fez o mesmo com o Atlético. Não deu cinco minutos, o Reinaldo me deu uma tesoura, eu estranhei: “Porra, não é possível”. Às vezes, o juiz fala alguma coisa, e o cara não acredita. Teve um, não sei se foi o Éder ou o Palhinha, que falou: “Tu não é (sic) homem de me botar para fora”. Aí vai lá, expulsa. Sinceramente, com pureza d’alma, em nenhum momento fiquei feliz de ter ganho daquela forma. Para quem passasse, a chance do título era muito grande. Dos 22 em campo, doze deviam ser da seleção, para que acabar daquela forma? O Flamengo não foi ajudado em nada.

Depois, vocês sofreram juntos na Copa de 82. Faltou algum rubro-negro naquela seleção?

ZICO: O Adílio era um jogador que poderia estar lá. Era muito liso. Com a bola, tinha essa coisa que falam do Messi. Quando botava no pé, era difícil de tirar. O futsal ajudou muito. Quando pegava naquele cantinho do campo, eu sabia que ele ia passar, fiz muito gol assim. A gente tinha uma jogada: quando ele entrava pela meia direita, eu acompanhava pela esquerda. Sem olhar, ele já podia dar a bola. Do outro lado, a mesma coisa. Ficava sempre paralelo a ele. Sabia que o passe vinha. O Adílio era muito rápido para levar o time da defesa para o ataque. Isso me ajudava, porque eu não precisava voltar tanto. Uma coisa completa a outra. Tem que saber do que seu companheiro é capaz e onde ele vai resolver. A gente sabia.

Fizeram vários gols assim…

ZICO: No primeiro jogo da final da Libertadores, eu venho da esquerda, o Adílio dribla pelo meio, rola a bola e eu toco no canto. Contra o Colorado tem um gol bem parecido, e outro no Botafogo, em que eu toco por cima do goleiro. É o Adílio quem vem pela direita e me dá a bola no meio. No primeiro gol lá no Uruguai (na finalíssima), é ele quem tenta fazer isso primeiro. Aí a bola sobra, o Andrade me devolve e eu faço de virada.

Fale do goleiro Raul…

ZICO: A gente brincava muito com ele: “Raul, aí só vai uma bola, mas tem que pegar”. Ele mesmo falava que não era de se jogar muito: “Se não vou pegar a bola, vou me jogar para quê?” Estava num período da carreira que não podia se desgastar tanto. Já tinha feito uma cirurgia na coluna. Tanto é que a gente chamava ele de Paletó Velho, todo amassado. Mas tinha muita personalidade.

Leandro…

ZICO: Foi o primeiro brasileiro que eu vi ser tão bom com a perna direita e com a esquerda. Era um cara que chegava no fundo e não jogava na área: te olhava e dava o passe. Sabia dar o drible, cortava para dentro e metia de esquerda. Fazia as ultrapassagens bem com Tita. E se emocionava com qualquer coisa. Na conquista da Libertadores, ele sobe no carro, faz uma loucura lá no aeroporto. Parece um torcedor. Era uma identificação muito grande que a gente tinha com a torcida, com o time e com o clube.

Júnior…

ZICO: O capacete era qualidade pura, técnica pura. Um cara que tinha um espírito de liderança muito grande, não aceitava derrota em nada. Todo mundo sabia que o desejo dele era jogar no meio, mas foi o melhor na posição que não era dele. Na verdade, jogava quase que no meio, porque havia um grande sincronismo. O Júnior armava o time ali pela esquerda, enxergava tudo.

Complete a escalação…

ZICO: Os dois zagueiros eram de muita firmeza. Bola no alto não tinha para ninguém. Antes mesmo, com o Rondinelli, era difícil de a gente tomar gol bobo. Nosso time era altamente ofensivo e não era tão vazado, ficava muito com a bola, tinha muito mais iniciativa. O Andrade era um cara de quem a bola saía limpa. Marcava e jogava, fazia gol, chegava ao ataque. Era colocação e precisão. Tinha passe e virada de jogo maravilhosos. Aí, havia o Tita e o Lico, um de cada lado. O Lico era de uma habilidade… dificilmente perdia a bola. Meu irmão (Edu) foi técnico dele no Joinville e o indicou ao Flamengo.

Por que o Lico só se firma nos 6 x 0 sobre o Botafogo, a cinco dias da final da Libertadores?

ZICO: Ele já tinha entrado no jogo anterior, no segundo tempo contra o Wilsterman (na vitória de 4 a 1 no Maracanã). Contra o Botafogo, o time começou com o Lico, aí metemos seis e encontramos o tipo de jogo que o Carpegiani queria. Liberam eu e Adílio, puxa Tita e Lico fechando o meio com Andrade, e deixa o Nunes caindo pelos dois lados. Então, tudo encaixou. Sintonia fina.

Além do grande futebol, a conquista sul-americana é lembrada pelo soco do Anselmo e pelas declarações do então presidente Dunshee de Abranches, de que foram oferecidos comprimidos de açúcar aos jogadores como se fosse doping para ter efeito emocional.

ZICO: Não tem sentido brincar com coisa séria, ainda mais o comandante. Pode ter sido um papo entre dirigentes no saguão do hotel. Claro que não chegou na gente. O negócio do Anselmo também foi muito ruim, acabou com a carreira dele. A maior porrada que a gente podia ter dado foi ganhar na bola.

Nunes não era só folclore…

ZICO: Pelo contrário. Vi poucos jogadores com a movimentação dele, de um lado para o outro para receber a bola. Chutava muito bem, tinha uma firmeza grande com as duas pernas. Eu dizia a ele que não precisava sair da área, nada de tabela: “A bola vai chegar, não se preocupa, só se posiciona. Quando eu pego a bola, fica atento que a primeira pessoa que eu olho é você. E quando for lá pelos cantos, mete para trás que tem eu e o Adílio entrando.” Ele entendeu bem, sabia o que tinha o que fazer.

No primeiro gol em Tóquio, ele vem roubar bola na intermediária e o time troca passes até dar tempo de você deixá-lo livre…

ZICO: Eu já tinha visto que ele estava lá. Quando pego a bola, a primeira pessoa que eu olho é o centroavante, sempre foi assim. É o cara mais perto do gol. Tem que matar logo. Só que às vezes eles perdiam e eu tinha que fazer o gol também. Mas o Nunes nunca foi de perder muito gol. Para aproveitar as chances, primeiro é preciso estar bem treinado. Depois, você tem que ser mais rápido, saber que, quanto menos toques na área, melhor para não deixar o goleiro se armar.

Seu gol contra o Grêmio na final de 1982 não ensina isso?

ZICO: Considero aquele um dos gols mais importantes. Domino, ela quica, e tum… Às vezes, você ajeita demais e perde tempo. Se não pudesse dar só um toque, tinha que dar dois mais rápido. Meus gols eram quase sempre com dois toques. O goleiro estava chegando, estava saindo… aprendi com o Antunes. Treinava muito isso: dominar com uma perna e bater com a outra.

Por usar cabelo parecido com o seu e querer vestir a 10, o Tita não tinha certa fixação contigo?

ZICO: Não era comigo, era a camisa 10. Era o desejo dele. Se soubesse disso bem antes, não teria problema. Joguei com a 7, 8, 9, 11… Ele ficava chateado só quando eu não jogava. Aí, os caras passaram a brincar. O Reinaldo era fogo. Uma vez na Itália, ele chegou para o Coutinho: “Quem vai entrar no lugar do Zico sou eu? Então quem vai jogar com a dez sou eu”. Só para implicar, para mexer, coisa de garoto, mas é o tal negócio. Por isso, o Tita acabou perdendo a chance da seleção. Ele fez dois gols contra a Venezuela, de repente, todo mundo se assustou, a gente jogando junto no Flamengo, e ele: “Eu quero jogar no meio.” Aí, o Telê ficou pau da vida. Com ele, e era uma vez só. Depois o Tita viu que foi desnecessário. Você podia tabelar com o Tita, porque a bola vinha redonda, era um dos jogadores que mais tinha técnica, sabia dominar, passar com as duas pernas, cabecear. Era muito bom em todos os fundamentos.

O mesmo Coutinho que preferiu a força do Chicão à técnica do Falcão em 1978 foi quem começou a fazer do Flamengo uma obra de arte. Como os conceitos dele foram se transformando?

ZICO: Primeiro, o Coutinho era muito ligado com negócio de Copa do Mundo, de Holanda e o cacete a quatro. Queria que a gente jogasse igual na seleção e perdeu um pouco a essência do Brasil. Uma vez, fomos jogar contra a seleção do Paraná antes da Copa. O Edu estava lá e virou: “Porra, vocês estão robotizados dentro do campo, ninguém cria nada, nem parece o Brasil”. Na Copa, quando o Coutinho me tirou, não teve problema, falei o que tinha a dizer e me pus à disposição, tanto que voltei. Nunca fui de tomar satisfação com treinador, só disse que o presidente da confederação não precisava anunciar a todos antes de ele falar para mim. Voltei para o Flamengo, acabou, boto uma pedra. A morte dele foi muito dura, a gente tinha uma amizade muito grande. Ele voltou dos EUA dizendo que o Flamengo seria campeão da Libertadores, e a gente foi. Era um cara que confiava no nosso time, então foi um trauma do cacete para todos. Ele foi um dos responsáveis pela montagem daquela equipe e pela forma de jogar. Todos reconheciam isso.

O trabalho tinha uma orientação multidisciplinar?

ZICO: Havia duas modalidades que o Coutinho usava muito, a primeira era a posse de bola do basquete. Lá, os caras têm 24 segundos para arremessar. No futebol, você não tem tempo para chutar em gol. Se puder chegar em cinco segundos, ótimo. Senão, fica com a bola. A bola é ouro. Então, você não vai dar o ouro para o bandido. A outra que era do boxe, do pugilista, que dá uma porrada. Se o cara bambeou, dá a segunda, se puder dá a terceira, derruba logo. Se deixa o cara respirar, ele levanta, mete a faca no seu peito, já era. Nosso time fazia um gol, e corria para tentar decidir logo.

O Flamengo à época era uma potência olímpica…

ZICO: O trabalho integrado nos ajudava muito. Quando me machucava, sempre fazia minha recuperação com o pessoal da natação. Tinha o basquete, atletismo, tiro, o pessoal da bocha… O conhecimento circulava pelo clube.

Entre a goleada no Botafogo e o título sul-americano, o Flamengo fez seis jogos em 15 dias. Como o time ganhou essa maratona?

ZICO: Foi ali que o Francalacci (preparador físico) criou o famoso pijama trainning, aquela coisa de você jogar, dormir, se alimentar e jogar. Ganhando títulos, gratificações e tendo tantas alegrias, todo mundo via que, se fizesse aquilo, o time só ia se dar vem. A gente tinha prazer de estar jogando sempre, de estar todo mundo junto, se cuidando. Por conta da reforma no gramado, treinamos no campo dois (soçaite, de areia) por uns cinco meses naquela época. Como o time jogava muito, era só recuperação e dois toques. A gente ganhou a Libertadores e foi jogar com o Volta Redonda.

Pelé foi ao Maracanã no jogo contra o Cobreloa. Ele tinha um olhar generoso para você?

ZICO: Nunca foi generoso como se tornou depois que eu parei. Sempre muito crítico, disse coisas que machucaram. Quando fui para o Udinese, deu entrevista dizendo que eu não era jogador para dar certo na Itália. Na época, respondi que “da boca do Pelé e de bunda de neném, ninguém sabe o que vem”. Mas para quê lembrar agora? A contribuição dele está acima disso tudo. O Pelé foi o maior de todos. Na primeira vez que o enfrentei, num empate em 0 a 0 no Pacaembu, passei o jogo todo olhando para ele. Quando jogamos juntos (num amistoso contra o Atlético-MG), deu para a gente tabelar, mas ele pipocou para bater o pênalti. (risos)

Quem foi melhor que você?

ZICO: Entre os maiores que vi, ponho Pelé, Garrincha, Maradona, Cruyff e Beckenbauer.

Destino marcante, o Japão é o lugar em que você foi mais longe?

ZICO: São coisas da vida. Lembro que a gente chegou lá às duas da tarde na véspera do jogo, aquele fuso ferrado. Acordei às seis e pouco e fiquei esperando o café. A Sandra estava comigo no quarto. Depois do café, acho que a gente ainda namorou um pouco. Hoje, já posso falar isso. No treino da véspera, eles chegaram depois, todo mundo estranhou aquele campo amarelo, mas não tinha buraco, era uma grama baixinha. A gente tinha muita informação do Liverpool, e eles não procuram nenhuma nossa, acho que isso fez diferença. Normalmente, a gente fazia a corrente no vestiário, mas daquela vez fizemos ali embaixo, antes de entrar em campo. Como os dois times estavam juntos, os ingleses pararam para olhar, mas não teve desprezo nem nada. A gente é que usou aquilo para se motivar, dizendo que eles estavam debochando da nossa reza.

Nos primórdios do marketing, por que sua camisa, em campanhas anteriores ao Mundial, era a única que tinha tarja para cobrir a marca da Adidas?

ZICO: Eu era patrocinado pela Silze. São certos problemas de relacionamento que você se aborrece. Depois, vi que estava errado, e o contrato foi modificado. Tinha também a questão do 13º salário, que vinha incluído nas luvas e era contra lei. Por orientação da diretoria, todos os jogadores tiveram que entrar na Justiça, e o Flamengo passou a pagar.

O Rio e o futebol profissional estavam se transformando…

ZICO: Em 1981, já morava na Barra. Casei em 1975, fui morar na Rua do Matoso até 1977. Para ir treinar, saía de casa, entrava na Haddock Lobo, pegava a Paulo de Frontin e estava na Gávea. Dez minutos na ida e na volta. Quando começou aquela coisa do Metrô, parecia que havia um terremoto no apartamento. Levava 40 minutos no mesmo percurso. Teve um dia que peguei um trânsito do caramba, fiquei irritado e liguei pra Sandra: “Não aguento mais, vamos ver um apartamento na Zona Sul.” Já tinha comprado cobertura na Barra, mas só ficava pronta em 1978.

Virou garoto de Ipanema?

ZICO: Foi uma merda, consegui alugar um três quartos num dos melhores pontos: Prudente de Morais, quase esquina com Garcia D’Ávila, do lado da praia. Minha mulher descia, ia passear com as crianças, andava tudo a pé. Quando ficou pronto, não queria mais ir embora. Na Barra, foi a única vez que fui síndico na vida, porque era o único morador. Aí, falei para o vigia que morava em baixo: “O síndico, vai ser você.” Ainda estava na faculdade, minha mulher com dois filhos, fiz uma maluquice do caramba. Saía da Gávea às cinco da tarde, ía pra Realengo estudar, para depois voltar.

Seus filhos nasceram juntos com as maiores conquistas….

ZICO: O Júnior é de 1977, e o Bruno, de 1978. A diferença é de um ano e um dia. Era o único mês que eu passava inteiro em casa. Fazia em janeiro, nascia em outubro, nossas férias, pô. O Thiago é que nasceu em janeiro, foi (feito) na Copa de 1982.

Qual era o lugar do jogador na sociedade?

ZICO: Jogador não saía em coluna social, não era celebridade, mas já era vigiado. Às vezes, saía que eu tinha bebido uma cerveja a mais. Como a gente estava ganhando sempre, então toda hora tinha festa, mas boate não era a minha. Eu ia muito no restaurante do Mário, no Leblon. Foi ali que eu vi o Djavan surgir. A gente ia a teatro, muito show no Canecão, assistia a todas as atrações internacionais.

Trinta anos depois, o que guarda de mais valioso?

ZICO: O que fica é ter ajudado o meu clube de coração a ganhar o título mais importante de sua história. Antes de tudo, eu era um torcedor. Não entrei no clube para ser profissional, mas para jogar bola pelo Flamengo, que era o meu time. O título é um filme que passa, mas não fico pensando, nem revendo os jogos. Não tem essa de que foi ontem, já faz tempo pra caramba, muita coisa já aconteceu com todos nós depois disso. Só lamento que a gente tenha sido campeão tão longe do nosso torcedor. No Maracanã, gostava de ouvir quando eles cantavam “Oh, meu Mengão”. Quando chegava naquela parte “conte comigo Mengão, acima de tudo rubro-negro”, a gente tinha que fazer um gol. O Cerezo brincava comigo que o jogo já começava 1 a 0 para gente, porque enquanto a torcida do Atlético-MG ainda cantava “é canja, é canja, é canja de galinha”, a nossa estava no “Bumbum, paticumbum, prugurundum”.

Ainda falta alguma coisa?

ZICO: Voltar a jogar no Maracanã. Já que o Brasil não vai passar por lá antes da final da Copa, eu quero ir com o Iraque.


Exagero nos gastos

Cuidado gente!

Mesmo fora do futebol, o Duke tem verdades verdadeiras, como essa:DUKENo Super Notícia de hoje