Quando respondo a qualquer mexicano que sou brasileiro, imediatamente vem a pergunta: “Do Rio de Janeiro ou de São Paulo?”.
Diante da resposta “Belo Horizonte”, nova pergunta, “de onde?”
É difícil algum estrangeiro saber da nossa capital em diálogos como esses no exterior.
Aqui, em uma única vez fui surpreendido por um mexicano que sabia muito sobre Belo Horizonte e quase deu uma aula em um café no centro de Guadalajara, sobre a Pampulha, por causa de Oscar Niemeyer. O cidadão é arquiteto e professor universitário aqui.
Mas na manhã de ontem foi diferente. No café do centro de imprensa, quando respondi que era brasileiro “de Belo Horizonte”, um mexicano logo disse: “Ah, a sua cidade receberá uma semifinal da Copa do Mundo”.
Os jornais mexicanos deram um bom destaque à reunião da FIFA da quinta-feira, e quase todos publicaram a tabela dos locais e horários de 2014, bem como da Copa das Confederações em 2013, da qual BH também receberá uma semifinal.
Agora é preparar bem a cidade, os serviços em geral e receber da melhor forma os estrangeiros que vão aparecer, para que gostem, falem bem, indiquem e retornem.
Como fizeram sedes sul-africanas, que enfrentaram as mesmas desconfianças que enfrentamos agora.
Viveremos situação semelhante a que os tapatíos (nascidos em Guadalajara) vivem agora no relacionamento com os estrangeiros. Às vezes não entendem o que visitante quer; perguntam de novo e acabam entendendo. Mesmo sendo vizinhos dos EUA, os mexicanos, em sua maioria não falam inglês. Mas a proporção de quem fala é infinitamente superior à nossa. Porém, seguramente, eles não têm a criatividade e facilidade de comunicação que temos.
Pergunto a todos os taxistas sobre esta relação com os “forasteiros” e eles são unânimes em responder que o grau de dificuldade é pequeno, pois com boa vontade o diálogo acaba ocorrendo. Mas é importante lembrar que Guadalajara é uma cidade internacional há muito tempo, que se rivaliza com a Cidade do México em comércio, turismo e força política. Muito mais acostumada com estrangeiros que Belo Horizonte.
Seria como o Rio em relação a São Paulo. Guadalajara é mais cultural; tão ou mais conhecida quanto; mais procurada para diversão e lazer, porém, inferior em números da economia. Até no futebol a disputa é ferrenha, entre o Chivas, cujos tapatíos juram que tem a maior torcida do país, e o América, maior potência financeira, o grande time da Capital mexicana.
Amanhã eles vão se enfrentar pelo Campeonato nacional em jogo considerado de “alto risco”.
Por falar em taxistas, aqui são tão gentis quanto aos de BH, mas é preciso ficar esperto com eles. Certamente a proporção de velhacos é também muito maior que os nossos. São danados para não ligar o taxímetro e depois querer cobrar o dobro ou triplo do custo do trajeto.
Quando contestados no preço, sorriem, fingem-se de égua, e pedem desculpas. Alegam: “esqueci”, e dizem: “pague o preço que você está acostumado a pagar”.
Os jornais mexicanos deram grande destaque à tabela da Copa de 2014, principalmente para o fato de o Maracanã se igualar ao legendário estádio Azteca, como único a receber duas finais de Copa do Mundo.
Nele, o Brasil foi tri em 1970 e a Argentina bi, em 1986.
Antes do início do Pan o prefeito de Guadalajara estava sendo acusado de ter sumido com os mendigos e sem teto para não causar má impressão da cidade durante o período dos jogos.
Ele desmentia peremptoriamente, dizendo que o trabalho social que promove é que acabou substancialmente com este tipo de problema.
Realmente se vê pouca mendicância por aqui, mas tem. Este “sem teto” dormia tranquilamente às 10h30 de hoje, em frente uma agência do Scotiabank, da Avenida Juárez, que é inclusive um dos patrocinadores do Pan.
Thiago Pereira passou a ocupar tantos espaços ou até mais que o César Cielo nos jornais mexicanos, por causa das 10 medalhas de ouro em Jogos-Americanos.
Como nessa capa do caderno de esportes de ontem, do jornal El Informador.
À primeira vista alguém pode pensar que os policiais estejam rendendo um bandido perigoso…
Mas, trata-se de um engraxate dando um trato no pisante do guarda da Polícia Federal mexicana.
Cenas com essa são comuns em Guadalajara e no país, onde policiais armados ostensivamente até os dentes se incorporaram ao dia a dia das pessoas.
A programação das TVs e rádios daqui são parecidas com as das nossas e da maioria dos países do mundo, assim como os jornais impressos.
No mundo globalizado, cada vez mais tudo se copia e se repete e ninguém mais sabe quem copiou o quê de quem.
Mas, no canal FORO TV, da poderosa Televisa, vi um programa sem similar, ainda, no Brasil ou em lugar algum onde já assisti televisão.
É o “Mañanero”, de segunda a sexta-feira, de 6h30 às 8 horas, apresentado por um ator muito bom de serviço, Victor Trujilo. Ele aparece vestido de palhaço, analisa a política e os problemas do dia a dia do México, com uma passada pelas principais notícias do mundo.
É o âncora do programa e tem dois jornalistas juntos com ele na bancada, porém em trajes normais.
Esculhamba com quase todo mundo, não economiza na ironia e desce o porrete na cambada.
Chama correspondentes em todo o país, como este, ontem, da Cidade do México, que cobria protesto de quase mil pessoas que também se vestiram de palhaços para reclamarem dos políticos da Capital Federal.
Claro que o repórter também se vestiu de palhaço.
Impossível não prestar a atenção no que ele fala.
Li no Wikipedia que Victor Trujilo é um intelectual, poliglota e que ao criar este personagem pensou que duraria pouco, pois não teria aceitação popular. Começou no rádio.
Pois foi o contrário; migrou para as telas, e hoje é uma das maiores audiências da TV mexicana.
Assim como o Jô Soares no programa dele na Globo, o “Mañanero”, que usa o nome de “Brozo”, e diz que é primo do famoso e antigo “Bozo”, tem um garçon, que aparece todos os dias em algum quadro para compor o programa.
Qualquer dia alguém no Brasil pega a ideia e a adapta. No México deu certo.
Quem quiser conferir, é só acessar:
http://tvolucion.esmas.com/foro-tv/el-mananero/
Esta é a foto oficial do site dele no portal da Televisa
Muito bem!
Fim de semana, aí já são mais de 21 horas, aqui, pouco mais de 18.
Bom fim de semana, boas cervas aí e aqui, tenho também boas opções…
Como essa Pacífico, mexicana, da melhor qualidade…
Ou a tequila Herradura, que dizem, é a melhor do país.
Vamos conferir!
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