“O técnico de futebol tem que ter consciência de que o paraíso é vizinho da porta do inferno”. A frase é do mineiro da gema Rui Guimarães, professor de Educação Física e ex-treinador do Atlético, Cruzeiro, América e vários clubes do interior. Hoje é comentarista de prestígio na imprensa de Santa Catarina, depois de dirigir e conquistar títulos com os maiores clubes do estado. Conheço bem o Rui e sei o tanto que ele sente falta de Minas Gerais e das mineiridades. Morar num estado maravilhoso, onde se deu bem profissionalmente e escolheu para viver. Mas morre de saudades das nossas montanhas. Comparo-o ao outro Guimarães, mais próximo de mim do que dele (geograficamente): o grandisíssimo João Guimarães Rosa, de Cordisburgo, médico, diplomata, mas acima de tudo poeta e mineiro.
Mas, prossegue o Rui, numa carta (sim, ainda existe carta escrita à mão e postada com seldo e tudo o mais) que me enviou via correios: “…por isso meu amigo, optei por este ofício de comentarista, que lida com análises dos fatos. É bem melhor, vive-se mais, ganha-se bem menos e curte-se mais a vida. Em contrapartida, depois de conviver com grandes craques é duro comentar esses ‘botocudos’ com suas limitações escancaradas…”
Rui foi alvo de uma grande reportagem do jornal Notícias do Dia, de Florianópolis, ano passado, sobre Atlético x Cruzeiro, que decidiam a Copa do Brasil 2014. Numa foto em página inteira ele aparece com uma camisa metade para cada lado. Daquele paraíso que a nossa maior dupla vivia a este mau começo em 2015, muita coisa mudou em cada time, mas a rivalidade permanece, inalterada, radical. Ao ponto de um campeonato estadual, cuja fórmula e conceito representam um grande atraso, balançar o treinador que perde o título, seja quem for. Este confronto é um campeonato à parte.
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