O estádio com quase vazio em La Paz mostrou o grau de importância de Brasil e Bolívia, pelas eliminatórias. As duas seleções com suas vidas resolvidas na competição: a nossa classificada por antecipação; a deles, vice lanterna, sem chances matemáticas de ir à Copa do Mundo de 2010. Um amistoso de luxo, onde o principal assunto enfocado foi a chatice da altitude e seus efeitos. Na Globo, Galvão Bueno diz que a zaga brasileira perdeu o tempo da bola por causa da altura da capital boliviana, no gol deles, logo de cara. Mudei de canal, mas na Band, o Luciano do Valle dizia que o Nilmar sentia “nitidamente” a altitude, apesar de jovem, porque “dá pra ver que está buscando ar”. Isso com menos de dez minutos de jogo. Tirei o som da TV e passei a ouvir o Milton Naves e o Maurílio Costa, que respeitam a inteligência de quem os ouve.
Quando comecei na minha vida de repórter esportivo, ficava irritado quando me diziam que eu pertencia a uma categoria que era responsável pelo processo de “imbecilização” do povo brasileiro. Com o passar dos anos, naturalmente, deixei de me irritar com quem diz isso. A irritação passou a ser quando ouço companheiros dando argumentos para que essa verdade se firme cada vez mais.
Dramatização
A maioria da imprensa prega que não deve haver jogos na altitude de La Paz. Nada a ver. É a mesma coisa que dizer que não se pode jogar num campo cuja lama esteja atrapalhando o desenvolvimento do jogo. Ora, ora, é o futebol e os ambientes onde ele é jogado. Tem gente que acha um absurdo, jogos às 10 horas em Ituiutaba, por causa do calor “desumano”.
Desculpas
Quando um time é melhor ou está melhor preparado, supera qualquer adversidade em campo, seja na altitude, no calor ou até as arbitragens ruins e suspeitas. O Cruzeiro campeão brasileiro foi muito prejudicado por árbitros em vários jogos em 2003, mas o time era tão bom que raramente alguém reclamava. Ganhou tudo que disputou naquele ano, com sobras.
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