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Muro das lamentações

A moda do momento é lamentar os pontos “bobos” perdidos, como se houvesse ponto “inteligente”. Atleticanos e cruzeirenses precisam se lembrar que este é o campeonato mais equilibrado desde a implantação dos pontos corridos em 2003.

Os demais concorrentes também tropeçaram em jogos contra adversários teoricamente muito inferiores. Parte da imprensa inventou uma frase ridícula, que está na boca de milhões país afora: “o time tal não quer ganhar o campeonato”, como se os adversários só entrassem em campo para cumprir tabela e entregar os três pontos.

O futebol é empolgante exatamente por causa dessas incertezas. Claro que dói muito pensar que se não fosse aquele vacilo no apagar das luzes contra fulano, o time poderia estar em primeiro ou em segundo na classificação. A bola defensável que o goleiro não pegou; o erro do árbitro que estava a poucos metros do lance e “fingiu” que não viu, e por aí vai.

Outras besteiras muito difundidas, que se tornaram jargões: “este é o campeonato mais fácil de se ganhar” e “nunca mais haverá oportunidade tão grande de ser campeão”. Bobagens ao vento, que escondem uma única realidade: não há um time com superioridade concreta sobre os concorrentes diretos às primeiras posições.

Fácil

Jargão verdadeiro é o que diz “quem torna o jogo fácil ou difícil é o próprio time, dentro de campo”. Para isso é preciso ter jogadores superiores. O Cruzeiro de 2003 por exemplo: Gomes tomava um gol “bobo”, Alex fazia uma jogada genial e resolvia. E ai se um Simon da vida inventasse um pênalti contra! Lá vinha uma goleada pra cima do beneficiário da “garfada”.

Difícil

Montar times com grandes jogadores em quase todas as posições e ter um técnico que saiba conduzir este elenco não é tarefa simples. Sem falar no banco, que tem que ser à altura. Times como aquele da Raposa de 2003, com Vanderlei Luxemburgo e cia. são cada vez mais raros. Ganhou o campeonato com um pé nas costas porque poucos adversários conseguiram tomar pontos “bobos” dele.

Igualdade 

São Paulo, Palmeiras, Flamengo e Inter também perderam pontos inacreditáveis, para adversários como Sport, Náutico, Barueri, Santo André, Fluminense e Botafogo. Têm elencos semelhantes aos dos nossos clubes, porém com algumas estrelas, muito mais caras , e isso é o que está fazendo a pequena diferença a favor deles.

Saudosismo

Os atleticanos têm de recorrer a um passado mais distante: 1977, quando Cerezo, Reinaldo e cia. terminaram 11 pontos à frente do São Paulo, invictos, e perderam no Mineirão, nos pênaltis. Não era por pontos corridos, e o Galo ainda tinha que superar o seu técnico próprio, Barbatana, que deixava um Paulo Isidoro na reserva de Joãozinho Paulista e Caio Cambalhota.

Estas e outras notas estarão em minha coluna de amanhã no jornal O Tempo, nas bancas!


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Comentários:
6
  • Alisson Sol disse:

    Se ficou caro para a Irlanda? Esqueça o futebol: a Irlanda está praticamente parada hoje discutindo o lance. Só o prejuízo econômico do lance já é enorme.
    Os jornais da Suécia estão pedindo ao árbitro para espontaneamente renunciar à sua posição na FIFA, evitando maiores afrontas à Irlanda.

    Vou dar-lhe o link apenas do comentário no mais “calmo” jornal da Inglaterra, que é o tradicional “The Times”. O título é: “Thierry é um trapaceiro insincero que manchou sua reputação definitivamente”.
    http://www.timesonline.co.uk/tol/sport/football/article6922619.ece

    O parágrafo mais importante, na minha opinião, é: “A trapaça no futebol é agora comum porque as autoridades nos trapaceam a todos devido à sua falta de espinha para punir os trapaceiros. Será que Sepp Blatter, o presidente da FIFA, ou Michel Platini, o francês que é o seu para na UEFA, condenarão [Thierry] Henry, ou considerarão a idéia de que a partida tem de ser redisputada? Claro que não. Eles vão dar uma de cegos, e outra parte da credibilidade do futebol, outra pequena parte de sua alma, morrerá silenciosamente“. Tony Cascarino, comentarista.

    E este é o jornal mais calmo e tradicional. Traduzir o conteúdo dos outros jornais seria mais difícil, pois eu não seria capaz de traduzir os palavrões!

  • jorge o bom disse:

    O tonhão falou e disse, enquanto certos “comentaristas esportivos” ficam dando essas desculpas, na realidade estão passando a mão na cabeça dos jogadores, e estes tranquilamente contunuam com suas vidinhas de perdedores justificados. Em São Paulo por exemplo qdo os caras fazem merda, o couro come, e com força. Agora, Chico, quem vive de saudosismo é museu, lembrar coisa de 32 anos atrás não dá.

  • Eujácio disse:

    Caro Alisson, sua idéia de esportividade é muito boa e poderia ser uma solução. Realmente faltou iniciativa por parte do árbitro, diante do desespero do goleiro e outros jogadores irlandeses. Você não acha que ficou caro para a Irlanda? Ela poderia ter se classificado. Sua não participação na Copa acarretará em prejuízos.

  • Alisson Sol disse:

    Neste incidente do jogo entre França e Irlanda, há de se aprender uma coisa: há ainda jogadores com classe. Perguntaram ao Thierry Henry se havia sido bola na mão, e ele respondeu: “Eu vou ser honesto, foi mão na bola. Mas eu não sou o árbitro”. Obviamente, a imprensa inglesa está tendo um excelente dia, com manchetes com “Enganador Thierry faz uma Maradona” (“Maradona” por aqui é sinônimo de jogada com a mão).

    Esta ilusão com o uso da tecnologia pode ser diminuída olhando o que ocorre em outros esportes. O futebol americano tem a parada para uso do “replay”. O técnico pode pedir a consulta ao replay, e perde um tempo caso a decisão inicial seja mantida. Várias vezes, mesmo vendo o replay, a decisão em campo é errada. O juiz em campo tem acesso a algumas poucas câmeras, e um tempo limitado para tomar a decisão. Depois do jogo, aparecem sempre outras filmagens de outros ângulos, muitas vezes mostrando claramente que a decisão em campo estava errada. O esporte fica caro com isto, e não fica nada melhor. Um dos motivos da popularidade do futebol é que, com uma bola e um pequeno espaço, pode ser jogado tanto por ricos em Manhattan quanto por meninos pobres na Índia. Tornar o futebol mais caro e inacessível seria uma pena.

    Neste caso, fica sempre a questão: por que, em meio a tanta cobrança de esportividade dos jogadores e torcedores, o árbitro tem esta postura “anti-esportiva”, e sequer foi perguntar ao Thierry se ele tinha colocado a mão na bola?

  • Eujácio disse:

    Chico, que papelão fez o Obina. É demais para um desportista. E dizem que este atleta ganha 100 mil reais por mês.
    _ Você viu o gol da França? A arbitragem mundial vai muito mal. Tem que haver um dispositivo eletrônico para acabar com estes erros capitais. Engraçado, que tanto aqui como lá, os erros só beneficiam a elite do futebol.

  • agora que os jogadores do SP foram suspensos e do palmeiras serão punidos, a imprensa deverá esquecer que o jogador Airton do Flamengo foi suspenso por 5 partidas quando se desentendeu com o jogador Ariel do Coritiba. Também devem esquecer que o Leo Moura foi suspenso em um jogo porque comemorou um gol e xingou a torcida. Só vão tagarelar e falar que o Flamengo está sendo ajudado. Já se esqueceram dos vários penaltis inventados contra o Flamengo. Não ligo pois já acostumei-me com o provincianismo da imprensa mineira! um patife de uma emissora já disse isto! tem jornalista que acha que torcedor é cego e otário!
    é Chico, vc está entre as raras exceções de bom caráter!