Blog do Chico Maia

Acompanhe o Chico

Bolívia como Le Gusta

* Belo texto da Laís Menini, no site www.guerreirodosgramados.com.br

Que Potosí está a 3967 metros de altitude todo mundo já ta careca de saber, mas parece que é aqui, em Belo Horizonte, que começa a faltar ar. Pelo menos para mim. Já fui acometida pela TPA* (tensão pré-altitude), cujos sintomas são tonturas, náuseas, borboletas voando no estômago, ansiedade e concentração zero para o trabalho.  E nem adianta procurar um médico, pois já que a nossa torcida é o dobro mais um, a maioria deles deve estar com o mesmo problema que eu.

Ler jornal, site, blog, nada disso adianta na hora de remediar esses sintomas que estão comigo há dias – e que só vão ser curados na madrugada do dia 28 de janeiro. Que, aliás, é meu aniversário, então me sinto no direito de pedir um presente a cada um dos jogadores, um presente especial: a vitória. É só assim que eu vou ficar um pouco mais tranquila e passarei meu aniversário de bom humor. (Olha a responsa, hein?!)

Tem gente que acha que um empate está bom, tem gente que acha que perder de um ou dois gols de diferença também é vantajoso, já que aqui, no nosso nível do mar – que Minas não tem -, a história é sempre a mesma: Bolívia não tem tradição e a lavada pode ser histórica. Mas outro sintoma da TPA é a teimosia e eu não me contento com nada menos que a vitória. Já me agarrei a todos os santos, patuás, talismãs que se pode imaginar e acredito muito que o Cara lá de cima vai ouvir meu pedido. Bom, se não ouvir o meu, que pelo menos ouça o dos guerreiros, que estão 3967m mais perto Dele.

Ainda não sei onde vou assistir o jogo de amanhã mas uma coisa é certa: vai ser bem perto da área hospitalar, porque vou te dizer, via Galvão Bueno, que haja coração, amigo! É nessas horas que você vê se tem ou não problemas cardíacos ou propensão para desmaios e afins, porque Belo Horizonte sobe inteira 4 mil metros e sente junto com os guerreiros a pressão do ar rarefeito, a velocidade intensa da bola, a contagem regressiva para o fim do tormento que a Fifa insiste em fingir que não existe e o suspiro de alívio e superação que fica 105 minutos preso na garganta.

Quando se tem um objetivo na mão que não pode deixar escapar é como se o mundo inteiro virasse os olhos pra gente esperando, primeiramente, o fracasso. Daí vem a pressão da superação, de se ter vontade e fúria. O Cruzeiro entra nas competições favoritíssimo ao título pela sua qualidade técnica, raça e garra; mas não há pouca altitude que nos deixe em uma situação confortável na Bolívia. Não somos favoritos neste jogo porque contra as causas naturais não existe técnica; só vontade, vontade e vontade. Um exemplo é o Everest, pico mais alto do mundo. Todos que tentaram alcança-lo tinham obviamente técnica o suficiente para dar o primeiro passo rumo ao topo. Quantos conseguiram?

É por essas e outras que nossos guerreiros tem que ter uma coisa que eu não tenho nesse momento: tranquilidade. Estaremos lá com eles, na altitude desumana, suportando a pressão atmosférica, as tonturas, a falta de ar. Por aqui, vamos prender nossa respiração, rezando tudo o que temos e sabemos para que, por lá, os pulmões não falhem. A responsabilidade é gigante, mas com humildade a gente chega bacana no lugar que é nosso de direito.

Que os bolivianos se lembrem, hoje, amanhã e sempre, que a imagem do Cruzeiro resplandece na altitude que for. Afinal, o céu é o limite para os outros, para nós é nossa casa. E duvido que algum adversário consiga, um dia, escalar tão alto – pois, para isso, é necessário que se tenha sangue azul bombeando o coração guerreiro, que insiste em bater mais rápido que a velocidade da bola em 3967m de qualquer canto dessa Terra azul.

Vamos Cruzeiro querido, de tradição.
Jogue com raça, com o coração.
E me traga, suando bicas de amor à camisa, meu presente de aniversário. =)

* Se persistirem os sintomas, Adílson Batista deverá ser consultado!

http://www.guerreirodosgramados.com.br/colunistas-cruzeiro/lais-menini/2079-bolivia-como-le-gusta


» Comentar

Comentários:
3