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Política do Café com Leite. Detalhes da nova vida de Luxemburgo em Minas

Na edição de março a revista Placar fez uma boa reportagem sobre a volta de Vanderlei Luxemburgo ao futebol mineiro, com detalhes da sua atuação no Atlético, em sintonia com o presidente Alexandre Kalil. Só hoje vi este trabalho do jornalista Alexandre Simões, publicado também no site da revista.

* Política do Café com Leite

Em Minas Gerais, único estado onde triunfou fora de São Paulo, Vanderlei Luxemburgo busca recuperar o prestígio perdido

Por Alexandre Simões LUXA1

No início do século 20, o clima ameno e as ruas arborizadas faziam da recém-fundada Belo Horizonte destino de pacientes de tuberculose. Com mais de um século de vida, os ares da capital mineira já não são exatamente terapêuticos. No futebol, porém, o técnico Vanderlei Luxemburgo busca em Belo Horizonte, à frente do Atlético, o restabelecimento. Não da saúde, mas de um currículo invejável, que nos últimos anos deixou de ser abastecido por grandes conquistas.

Na Cidade do Galo, Luxemburgo encontra aquilo com que sempre sonhou. Com o aval do presidente Alexandre Kalil, ele tem enfi m a liberdade para exercer a função de manager – tal qual Alex Fergusson faz no Manchester United, guardadas as devidas proporções. Tudo no centro de treinamento funciona à sua maneira, da bandeja de frutas em sua sala à volta da divulgação da relação de jogadores concentrados, prática que tinha sido abolida no clube desde que Kalil assumiu a presidência.

A atuação do treinador fora das quatro linhas é facilitada por um fato: não existe no Atlético a figura de um gerente ou diretor de futebol. “Se o que o Luxemburgo está exercendo no Atlético é a função de manager, quem estreou isso foi o Celso Roth, no ano passado. Não há diferença entre o poder que os dois têm no do clube”, afirma Kalil. O dirigente defende seu argumento com uma declaração que não é norma entre seus colegas de função. “É estupidez de dirigente achar que entende mais de futebol que um cara que passa a vida dentro do campo. Se entendesse tanto de futebol, não precisava contratar treinador. Eu mesmo treinava o meu time. Minha função é dar a ele estrutura e a dele, me dar títulos”, afirma Kalil.

O próprio Kalil afirma que Luxemburgo vive um momento especial: “Ele me disse que está muito feliz, parecendo um menino, que há muitos anos não se sente tão motivado”. E o dirigente também não esconde a satisfação de contar com um treinador de tanto sucesso à frente do seu time: “O Luxemburgo é uma estrela. Uma estrela matemática. Os números dele são impressionantes. Ele adquiriu isso. Não comprou, não fez marketing, adquiriu com resultados”.

Não é a primeira vez que Luxemburgo experimenta os efeitos terapêuticos de Belo Horizonte. A mesma estratégia salvou sua carreira no momento profi ssional mais difícil de sua vida. Em agosto de 2002, o treinador desembarcou em Belo Horizonte, para comandar o Cruzeiro, com uma bagagem recheada de problemas e polêmicas. Dois anos antes, tinha sido demitido da seleção brasileira. Em 2001, no comando do Corinthians, viu seu time perder a Copa do Brasil para o Grêmio, no Morumbi, com uma derrota de 3 x 1. No ano seguinte, na mesma competição, passou pelo vexame da eliminação do Palmeiras, com duas derrotas para o modesto ASA, de Arapiraca (AL).

Na Toca da Raposa, depois de uma campanha irregular no Brasileiro de 2002, Vanderlei Luxemburgo fez história. A tríplice coroa, levantada no ano seguinte, com a conquista dos títulos do Campeonato Mineiro, Copa do Brasil e Campeonato Brasileiro na mesma temporada, algo inédito no país, devolveu a ele o destaque alcançado nos áureos tempos de Palmeiras e Corinthians, na década de 1990. E fez sua carreira decolar novamente. Em 2004, depois de desentendimentos com o comando cruzeirense, Luxemburgo deixou a Toca da Raposa. Logo depois assumiu o Santos e foi bicampeão brasileiro, passando a ter cinco títulos no total.

Os trabalhos vitoriosos em Cruzeiro e Santos lhe renderam um convite para treinar o poderoso Real Madrid, da Espanha. Era a confi rmação da volta por cima. Entre janeiro e dezembro de 2005, Luxemburgo comandou os Galáticos, sendo apenas mais um que não conseguiu transformar Roberto Carlos, Ronaldo, Zidane, Raúl e Beckham num time. De volta ao Brasil, passou os últimos quatro anos dividido entre Santos e Palmeiras. Em 2006 e 2007, na Vila Belmiro, e 2008, no Palestra Itália, foi campeão paulista, colocou os times no G-4, no Campeonato Brasileiro, mas não alcançou uma grande conquista. O último ano foi muito ruim. Fracassou com o Palmeiras na Copa Libertadores e no Campeonato Paulista e deixou o clube em clara rota de colisão com o presidente Luiz Gonzaga Beluzzo. Voltou para o Santos, de onde saiu porque Marcelo Teixeira perdeu a eleição. LUXA2Luxa na Cidade do Galo: busca de um recomeço em Belo Horizonte

Era hora de deixar São Paulo, onde não havia mais mercado de trabalho. As opções, após o Brasileirão, eram Internacional e Atlético-MG. O time gaúcho saiu do páreo por exigir que sua comissão técnica permanente seguisse no Beira-Rio. Com o Galo, a situação foi bem mais fácil. “O Kalil foi à minha casa, em São Paulo, e com 15 minutos estava tudo acertado”, afirma o próprio Luxemburgo.

DESAFIOS
A satisfação é grande na Cidade do Galo, mas os desafios também. O do Atlético é financeiro. A comissão técnica de Vanderlei Luxemburgo custa 750 000 reais por mês, valor estipulado em contrato do clube com o treinador, que tem autonomia para dividir a quantia com seus auxiliares. Na prática, significa que 9 milhões de reais – praticamente todo o contrato de patrocínio do Banco BMG, de 10 milhões anuais -, será investido somente no pagamento da comissão técnica.

Numa comparação com o que viveu em 2003, no Cruzeiro, Luxemburgo tem ainda um grupo de jogadores mais modesto. Naqueles tempos, Alex, Maicon, Luisão, Cris, Leandro e Wendell, que já estavam na Toca da Raposa, ganharam a companhia de reforços de peso, como o lateral Maurinho, o zagueiro Edu Dracena, os volantes Maldonado e Martinez e os atacantes Deivid e Aristizábal. O Atlético tem um grupo mais fraco e os reforços contratados até agora não são do mesmo nível daqueles que Luxemburgo recebeu em 2003. Chegaram ao Galo os zagueiros Cáceres e Jairo Campos, o mesmo lateral Leandro (sete anos mais velho), o volante Zé Luís e os atacantes Muriqui e Obina.

No Atlético, um treinador badalado nunca conseguiu sucesso. Telê Santana foi campeão brasileiro em 1971 quando estava começando a carreira. Fracassaram ainda no Galo Rubens Minelli, Carlos Alberto Silva e Carlos Alberto Parreira. O pior é a pressão, bem defi nida pelo presidente Alexandre Kalil: “A expectativa da torcida do Atlético é tão grande que ela não tem deixado presidente terminar mandato. Colocaram no ombro do Luxemburgo e no meu 38 anos, pois até os títulos sul-americanos que o Atlético ganhou a imprensa faz de tudo para desmoralizar. Agora vale, mas na época não valia.” KALILEntre Kalil e Luxemburgo, não há gerente ou diretor de futebol

Diante da constatação do presidente, está lançado o desafio a Luxemburgo. Desde sua chegada, ele e Kalil não se cansam de dizer que se trata de um projeto a longo prazo, com um contrato de dois anos. O treinador garante que algo bonito está reservado para ele e que um grande título será conquistado pelo Atlético. Resta driblar a paciência da torcida – que, a julgar pela calorosa recepção ao treinador no aeroporto da Pampulha, o tem como salvador da pátria. E é com esse apoio que, mineiramente, Luxa espera sua segunda ressurreição.

Matéria originalmente publicada na edição de março de PLACAR.

* http://jornalplacar.abril.com.br/materias/politica-cafe-leite-226371_p.shtml


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Comentários:
13
  • Clayton Batista Coelho - "Claytinho - Só Boleiro do Nova Vista/BH" disse:

    Pôxa Chico…

    Alguns Atleticanos deixam comentários por aqui, chamando os Cruzeirenses de Marias entre outras coisas mais voltadas pro lado feminino, aí eu deixo aqui um comentário com uma frase que recebi por e-mail ( “Se tiver uma camisa preta e branca no varal, é porque o Atleticano saiu de rosa” ), aí vc vem e exclui ?? rs

    Por que ?? Chamar o outro de enrustido, gay e maria pode ?? Mas uma frase de piadinha como essa não pode ??

    Abraços

  • Renato Mello disse:

    essa camisa de treino ERA CINZA,Paul… repare q é da antiga fornecedora de material esportivo, a Lotto.
    AZUL em material do GALO, NEM PENSAR! Cor q tem no arco-íris a gente não usa… kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
    Abraço,
    Renato Mello 😉

  • paul disse:

    será q é só impressão minha,ou essa camisa de treino do Galo é azul????se liga Galo!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

  • clauber disse:

    Até hoje pensam que o kalil e o luxa irão lutar ou brigar por espaço na midia. Vejo o kalil sereno. o que ele mais quer é ser campeao brasileiro ai sim ele sera eternizado no clube. Ele esta perseguindo isso incansavelmente, trabalhado bem e feito o que é preciso e o mais importante, com o que tem no bolso e no elenco.

    Vamos la galo.

  • J.B.CRUZ disse:

    VANDERLEI LUXEMBURGO DA SILVA, é o PELÉ dos técnicos o melhor do BRASIL dos últimos 20 anos..Eu sou grato a ele pela conquista da TRÍPLICE-COROA, título inédito no BRASIL..Mas a sorte acompanha as pessoas até certo ponto..Há momentos em que escolhemos os caminhos errados…O time do galo ainda não está a altura de um grande técnico..
    Como disse o comentarista Almir de souza é só o KALIL notar que o VANDERLEI começar a aparecer na mídia mais que ele..HUMMMM!..nÃO SEI NÃO!!

  • Clayton Batista Coelho ( Claytinho - Só Boleiro - Nova Vista/BH ) disse:

    Maria Alice,

    Bem lembrado viu… rs

    Beijos

  • Mauro (Cons.Lafaiete) disse:

    O Luxemburgo é um craque.

    Como diz o Chico Maia: “Técnico da prateleira de cima”.

    Só espero que o Galo tenha condições financeiras de suportar os dois anos de contrato.

    Apóio incondicionalmente a sua contratação.

  • Maria Alice disse:

    O Celso Roth também era o melhor e já tinha até data para ser campeão. Conforme ENTREVISTA DO MESMO EM REDE MUNDIAL.

  • EDUARDO BH disse:

    Fico impressionado com o trabalho do Luxa. E o melhor de tudo é que já começa a dar sinais de bom retorno. Estar na final do mineiro e classificado em mais uma etapa da copa do Brasil é indicativo do caminho certo que o Galo vai trilhando. Olha que a equipe começou a ser trabalhada a menos de 4 meses. Acredito e muito no sucesso, que em breve, baterá na porta do Galo.
    Saudações Atleticanas.

  • rodrigo assis disse:

    apoio omo sempre não faltará, acredito que se realmente existe um projeto, a chance de sucesso é muito grande

  • Renan Rodrigues disse:

    A dívida do Cruzeiro cresceu muito com gastos em um marketing duvidoso. Em especial às pesquisas… Em campo não reflete a vaidade!

  • Emílio Melo Figueiredo disse:

    Obs 1:Nao vejo o time de gelo entre os 16 melhores da América!!!

    Obs 2: Achei que brasileiros nao poderiam mais se enfrentar em um final.

    Zrooo…Rumo ao TRI!!!

    http://globoesporte.globo.com/Esportes/Noticias/Futebol/Libertadores/0,,MUL1577169-9851,00-TIMES+DE+MAIOR+TORCIDA+DO+BRASIL+DUELAM+NA+LIBERTADORES+VEJA+TODOS+OS+CONFR.html

  • denerclaudio disse:

    Luxemburgo é o melhor, a maior contratação do galo nos últimos tempos.
    Estamos com você luxa.