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Domingo tem minha coluna sobre a Copa no O Tempo

Todo domingo estou escrevendo sobre o outro lado da Copa do Mundo no jornal O Tempo. Assuntos fora do futebol, baseados no que vi na África do Sul ano passado, durante a Copa das Confederações.

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Estamos chegando lá, infelizmente!

As comparações do Brasil com a África do Sul ficarão cada vez mais intensas depois da Copa do Mundo. Pela primeira vez duas Copas serão realizadas de forma consecutiva em países do chamado “terceiro mundo”. Ao passado, na Copa das Confederações, fiquei assustado com os questionamentos de colegas jornalistas espanhóis e italianos, que pensam que os brasileiros vivem em condições piores que os sul-africanos, especialmente no que se refere à violência.

A nossa imagem lá fora continua péssima, pior que a nossa realidade, embalada por filmes como Cidade de Deus e pelos noticiários da Globo Internacional, que manda para o exterior os noticiários do Jornal Nacional. Pensam que vivemos num faroeste, onde o comércio se fecha às 18 horas, como na África do Sul.

Depois que voltei de lá passei a prestar mais atenção no nosso dia a dia e constatei: não estamos tão mal como eles, mas estamos a caminho. A impunidade no Brasil é um incentivo à bandidagem e os crimes mais hediondos estão se tornando comuns. Nós estamos nos acostumando como normais os absurdos que tem acontecido em nossa volta.

Nem pensar

Todo estabelecimento comercial na África do Sul conta com seguranças armados ostensivamente à sua porta. Nos estacionamentos de shoppings é comum ver os guardas com o dedo indicador no gatilho de suas escopetas, tensos, prontos para agir a qualquer momento. Vida noturna só existe em grandes hotéis ou áreas especiais. Bares e botecos, como os nossos, nem pensar.

Cuidados

Em compensação a estrutura viária deles dá de dez a zero na nossa. Excelentes estradas, viadutos e elevados que facilitam o tráfego dentro e fora das cidades. E sempre com placas alertando para os devidos cuidados com a segurança, tipo: “não pare nessa rodovia”, “não estacione aqui”, “alto índice de sequestros”, e por aí vai.

Pelo menos fazem esses alertas, coisa que aqui não acontece.

 

As maiores mineradoras do mundo dominam a África do Sul. É um país tão rico quanto o nosso em todo tipo de mineral, especialmente ouro, prata e manganês. Rodando pelas estradas deles, nos lembramos de Minas Gerais, que também calca a sua economia nessa atividade. A logo-marca da Anglo Gold, que predomina na região da Nova Lima, é vista em todo canto por lá.

Mas eles teem uma grande vantagem sobre nós: há estradas específicas para os caminhões e tratores que cuidam desses produtos.

As estradas são o ponto alto deles, muito melhores que as nossas em todos os aspectos. Só dá para comparar a falta de fiscalização, que como aqui, quase não existe, e permite o transporte de gêneros e pessoas, como mostra essa foto do Eugênio Sávio.


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Comentários:
5
  • leonardo a s costa disse:

    chico, parabéns por este espaço. adoro suas matérias que se destacam das demais que vemos nos jornais de Minas Gerais. Não gosto de depreciar as “coisas” de Minas, mas, infelizmente, precisamos de muitos profissionais com o seu quilate e gabarito para tornar nossa imprensa mais séria, profunda, questionadora e combativa.
    Tive o privilégio de conviver sete anos em sete lagoas e ratifico todas as suas palavras, sejam a favor ou contra. Sobre o tema violência, resta-me lamentar a perda gradativa de um ativo intangível: segurança e tranquilidade. não me alongarei falando de países de primeiro mundo. Foco aqui na nossa américa latina. Conheço a colômbia, argentina, chile e uruguai. Lamentavelmente, a nossa liberade civil de ir e vir está sendo cerceada diariamente. já não usamos “latu sensu” o espaço público e, aos poucos, cenas lamentáveis, como dito, se tornam corriqueiras e normais. é muito triste. as pessoas se esqueceram como é bom poder andar na rua portanto um relógio, portando um mochila nas costas, usando um headphone, andar como os vidros do carro aberto… enfim, gozar do espaço público sustentado por nossos recursos, andar nas praças, relaxar nos bancos das calçadas… ao poucos estamos morrendo e entregando nossas cidades para a marginalidade. um forte abraço e continue assim. parabéns e boa sorte.

  • passou da hora da igualdade! a exclusão está acabando com nosso mundo! chega de preconceitos! chega de colonização! Chega de pessoas defedendo os grandes e querendo a exclusão dos pobres e reprimidos! IGUALDADE E FRATERNIDADE! WORLD PEACE!

  • J.B.CRUZ disse:

    CHICO, há oito anos estamos vivendo em País de Marketing, virtual, só na conversa..
    A começar do nosso maior governante..Dono de uma exelente oratória, lula conseguiu cativar banqueiros com juros infinitos, maiores do mundo e ao mesmo tempo ¨comprar consciência¨ com esse famigerado bôlsa-família, tirando do povo brasileiro mais rude o prazer para o trabalho e sonhos de uma vida melhor para sí e sua família..

    No meio dessa leva de brasileiros(banqueiros e miseráveis) vem a clásses média pagando tudo..Boa vida para governo, mensaleiros,banqueiros, usineiros, empresários e todos que ficam na linha entre 80% de miseráveis e 5% de biliardários..Este govêrno não tem o essencial em uma boa administração:Planejamento…Só papo furado…Mas na minha opinião teremos uma boa Copa e uma Boa Olímpiada, justamente porquê nestas solenidades já estaremos sob a governança de quem sabe e nasçeu para Governar e não esse ¨rei¨dos discursos…

  • Alisson Sol disse:

    A visão que europeus e americanos tem do Brasil é hoje a melhor possível. Tanto é, que estão demonstrando isto com o bolso ao darem ao país a chance de organizar eventos como a Copa do Mundo de Futebol e as Olimpíadas. Além disto, quem tem qualquer contato com as atividades econômicas sabe que a bolsa de valores do país está recebendo tanto investimento que o país acaba de implementar uma taxação única no mundo para diminuir a volatilidade, e continua recebendo investimentos mesmo assim.

    As pessoas hoje, tanto no “primeiro mundo” quanto no Brasil, tem acesso a noticiários internacionais e a documentários que mostram de forma clara o que está acontecendo em vários países. E, com a globalização, as pessoas da classe média hoje vivem aproximadamente do mesmo jeito no mundo inteiro, com pequenas particularidade locais. Os que gostam de viajar, hoje podem se hospedar em hotéis de cadeias internacionais quer seja em New York, Belo Horizonte, ou em Katmandu.

    Com a população em geral e, mais importante, com a classe empresarial, a imagem do Brasil vai muito bem. O que afeta a imagem no Brasil no exterior hoje para potenciais turistas é o próprio “marketing Embratur” e a qualidade dos serviços no país. O “marketing” brasileiro no exterior é focado no Rio de Janeiro, e no carnaval. É algo tão caricato como se o marketing dos EUA fora do país fosse de fotos de pessoas em Nova York vestidas para o Halloween. O resultado é que um grande percentual de turistas internacionais, chega ao Brasil, conhece o Rio de Janeiro, e vai embora, o que é uma pena. Dá gosto ver os comerciais que países europeus e estados americanos como Califórnia e Flórida colocam em TVs, revistas e mesmo antes dos trailers nos cinemas. Até mesmo na Internet, a competição é enorme, e há sites como http://www.visitcalifornia.com que fazem o site da Embratur parecer voltado a um burocrata em Brasília.

    Pessoalmente, acho que o Brasil precisa focar no turismo interno. A qualidade dos serviços no Brasil tem de melhorar um pouco para o país ser competitivo mundialmente no setor de turismo. O Brasil é muito longe da Europa e EUA, e a fazer um vôo para o Brasil, os turistas destes países preferem fazer um vôo igualmente longo para destinos da ásia que vão ter hotéis 5 estrelas a preço muito menor, e serviços de extrema qualidade. E, nunca entendi porque, o Brasil ignora o turista asiático, principalmente japoneses e chineses, que já vão ter um pouco mais de difilculdade na língua, e ainda enfrentam burocracia adicional para visitar o Brasil. O bom turista também quer andar sozinho, ou em excursões com bons guias, falando geralmente Inglês, o que é raro fora de Rio/SP. O mau turista está procurando drogas e/ou atividades sexuais ilícitas, e nisto o país não deve tentar competir.

    A questão da violência é universal. Não há praticamente um local no mundo onde boa parte do noticiário não foque na “violência”. Há uma enorme indústria que sobrevive do permanente medo que as pessoas tem da “violência”. Mas este não é nem de longe um problema que afete muito a imagem do Brasil no exterior.

  • Bruno Silva disse:

    Caro Chico, eu particulamente, já desisti de certas coisas neste país. Esperar leis mais rígidas, melhor educação, melhor saúde, é mera utopia.
    Eu, talvez vc e creio que a maioria dos acompanhantes deste blog, não precisem, mas a saúde pública é vexatória, o ser humano nestes pronto-socorros é tratado como animal.

    Eu hoje em dia só penso em levar minha vida da melhor forma, e dar o melhor para minha filha, aproveitando as coisas boas que esta vida oferece, claro conseguindo tudo através do meu trabalho. Destes nossos governos não espero nada. E deste nosso belo país, aproveitar o que ele tem de bom, as belezas, as pessoas.

    Qto a visão que os europeus e americanos tem do nosso país, não é preciso conversar pessoalmente com eles. Basta ver em filmes, como eles tratam o Brasil e a América latina, como países extremamente violentos e atrasados. Uma pena realmente.