É inacreditável e lamentável, mas pelo que li da reportagem do Agostinho dos Santos, no Hoje em Dia, é verdade: continuam tentando transformar Belo Horizonte no maior retiro espiritual do Brasil:
Afixação de faixas proibindo aglomerações no São Bento, em BH, causa sensação de cerceamento de liberdade
Agostinho dos Santos – Repórter
Segurança máxima nos jogos da Seleção Brasileira não acontece apenas nos locais dos jogos, na África do Sul, onde o time está concentrado. No Bairro São Bento, Região Centro-Sul de Belo Horizonte, um aparato de primeira grandeza é montado pela Polícia Militar ao longo da Avenida Cônsul Antonio Cadar, uma das principais da região. Por meio de faixas a corporação avisa: está proibida a aglomeração de pessoas após os jogos do Brasil na Copa do Mundo.
Moradores e comerciantes da região se sentem em um “campo de concentração”. Na última segunda-feira (28), quando o Brasil enfrentou o Chile, pelas oitavas de final da competição, os bares não puderam colocar cadeiras nos passeios e não foram autorizados e exceder sua capacidade de fregueses, além de não expor aparelhos de televisão para quem estivesse nas calçadas. Para isso, teriam que descer os toldos ou colocar proteção nas janelas.
Segundo ao comandante do 22º Batalhão, tenente-coronel Isac Martins, no jogo do Brasil contra a Costa do Marfim, cerca de 12 mil pessoas se aglomeraram na avenida, soltando rojões e consumindo bebidas, incluindo menores. “Foram geradas 62 ocorrências, por embriagues, obstrução do trânsito, entre outras, além de depredação”, afirmou. Segundo ele, as medidas proibitivas foram acertadas em um acordo entre comerciantes, moradores e o Ministério Público. Mas, alguns moradores não ficaram satisfeitos com as medidas. “Todos os fregueses receberam uma pulseira para circular pelo bar, e o movimento caiu muito por causa disso”, afirmou o aposentado Ramiro Oliveira, 65 anos. “Moro no bairro há 39 anos e nunca vi uma situação como essa. Parecia uma praça de guerra, com polícia por todos os lados”.
Ele lembra, no entanto, que milhares de torcedores se aglomeraram próximo aos bares da avenida, com bebidas e atrapalhando o trânsito, no jogo do Brasil contra a Costa do Marfim. Segundo a PM, alguns moradores ligaram pedindo providências, denunciando menores consumindo bebidas alcoólicas e usando drogas. Houve quem relatasse, inclusive, cenas de sexo.
“Pode ter havido algum excesso naquele dia, porque o trânsito ficou complicado, mas não justifica aplicar esta medida nos jogos seguintes, para moradores que não participaram”, disse Ramiro Oliveira. Segundo ele, a PM montou barricadas nos principais cruzamentos da avenida, com realização de blitz. “Meu filho, que é advogado, me contou que precisou mostrar a carteira da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) para entrar no bar e me encontrar, isto após o término do jogo. Ele ficou indignado”.
Três estudantes que moram na avenida informaram que, no jogo de segunda-feira, foram para a Praça JK porque o clima na rua era de “velório”.
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