Blog do Chico Maia

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Mimados e incontáveis

Mimados e intocáveis 

Os “Meninos da Vila” deram uma nova cara à seleção. Não falarei sobre os jogadores do Santos, nem do novo time da CBF, agora sob nova direção técnica, mas sim desse endeusamento interesseiro que grande parte da mídia mais poderosa do Brasil faz dos jogadores de futebol.

A necessidade de vender o espetáculo e criar ídolos provoca exageros, com consequências inimagináveis. A começar na própria imprensa, onde a Rede Globo dá o tom, lança ou inventa modas e é seguida pela maioria, como boi que vai para o matadouro.

Este tratamento paternalista dado aos jogadores faz com eles cresçam se sentindo realmente deuses, donos do mundo e detentores só de direitos, sem responsabilidades a cumprir. Com o fim da Lei do passe aí é que se acharam mais donos da situação ainda. Profissionais que trabalham nas categorias de base contam que diariamente têm problemas com um ou outro, cujo ego já está inflado muito antes da chegada ao estrelato e holofotes.

Nos últimos meses o mundo futebolístico acompanhou situações desagradáveis envolvendo estes “deuses”. Kaká escondeu que tinha uma contusão, disputou mal a Copa e tentou desqualificar o jornalista Juca Kfouri, que denunciou a situação. Agora, com a farsa desfeita, fez com que o médico belga que o operou e o médico da seleção, José Luiz Runco, entrassem num constrangedor bate-boca público, internacional.

Felipe, então goleiro do Corinthians, provocou situação e saiu pela porta dos fundos, visando ganhar mais no Genoa, da Itália. Fracassada a negociação, quis voltar, foi rejeitado e partiu para o ataque à diretoria do clube, tentando jogá-la contra a torcida.

Extrapolou

O caso do goleiro Bruno passou de todos os limites que alguém pudesse imaginar de um jogador de futebol. Sempre se envolveu em polêmicas, desde as categorias de base, mas bateu todos os recordes com essa história que mais parece um romance de ficção policial. Deve ter acreditado na conversa de que no Brasil “quem tem dinheiro não vai para a cadeia”.

Desprezo

Os torcedores, clubes e instituições são apenas trampolins para a maioria dos jogadores que conseguem fama e fortuna. Tratam com desprezo os apaixonados que gritam seus nomes das arquibancadas ou que se acotovelam perto de ônibus, hotéis ou saguões de aeroportos em busca de um autógrafo. E usam as leis e os próprios torcedores para defenderem seus interesses.

Danos

O Flamengo teve de recuar na sua intenção de demitir Bruno porque sabia que teria que pagar uma fortuna numa briga judicial. Mesmo com o jogador na cadeia e com os prejuízos que sofreu é obrigado a pagar os seus salários.

Felipe não obteve sucesso na sua briga com o Corinthians por um motivo só: o time passa por um bom momento e a torcida ficou do lado da diretoria.

Bolsos e egos

Ao esconder que estava machucado, Kaká pensou só nele e nos contratos milionários de publicidade que envolvem a disputa de uma Copa. O choro da derrota ficou com a torcida.

Ronaldo fez semelhante na Alemanha em 2006 quando só pensava em se tornar o maior artilheiro de todas as Copas. Gordo e fora de forma, atingiu seu objetivo, mas a seleção dançou.


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Comentários:
13
  • Frederico Dantas disse:

    Também endosso mais um sensato e realista texto do Chico bem como o comentário do Stefano.
    E viva o quarto poder brasileiro, chamado Rede Globo.

  • André Corrêa disse:

    Pois é, Chico.

    Criam-se ídolos, fatura-se em cima disso e o aliena-se cada vez mais o povo com circo, tirando de todos o foco com questões bem mais importantes que o futebol.

    Você foi muito feliz no seu comentário, Stefano. Futebol não é coisa pra se levar a sério.

  • Renato Paiva disse:

    Assino embaixo de tudo! Ótimo texto!

  • Stefano Venuto Barbosa disse:

    Falou tudo Chico,

    Por isso, não devemos levar o futebol tão a sério, é apenas uma boa diversão.

  • Fabrício Melo disse:

    Chico, ótimo texto! Na ânsia por audiência, a mídia paparica muito os novos talentos, que, ficam ricos ainda muito cedo e despreparados mentalmente, fazem muitas bobagens e findam com suas carreiras precocemente.
    Chico, quando o Galo perde em partidas à noite, de manhãnzinha já há um texto. Até que enfim a manteiga não caiu para baixo, precisamos de sorte e notícias alvissareiras, afinal, ganhamos de um time que o grande Cruzeiro não conseguiu ganhar.

  • Klailton Saraiva disse:

    Até parece que o crucru ganhou do Grêmio Prudente…

  • J.B.CRUZ disse:

    Que sofrimento!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
    Mas, Tio GIGGIO está feliz!!
    Ufa!!

  • Peterson Barbosa disse:

    Hô Chico.! Nas ultimas transmissoes dos jogos do galo pela itatiaia nao tenho ouvido o nosso Mario Henrique ” o caixa ” o que aconteceu com ele? responda-me se souber. obrigado

    – BH

  • Todo ídolo do futebol e do mundo pop deve entender que apesar do seu extraordinário talento e ou fama é uma pessoa como outra qualquer, com qualidades,defeitos, limitações, direitos e deveres.

  • J.B.CRUZ disse:

    EXTRA!!! EXTRA!!! EXTRA!!
    Saiu mais uma pesquisa Lance!-Ibope..Advinhem o resultado????
    Maior Torcida. NAÇÃO AZUL CINCO ESTRELAS…6.800.000(SEIS MILÕES E OITOCENTOS MIL TORCEDÔRES)..
    A do galo, 5.000.000(cinco milhões), sei não, estou achando a diferênça muito pouca…OCRUZEIRO Tem no mínimo 3.000.000 a mais que o galo.. Mas, tá bom, tá bom,,,,,,,,,

  • Mauro (Cons. Lafaiete) disse:

    Parabéns pelo excelente texto Chico,

    Como sempre um craque!

    Sugiro a todos a leitura do texto do psicanalista Jorge Forbes: “O futebol dos mascarados”, no qual ele aborda o tema e “detona” aqueles que não conseguem conviver bem com a mudança repentina do nível de vida.

    Sobre o Flamengo, sei não…. o clube não está obrigado a pagar os salários de ninguem que não esteja trabalhando. No mínimo, ele perde o salário devido às faltas. Agora, sobre demissão por justa causa, aí sim, deve-se esperar a decisão transitada em julgado.

    Abraços,

    Mauro.