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A importância de lideranças competentes e determinadas

Em qualquer área de atividade, lideranças competentes e determinadas produzem benefícios de valor incalculável a uma comunidade.

Há 20 anos o mundo inteiro fala da prova de Fórmula 1 em São Paulo, todos os anos.

Estamos vendo os noticiários informando os milhões de dólares que estão entrando na economia paulistana nos últimos dias, e dos 15 mil empregos diretos gerados pela prova deste domingo.

Pois foi um italiano, radicado na capital paulista, o responsável pela permanência da F1 no Brasil e pela transferência para a cidade de São Paulo.

Ele morreu segunda-feira, era pai da jornalista Barbara Gancia, e um pouco da sua história foi contada na seção de obituários da Folha de terça feira: 

“PIERO VALLARINO GANCIA (1922-2010)”

O homem que devolveu a F-1 a SP

RICARDO GALLO
DE SÃO PAULO

Naquela tarde de 23 de março de 1990, quando a Ferrari do francês Alain Prost cruzou em primeiro a reta dos boxes do Grande Prêmio do Brasil de F-1, Piero Vallerino Gancia sentiu-se aliviado.
Menos pelo resultado -ele torcia por vitória brasileira, embora fosse ferrarista-, mais pelo êxito em uma tarefa inglória: ter viabilizado, em três meses, a volta da etapa de F-1 a SP e a Interlagos.
O trabalho começara em 1989, quando Piero, então presidente da Confederação Brasileira de Automobilismo, soube que o Rio desistira de abrigar a F-1; o país corria o risco de perder a etapa.
Ele foi bater à porta da recém-empossada prefeita Luiza Erundina, que encampou a ideia de reformar Interlagos e adaptá-lo para a corrida, após um hiato de dez anos.
Com ajuda política de Ayrton Senna, conseguiram patrocinadores e iniciaram as obras -o traçado foi reduzido de 7.960 m para 4.325 m. Interlagos nunca mais deixaria de sediar a F-1.
Era mais uma façanha na vida do italiano de Turim, torcedor da Juventus e apaixonado por corridas que desembarcara em SP na década de 1950 para atuar na empresa de bebidas da família.
A vida de empresário ele passou a dividir com a de piloto, sonho de infância.
Em 1966, tornou-se o primeiro campeão brasileiro de automobilismo -àquela altura já era dono da própria equipe, a Jolly Gancia, que teve José Carlos Pace como piloto. Abandonou as pistas na década de 1970 e virou concessionário Ferrari.
De dois anos para cá, falhas de memória alertaram para a sua saúde; os médicos suspeitaram de Alzheimer. Nunca perdeu o modo afável de tratar a todos nem de falar com os filhos em italiano, hábito de sempre.
Dois meses atrás, foi internado. Morreu ontem, por complicações da doença, aos 88 anos.
A cremação foi no crematório Horto da Paz, em Itapecerica da Serra. Deixou três filhos (Carlo, Kika e Barbara, colunista desta Folha) e a mulher Lulla, que não deixou de visitá-lo um único dia desde a internação.


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