Ouvi agora há pouco na Itatiaia uma das saideiras das grandes mentiras e bobagens do presidente Lula, ditas durante oito anos, com pouca ou nenhuma contestação, já que a oposição é e foi bem pior que ele.
Numa apertada que recebeu da repórter Aparecida Ferreira, disse que ela está errada ao dizer que as estradas federais em Minas Gerais são um horror. Voltou com o bordão “nunca antes na história desse país, houve tantos investimentos nas estradas… blá… blá… blá…”
Ainda bem que a Aparecida insistiu no questionamento, mas ele escorregou e mandou logo outros repórteres mudar de assunto.
Aí me lembrei de uma crônica que li semana passada na Folha de S. Paulo, sobre o “paulistério” da futura presidente, que reduziu Minas a apenas um Ministério e ainda por cima uma pasta da prateleira de baixo, que será ocupada por Fernando Pimentel.
Ou seja: para Minas, ruim com o Lula, pode ficar pior com a dona Dilma:
“FERNANDO DE BARROS E SILVA”
Chanchada na largada
SÃO PAULO – O futuro ministro do Turismo de Dilma Rousseff patrocinou com dinheiro público uma noitada a amigos no Motel Caribe, na periferia de São Luís. Até ontem uma figura obscura e irrelevante da política nacional, o deputado Pedro Novais, do PMDB maranhense, usou R$ 2.156 da sua “verba indenizatória” (R$ 32 mil mensais, além do salário) para pagar essa farra privada. Aconteceu em junho.
Uma porção de rabanadas natalinas a quem adivinhar: quem é, quem é o padrinho da indicação do animado deputado ao ministério? Sim, o próprio. José Sarney, em parceria com Henrique Eduardo Alves (RN), o líder do PMDB na Câmara.
Flagrado agora pelo jornal “O Estado de S. Paulo”, Novais “corrigiu o erro”, como ele disse, e devolveu o dinheiro. Deveria fazê-lo fantasiado de Papai Noel, o bom velhinho.
Ontem, quem alegou “erro administrativo” foi a futura ministra da Pesca, Ideli Salvatti, do PT-SC. A Folha revelou que a senadora gastou mais de R$ 4 mil de verba indenizatória para pagar diárias de um hotel em Brasília, ao mesmo tempo em que recebia o auxílio-moradia.
Ideli, Novais, Pesca, Turismo… Não é o caso de perguntar o que essa gente fazia no hotel ou no motel -e sim o que vai fazer no governo.
O Ministério da Pesca é uma piada em si. E o Turismo se transformou nos últimos anos num entreposto de emendas fajutas, uma espécie de Casa das Fraudes a serviço de conchavos parlamentares.
Dilma deveria levar mais a sério o pouco que falou depois de eleita. Na sua primeira entrevista coletiva, ela disse o que buscava nos seus ministros: “Vou exigir competência técnica, desempenho, um histórico de pessoas que não tenham problemas de nenhuma ordem”.
Ao tolerar que a periferia do primeiro escalão do governo seja loteada na base da chanchada, a presidente desautoriza a si mesma e destrava portas que não deveria. Não é a melhor maneira de subir a rampa. Sobretudo para quem bancou Erenice Guerra na Casa Civil.
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