Quem paga a conta?
O assunto predominante esta semana no futebol brasileiro tem sido a disputa de bastidores entre as Redes Globo e Record pelos direitos de transmissão do campeonato nacional a partir de 2012.
Aliada da Globo, a CBF conseguiu rachar o Clube dos 13, e apesar do edital de licitação estar sendo publicado hoje, é grande a incerteza quanto aos ganhos dos clubes nessa disputa, que será decidida em março.
Essas negociações têm importância especial para o futebol mineiro porque dos grandes clubes do país, Atlético e Cruzeiro são, até agora, os maiores penalizados pelos preparativos para a Copa do Mundo de 2014.
Gaúchos e paulistas continuam jogando em seus tradicionais estádios, os cariocas têm no Engenhão uma alternativa viável economicamente com os seus 60 mil lugares.
Na coluna passada falei da opção encontrada na Arena do Jacaré, porém fiquei apenas na solução dentro das quatro linhas, mas não da principal, que é a questão financeira dos clubes.
Muitos leitores escreveram-me, com razão, lembrando que a falta de um estádio em Belo Horizonte, com capacidade, para no mínimo, 30 mil pessoas, foi um duro golpe nas contas do Atlético e do Cruzeiro.
Sem dúvida
Em 2009, no Mineirão, o Atlético teve uma média de 38.761 pagantes no Brasileiro. Em 2010 essa média foi de 13.447. O Cruzeiro teve média de 21.973 em 2009 e mesmo sendo vice-campeão em 2010, chegou somente a 16.072, obviamente por causa da pequena capacidade da Arena do Jacaré, além das dificuldades de locomoção da torcida até Sete Lagoas, a mais de 70 Km da Capital.
Diferença
São dados significativos porque bilheteria faz muita diferença a favor de Atlético e Cruzeiro, ao contrário do que muita gente diz. Na história do Campeonato Brasileiro, o Atlético só perde para o Flamengo em número de edições nas quais terminou em primeiro lugar, em público pagante, como mandante: 10 x 12. O Corinthians liderou seis vezes; o Cruzeiro duas.
De assustar
O Cruzeiro foi o campeão de público da Libertadores da América em 2009 com uma média de 41.269 pagantes. Na final, contra o Estudiantes, 64.800 pessoas pagaram ingressos no Mineirão. Em 2008 a média cruzeirense foi de 37.538. Estreou este ano na Arena do Jacaré, contra o Estudiantes entalado na garganta, para 12.067 pagantes.
Desastre
Se no gramado a Arena oferece boas condições, para Atlético e Cruzeiro, financeira e logisticamente, trata-se de um desastre, mas foi a opção encontrada ao atraso do Independência. Este ano, o nosso maior clássico, teve só uma torcida, para apenas 9.793.
Dados da CBF registram média de 13.196 no Brasileiro de 2010. Convenhamos, um desrespeito às nossas maiores torcidas.
* Estas e outras notas estarão em minha coluna de amanhã no O Tempo, nas bancas!
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