Blog do Chico Maia

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Abuso policial inaceitável, sempre!

O jornalista Ricardo Vasconcelos, da Band, foi vítima de abuso policial em Vespasiano e denunciou o fato.

Ano passado, na Arena do Jacaré, o Renato Alexandre, do Sete Dias testemunhou situação semelhante.

Semana passada, o Vinícius Araújo, de Matozinhos, foi agredido por um funcionário da FMF, depois de Cruzeiro x Once Caldas.

Se a imprensa passa por situações como essa, como fica o cidadão que não tem tantos meios para se defender?

Vivemos numa democracia.

Imagine como deve ter sido nos tempos da Ditadura Militar!

Neste caso, apareceu um oficial, responsável, profissional correto, e acabou com as ameaças.

E se ele não tivesse aparecido?

Veja a denúncia do Ricardo, enviada aos colegas e instituições responsáveis:

* “Caros Colegas (as)

Venho por meio desta esclarecer um fato triste ocorrido na manhã da última quinta-feira, em Vespasiano, na região metropolitana de Belo Horizonte.

Estava na cidade mostrando que um médico estava atendendo do lado de fora da unidade de saúde após ter sido afastado do serviço pela secretaria municipal de saúde daquele município. Até aí, tudo bem. No entanto, o médico havia informado que no Pronto Atendimento havia falta de medicamentos, profissionais e que o atendimento estava precário.

De posse da informação, segui para o local. Como trabalho de videorepórter, estava sozinho. Comecei a gravar a entrada da unidade e cheguei a conversar com alguns pacientes quando fui abordado pela gerente da unidade. Ela me questionava o fundamento das denúncias e de que iria procurar uma resposta junto à secretária de saúde da cidade.

Nessa hora, fui abordado por um capitão da PM identificado como Glauco, que não tinha nada haver com a história, mas por ser amigo da gerente, tomou partido da situação. Começou a dizer para eu não filmar a gerente e a pessoa dele. Mas isto não aconteceu. Estava com a câmera apontada para ele, mas ela estava de standy.

Ele não acreditou e começou a elevar o tom da conversa até chegar o ponto de que eu devia sair do local e que não poderia fazer reportagem nenhuma. Aí, eu comecei a gravar e entrevistei várias pessoas para constar a retaliação que estava sofrendo. Em um determinado momento, ele me deu voz de prisão e chegou a pegar as algemas que estavam na cintura. Ele ainda mandou um outro policial me prender e tomar a minha câmera.

Este segundo policial ainda chegou a colocar as mãos na lente, abaixando a câmera. Me sentido acuado, fui para o outro lado da rua. A população se revoltou e tomou partido a meu favor. Quatro viaturas chegaram ao local e desceram vários policiais que me cercaram. Durante todo o momento, questionava para o capitão qual seria o motivo da prisão e ele disse que eu estava desrespeitando ele, ao registrar as suas imagens e que por isso seria o conduzido à delegacia da cidade. Eu seria colocado em uma viatura, mas argumentei que não poderia deixar o carro de reportagem na rua porque estava com vários equipamentos.

Aí, o capitão ordenou que um policial seguisse comigo no veículo da TV Bandeirantes. No momento em que me preparava para sair, chegou o subcomandante do 36º BPM, Major Félix, que conseguiu acalmar o capitão e evitar a minha prisão. Perguntou se eu queria fazer alguma representação contra ele, disse que não. Que queria apenas fazer o meu serviço.

Sinceramente, fiquei com medo. Em sete anos de jornalismo como formado, nunca passei por isso. Se a população não estivesse ali, acho que poderia ter acontecido o pior porque aquele policial demonstrou completo despreparo para o exercício da função, agindo de abuso de autoridade contra um

profissional que estava ali – para ajudar a população, denunciado o descaso da saúde naquele município.”

Ricardo Vasconcelos

Repórter TV Bandeirantes

Jornal Super Notícia


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Comentários:
9
  • Rodrigo disse:

    O erro do repórter foi ter dito que não queria fazer qualquer representação. Se houve ofensa à liberdade de imprensa, e mais, ameaça à sua integridade física, ainda que a ameaça não tenha sido clara, a representação deveria ter sido feita sim.

  • Marcelo Vieira disse:

    A frase como início de um texto é considerada antiquada, mas entendo que a interrogação na frase inicial da leitora está mal colocada. Não seria exclamação? Rsrsrs.

  • Clayton Batista Coelho ( Claytinho - Só Boleiro - Nova Vista/BH ) disse:

    Há umas três semanas, um policial que estava dirigindo uma viatura me viu falando ao celular e dirigindo ao mesmo tempo. O policial acelerou até ficar do meu lado e disse que ia me multar. Eu falei com ele que era uma emergência, de uma funcionária que estava passando mal e me ligou avisando que não ia trabalhar, mas que ele poderia multar sim pq eu tinha consciência de que estava errado. Do nada, ele mandou que eu parasse o carro. Parei, desci do carro e quando fui falar novamente com ele. Ele de forma truculenta, me disse que não queria nem saber, me pediu os documentos e só faltou me revistar. Me segurou lá uns 10 minutos, depois voltou, me entregou os documentos e disse assim: “Racha Fora” !! Exatamente assim !

    Fiquei indignado, não falei nada e fui embora. E isso foi em frente a uma lotérica, onde várias pessoas ficavam olhando achando que pudesse ser uma abordagem a algum marginal…

    Na hora que ele estava dentro da viatura com meus documentos, eu memorizei a placa da viatura e saí de lá pensando seriamente em reclamar na Corregedoria, Ouvidoria ou seja lá onde fosse. Mas depois, esfriei a cabeça e deixei pra lá. Uma vez que não iria dar em nada mesmo e talvez pudesse dar é mais problemas pra mim depois…

    Mas que isso me deixou p… da vida deixou viu…

  • Diogo Gonçalves disse:

    Infelizmente ainda acontecem coisas desse tipo. Será que nosso país não consegue avançar?

    Eu sei que é complicado e às vezes nós temos medo, mas o repórter Ricardo Vasconcelos devia sim fazer uma representação contra esse capitão da PM Glauco, pois ele fez algo totalmente insensato e imoral e deveria pagar por seus atos.

    Apesar disso apoio o repórter por vim a público e denunciar pessoas desse tipo e, além do mais com tanto poder nas mãos.

  • Fernanda Soares disse:

    Numa boa? Um “jornalista” iniciar com “VENHO POR MEIO DESTA” MERECE ser preso. Deus me livre

  • Anderson Palestra disse:

    Chico, no dia a dia os policiais militares estão mais gentis. Abordam o cidadão de forma mais polida do que era feito antigamente.

    Contudo, em dias de jogos, que os nervos estão a flor da pele, os despreparados, abusam.

    Em outros momentos, como é o caso, quando alguém filma as mazelas dos políticos ou a incapacidade estatal de gerir a máquina pública, dá-lhe porretada.

    Vou até contar um caso. Cruzeiro 0 X 2 Guarani, no início da década passada, no Independência. O time aquela “maravilha” e perdendo em casa para um fraco Guarani e um PM atrás de mim, no último degrau da arquibancada solta essa ” Essa p…. de time tem mais é que se f….”
    Rapaz, eu dei uma encarada no PM, puto da vida e ele me perguntou “Algum problema aí” e eu, encarando-o com cara de poucos amigos respondi: Não, e você, algum problema aí? Virei para o campo e comecei, Cambada de f….. da p…., Cachorrada do Governo e outras coisas mais.

    Torcedor subindo as arquibancadas para ir embora e não entendendo nada e eu lá chingando de forma indireta pois não sou otário de tomar cacetetada. É ou não é um despreparo de um PM escalado para o jogo? Sei que poderia ter tomado uns tabefes, mas não aceitei o comentário.

  • Alisson Sol disse:

    Ontem mesmo eu estava discutindo com um amigo atleticano que trabalha comigo sobre a possibilidade de Belo Horizonte abrir a Copa. Meus motivos para isto não acontecer foram simples:
    1) BH não tem hotéis e restaurantes em quantidade e qualidade suficiente. Estamos falando de algo como 10mil jornalistas estrangeiros querendo um jantar de qualidade na cidade ao mesmo tempo, com uns 500 sendo do nível do Galvão Bueno para cima. Iriam onde?
    2) BH não tem infra-estrutura no aeroporto. Dentre os que conheço, o aeroporto de Confins está praticamente no nível de Fargo, North Dakota.
    3) BH não tem costume de abrir eventos em larga escala e receber bem a imprensa e os visitantes. Veja nesta História de que o policial, “amigo da gerente”, tomou partido da situação. Já imaginaram isto ocorrendo com um correspondente estrangeiro?

    Sei que é duro ler tais coisas. Os dois primeiros problemas se resolve com investimento. O terceiro leva uma geração. As pessoas confundem ter 80% de boa vontade da população com ter 90% de gente preparada para receber o turista, incluindo 100% dos funcionários públicos. No Brasil, só mesmo SP, com a tradição de receber executivos e eventos como a Fórmula 1, e o Rio, com a recepção a turistas, chegam ao nível mínimo. Belo Horizonte pode se preparar e causar boa impressão na Copa das Confederações. Mas o investimento em infra-estrutura por dois anos teria de ser acompanhado por investimento em educação por 20 anos se há mesmo o desejo de fazer a cidade virar um pólo de eventos.

  • tom vital disse:

    Como diria os antigos: Estamos na mão de calango.Se um Jornalista da Band Passa por uma situação dessas imagine o cidadão comum.Parece que ainda estamos na Ditadura.Será que isso não acaba nunca.Parece que o policial se acha acima da lei.O certo seria a gente respeitar o policial.E não ter medo da policia.

    Chico aproveito a oportunidade para manifestar a minha opinião sobre uma situação corriqueira:O tal de desacato a autoridade.Isso é uma falácia.Não sei porque que não aparece alguém para criar uma lei para acabar com isso.
    O Policial pode humilhar você,mas se você tentar retrucar você pode ser preso por desacato a autoridade.Um absurdo!

  • Carlos Roberto disse:

    Mais um vexame da nossa PM. Pena que o repórter não quis levar adiante a denúncia para que o bandido fardado fosse punido.