Amigos,
um presente que o grande jornalista Luiz Carl0s Alves nos mandou.
Obrigado a ele, em nome de todos nós.
Sensacional:
* Chico,
Hoje você fala de alguns brasis rotulados por slogans mentirosos. E menciona a ditadura.
Ontem, você deve ter visto o texto anexo, no Juca Kfouri.
A agressão relatada pelo Roberto Vieira, e outras sofridas pelo casal, sobretudo contra a Elza, levou essas imensas figuras para a Itália, onde eu, José Lino e Osvaldo Faria fizemos para TV Vila Rica (hoje Band), uma histórica entrevista com o casal. Aliás, fizemos várias na Europa (onde estão?).
Elza e Mané estavam “exilados”, pois no Brasil não havia clima nem lugar para eles. Quanta indignidade!
Deles dois me tornei amigo. E em 74 ou 75 fui convidado pela Elza para participar de um show no Chico Nunes em que ela cantava, maravilhosamente como sempre, e depois me convidava ao palco para um bate-papo com Mané.
Foram duas semanas inesquecíveis, mas jamais com o teatro lotado. Ao contrário, o ranço contra o casal ainda prevalecia e em dia nenhum tivemos casa cheia.
Eles se hospedaram no Othon e algumas vezes o Alair Rodrigues (estávamos na Inconfidência) me fez companhia nas saídas com o Mané. Esta é uma outra história que um dia te conto.
Eis a foto feita pelo Lino, na casa do casal, perto de Roma.
O tempo passa, as imagens vão se perdendo, mas ainda dá para matar as saudades do passarinho Garrincha.
Obrigado,
LUIZ CARLOS ALVES
* O texto do blog do Juca, ontem:
20/06/2011
O dia em que a ditadura matou Mané Garrincha
Por ROBERTO VIEIRA
20 de junho de 1964.
Garrincha e Elza Soares dormem na Ilha do Governador.
O casal mais odiado do país.
Castelo Branco se define como homem de centro-esquerda.
Os cariocas apoiam Castelo.
O São Paulo é campeão em Florença.
O Flamengo é campeão do Torneio Naranja com Paulo Choco.
Mas Elza estava com Jango no Comício da Central.
Elza estava com Jango na sede do Automóvel Clube.
Garrincha estava com Elza pro que desse e viesse.
A ditadura chega de madrugada.
Os homens acordam todo mundo na casa.
Garrincha, Elza, a mãe e os três filhos da cantora.
Armas em punho.
Todo mundo nu virado pra parede da sala.
Paredão.
Garrincha pede que poupem as mulheres.
Os militares vasculham a casa.
Destroem os móveis.
Semeiam o terror.
Garrincha está só diante do time adversário.
Garrincha bicampeão mundial.
Garrincha das pernas tortas.
A ditadura vence o jogo.
Mas antes de sair, deixa uma lembrança.
Um dos carabineros abre a gaiola do mainá.
Pássaro indiano.
Xodó de Mané Garrincha.
Curiosamente presente de Carlos Lacerda.
Lacerda que amava os tanques.
Lacerda que também teria seu dia de mainá.
O pássaro desaparece nas mãos do futuro torturador.
O mainá tem seu pescoço torcido.
Garrincha observa o gesto e chora.
O último a sair agarra Mané e afirma:
“Se abrir o bico vai ficar que nem esse passarinho!”
Os jornais publicam a notícia.
Subtraindo a verdade.
O Brasil do mulato inzoneiro.
O Brasil do homem cordial.
Mostra sua face brutal.
Longe das arquibancadas.
Longe dos campos de futebol.
20 de junho de 1964.
O dia em que a ditadura matou Mané Garrincha…
* por Juca Kfouri às 20:00
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