Na imprensa argentina uma vitória, seja como for, tem o mesmo efeito do que ocorre entre nós, da brasileira, de modo geral.
O Chile venceu, de virada, a duras penas ao México, cuja média de idade é 22 anos, e já é apontado como destaque da primeira rodada da Copa América.
Outro assunto em debate entre os colegas portenhos é se acabou ou não o “poder hipnótico”, ou a magia da seleção brasileira, por causa do empate sem gols com a Venezuela.
Não tenho dúvidas que o equilíbrio mundial do futebol é uma realidade, mas o Chile ainda não fez nada que mereça ser destacado e nem o Brasil está decadente.
O time do Mano Menezes vai passar por teste duro sábado, contra o Paraguai, que, entretanto, também começou empatando, 0 x 0, com o Equador.
Com apenas uma rodada é impossível fazer qualquer diagnóstico, ainda mais em um competição com essa, onde quase todas as seleções são verdadeiros ajuntamentos de atletas, que vão se entrosando durante a disputa.
O mesmo pode ser dito sobre a Argentina, que empatou com a Bolívia, e o Uruguai, que suou mais que todas para conseguir um empate com o Peru.
A Colômbia, que tenta recuperar o prestígio perdido desde a Copa da França em 1998, também venceu na estreia, à Costa Rica; tão jovem quanto aos mexicanos.
Numa passada pelo noticiário de Minas, vi que Belo Horizonte está cada vez mais parecida com Buenos Aires no que se refere a manifestações e greves ruidosas. Avenidas, Praças e BRs, fechadas ou com tráfego interrompido por estudantes, operários da construção civil, funcionários públicos municipais e estaduais de várias áreas, sem teto e ocupantes de terrenos sob ameaça de despejo. Isso tudo, apenas ontem.
Em manifestações, Buenos Aires é comparada a Paris, onde os protestos e paralizações também são constantes. Alguns se tornaram permanentes, como das “Mães da Praça de Mayo”, dos “Olvidados de las Malvinas”, onde mães de desaparecidos pela ditadura militar e veteranos da Guerra das Malvinas, tomaram conta da Praça de 25 de Maio, em frente à Casa Rosada, sede do governo federal. E não arredam pé, com barracas e alto falantes.
Há até movimentos considerados exagerados, que surgem e desaparecem da noite para o dia, como é o caso dos “Padres del Obelisco”, onde pais e avós reclamam de ações da Justiça que os impedem de ver filhos e netos. Começou sem grandes pretensões, mas está se tornando forte.
No futebol, os protestos são até violentos, como no rebaixamento do River Plate, mas durou só uma noite e agora está apenas nas rodas de conversa e na imprensa.
A vantagem dos argentinos é essa! São apaixonados por futebol, mas se enquadram na teoria do Nelson Rodrigues de que “o futebol é a coisa mais importante, das coisas menos importantes”. Tanto que os torcedores do Boca não comemoraram a queda do River, porque o futebol do país perdeu, e a economia também. Os quatro clássicos anuais entre eles, eram um dos itens mais vendidos nos pacotes turísticos portenhos.
Por falar em Boca Juniors, o Museu do clube, dentro do mítico estádio La Bombonera é uma visita obrigatória, para todas as idades. É um passeio pela história da humanidade, traçando paralelos entre a data de nascimento do clube e acontecimentos políticos e sociais na Argentina e no mundo. Em fotos, vídeos e registros da imprensa em vários formatos, em seis idiomas. Até quem não gosta de futebol sai emocionado.
Aqui como aí: obra parada do novo estádio do Estudiantes, dentro do “Bosque”, área verde, no centro de La Plata.
Os políticos permitiram, mas a população recorreu à Justiça para impedir a ocupação indevida de uma das principais áreas de lazer da cidade.
Aqui, a obra vista pelo lado do Bosque.
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