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Inversão de valores

Como sempre, Ruy Castro, bom demais da conta.

Veja esta coluna dele na Folha de S. Paulo, de ontem:

* “Proteção compulsória”

RIO DE JANEIRO – Em “O Falcão Maltês”, o romance de Dashiell Hammett que, em 1930, consagrou a linha de policiais realistas na literatura, Miles Archer, sócio do detetive particular Sam Spade, é assassinado em meio a uma investigação. Spade tinha relações apenas profissionais com Archer. Na verdade, nem gostava muito dele e ainda dava umas voltinhas com sua mulher. Mas a morte do parceiro o obriga a sair para desvendar o crime. “Quando matam o sócio de um detetive, é ruim para os negócios”, diz Spade.
Imagine então o assassinato (ou execução) de um juiz. Não é ruim apenas para os negócios da lei, mas para todo o tecido social. É um recado que os bandidos estão mandando para promotores, jurados, juízes e demais envolvidos na comunidade legal: o de que tomem cuidado nos próximos julgamentos.
Na verdade, é um ato quase simbólico porque, no decorrer de um processo, nem tudo deveria ir para a conta do juiz. É a polícia que investiga, o promotor que acusa e o júri que julga. Mas quem conduz os trabalhos, define as sentenças e aplica a lei é o juiz. Do ponto de vista do réu, ele é a palavra final, o martelo fatal, a lei em si.
E, embora a lei seja teoricamente uma só, os martelos podem ser mais leves ou mais pesados. O da juíza Patrícia Acioli, morta a tiros na semana passada em Niterói, estava nessa última categoria -o que a tornava um alvo preferencial de vinganças. A hipótese de ter sido um crime passional, por ciúme, não altera a possibilidade de que seus desafetos um dia a pegassem.
O que espanta é que uma pessoa nas suas condições circulasse tão exposta. Se qualquer deputado marca barbante vive cercado de aspones para lhe carregar a pasta, abrir a porta do carro e protegê-lo à custa do Estado, por que um juiz, tão mais visado, não teria segurança compulsória -mesmo contra a sua vontade- e permanente?


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Comentários:
4
  • Everaldo Angelim disse:

    chico, vive-se hoje uma inversão de valores, intelectuais são desprezados, desvalorizados e mediocres são exaltados e valorizados.
    O que está por traz dessa inversão de valores?
    meu nome é everaldo sou paraense,estudante de administração.Grato

  • Carlos Veloso Leitão de Figueiredo disse:

    Fala Chico, tudo bem?!?!?!?!
    Olha, sou servidor público federal (probo) e estive em dois órgãos que tem poder de policia: Policia Federal (8 anos) e Receita Federal (hoje).
    A cada dia que passa, firmo convicção de quê, acima do poder instituído (executivo, legislativo, judiciário etc etc etc) existe o crime organizado pairando acima de todos os poderes e o pior, interligado mundialmente.
    Percebo que o dinheiro do crime está investido em todos os seguimentos do mercado, principalmente no financeiro.
    É uma triste realidade…na verdade, resta aos diversos chefes dos poderes executivos no mundo fazerem concessões ao crime e pelo outro lado, tentar melhorar a vida de quem tem necessidade.
    Quem não faz concessões, não cumpre mandatos, não exerce sua função pública dignamente… é uma triste realidade MUNDIAL, é bom que se frise visto que, a uma tendência nacional de falarem que só existe no Brasil.
    Basta ler os jornais dos diversos países do mundo, inclusive os ditos de primeiro mundo, que deparamos com noticias muito semelhantes as daqui. Pela internet, acessamos todos os jornais do mundo, é só atentarem para a parte criminal e política.
    É uma triste realidade.

  • Edmo Ulrik disse:

    Oi Chico Maia sou filho de promotor de justiça e não tenho dúvida foi crime passional

  • GLAUDSON FREITAS disse:

    Olá Chico Maia , gostaria que você postasse mais fotos do estádio Independência mais atualizados , pelas as ultimas que vi as obras estão a todo vapor , sou americano e pelo que estou vendo o América vai ter uma casa e tanto, abraços .

    – Belo Horizone