Grande parte da imprensa e de torcedores achou um escândalo a atitude do lateral Mário Fernandes de rejeitar a convocação para a seleção brasileira.

Pois bato palmas para ele, pelo desprendimento e desapego à vaidade exacerbada que prevale neste meio.

Para mim a sua única falha foi não ter avisado mais cedo que não estava a fim, mas, mostrou que seu estilo é esse e fim de papo.

Não é a primeira vez que esse Mário vira notícia nacional por causa de posição semelhante e a essa reportagem da Folha de S. Paulo levanta o assunto: 

“Novato desdenha time e irrita Mano”

SELEÇÃO
Lateral direito Mário Fernandes alega razões pessoais para não se apresentar e ganha reprimenda

Mário Fernandes, 21, aprontou de novo. E agora comprometeu de vez seu futuro na seleção brasileira. O lateral do Grêmio se recusou a embarcar de Porto Alegre para Belém, onde se juntaria ao time convocado pelo técnico Mano Menezes para enfrentar a Argentina.
O voo seria ontem de manhã. Perto do meio-dia, mandou um e-mail ao técnico da seleção, no qual tentava se explicar. Alegou “motivos estritamente pessoais”.
O Grêmio fez o mesmo. Enviou e-mails, para o técnico da seleção e para a cúpula da CBF, tentando explicar a deserção de seu jogador.
Mano respondeu por meio de nota oficial, publicada ontem à tarde no site da confederação. Diz o texto que o técnico “respeita os motivos abordados pelo jogador, mas ressalta que considera não serem os mesmos suficientes para futuras decisões envolvendo a seleção brasileira”.
Na prática, significa que Mário Fernandes nunca mais será convocado por Mano, que conta apenas com o santista Danilo para a posição.
Essa foi apenas a segunda vez que o lateral do Grêmio fez parte de uma lista da seleção. A outra foi para o primeiro jogo entre Brasil e Argentina, disputado há duas semanas, em Córdoba.
Na véspera daquele jogo (no qual ficou no banco), o atleta sofreu o “castigo” a que os calouros são submetidos quando são convocados.
Após o jantar, subiu numa cadeira e discursou para os demais. Segundo funcionários da CBF que presenciaram a cena, Mário Fernandes declarou estar “muito feliz” e que pretendia “voltar sempre” à seleção brasileira.
O vídeo não foi ao ar no site da CBF para não constranger ainda mais o jogador, que já tem um histórico de decisões mal explicadas.
Mário Fernandes foi revelado pelo São Caetano. Em 2009, transferiu-se para o Grêmio numa negociação de R$ 1 milhão. Logo depois de ter sido contratado, o jogador desapareceu de Porto Alegre.
O caso mobilizou a polícia gaúcha. O jogador foi encontrado quase uma semana depois, na casa de um tio, em Jundiaí (SP). Em entrevistas após o caso, chegou a brincar sobre o assunto. “Nem eu sei o que aconteceu”, afirmou.
Quando foi convocado por Mano para o primeiro jogo contra a Argentina, novamente fez piada sobre o assunto. “Eu não posso sumir de novo na seleção.”
O empresário Jorge Machado disse que “tentou de tudo” para fazer Mário Fernandes embarcar para Belém. O jogador foi proibido de dar entrevistas ontem. Em nota, o Grêmio informou que ele voltaria aos treinos hoje. (MF)

MEMÓRIA

Deserções no time nacional são raros

DO ENVIADO A BELÉM

São raros os casos como o de Mário Fernandes na história recente da seleção.
O mais notório talvez seja o do lateral e zagueiro Leandro, que pediu dispensa antes da Copa-1986.
Foi em solidariedade ao atacante Renato Gaúcho, que havia sido cortado por Telê Santana por sair da concentração e se atrasar na reapresentação.
Leandro estava junto, e só Renato foi punido.
Em 1995, o meia Arilson desertou no meio do Pré-Olímpico da Argentina.
O jogador defendia o Kaiserslautern, da Alemanha, e se sentiu “ofendido” por não estar sendo utilizado por Zagallo. Sem avisar ninguém, deixou o time e viajou à Europa.
Há dez anos, o volante Mauro Silva, campeão do mundo em 1994, desistiu de disputar a Copa América da Colômbia. Os problemas de segurança do país-sede foram a justificativa.
Em 2002, o lateral esquerdo Serginho, então no Milan, mandou um fax para a CBF no qual pedia dispensa do amistoso com a Coreia do Sul e também de “futuras convocações”.
Em 2007, com Dunga, o meia Zé Roberto, então no Santos, solicitou dispensa da Copa América e de campeonatos futuros. (MF)