Não tenho dúvida que Belo Horizonte teria plenas condições de receber a abertura da Copa do Mundo, quanto à estrutura física, esportiva, viária e hoteleira que terá em 2014.
Porém, baseado no que tenho visto ao longo dos anos, de forma mais forte nos últimos anos, nossos governantes não querem.
Fingem que querem, para jogar para a torcida, ficar bem com os eleitores, mas não querem.
Um exemplo: a recente “Corrida Maluca”, evento super interessante, que atraiu o dobro do previsto e virou polêmica porque provocou um caos no trânsito da região do Bairro Mangabeiras e adjacências.
A população reclamou e cobrou, com razão, da Prefeitura, e o órgão responsável, BHTrans pôs culpa nos promotores do evento. A Regional Centro-Sul, que é a Sub-prefeitura daquela região apoiou a bobagem dita pela BHTrans e foi além: disse que a cidade não tem espaços para eventos como este!
Santo Deus!
O que falta é competência a essa cambada! Aliás, serei mais brando: falta experiência, porque essa é a verdade, por um motivo simples: os governantes que assumem, normalmente desprezam e dispensam ou mudam de função, funcionários antigos que ocupavam cargos estratégicos e que conheciam o funcionamento da máquina.
Técnicos e profissionais gabaritados muitas vezes são colocados no corredor ou deslocados para setores que não têm nada a ver com eles.
Não raramente, os novos ocupantes do poder, entre prefeitos, governadores, secretários, diretores de autarquias, gerentes e etecetera e tal, têm seus afilhados políticos, parentes, cabos eleitores e apaniguados em geral, e precisam daqueles cargos. Aí tacam, incompetente e ou inexperientes nas áreas. Pessoas erradas nos lugares errados!
Às vezes o profissional que estava lá não empunhou a bandeira do partido vencedor, nem quis distribuir santinhos e foi “dedado” pelo pelego de plantão que fez a chamada no dia do “bandeiraço”, carreata ou caminhada.
Semanas depois da posse do eleito, o Diário Oficial deu o troco. E a sociedade dançou, como neste recente caso da “Corrida Maluca”!
Outro exemplo, recente: a imprensa do Brasil inteiro elogiou o trabalho da segurança pública na final da Libertadores da América entre Cruzeiro x Estudiantes, em 2009.
Jogo explosivo envolvendo brasileiros e argentinos. Trabalho perfeito das Polícias Civil e Militar.
O comandante da operação militar, foi o Coronel Nilo, então comandante do CPC, que foi pessoalmente para as BRs, Avenidas e entorno do Mineirão para coordenar buscas, revistas e apreensões de armas, bombas, foguetes e malfeitores.
Pegou muita coisa, prendeu argentinos e brasileiros e tudo correu da melhor forma para quem foi apenas torcer ou trabalhar no Mineirão naquela noite.
Poucos meses depois ele resolveu se aposentar para cuidar de seus negócios particulares. Nem vou entrar nos méritos desse seu desejo de deixar a PM, que ele sempre amou e entrou para a história dela como um dos oficiais mais elogiados, por superiores e subalternos. É outra história.
Mas, pergunto: alguém da Prefeitura ou Governo, já perguntou por onde anda o Cel. Nilo?
Com toda a experiência e bagagem, não seria um excelente consultor, ou secretário, ou simplesmente um colaborador?
Citei o caso dele, porque foi o primeiro que me lembrei, mas há centenas de casos de gente, em todas as áreas que envolvem um grande evento, que poderiam e deveriam ser acionadas pelo poder público, se houvesse vontade política realmente.
Não. Preferem, simplesmente proibir as coisas, botar culpa em quem promove e dificultar a vida de todo mundo.
Querem que Belo Horizonte continue sendo chamada por muitos de “roça iluminada”.
Agora, leia este artigo do empresário e cidadão belorizontino Marco Antônio Falcone, com o qual concordo em todos os aspectos:
* “O proibir por proibir, ou como Belo Horizonte quer pleitear a abertura de uma Copa do Mundo.”
Já escaldado com as proibições comuns do poder público quando não tem competência para organizar, ou mesmo fiscalizar, como a proibição de cerveja em jogos de futebol, me deparei com uma coisa inacreditável publicada no jornal O Tempo do dia 04/10/2011. O jornal versava sobre o despreparo da capital para grandes eventos, já que no final de semana anterior tinha sido realizada a “Corrida Maluca”, na praça do Papa e o público presente superou 57 mil pessoas, quando o previsto eram 30 mil pessoas. Ao invés de assumir sua incompetência a prefeitura atribuiu os tumultos e desconfortos à “falta de educação das pessoas que não respeitaram as leis de trânsito, e o público além do previsto”. O que é isto? Cabe à Prefeitura prever o público e se estruturar.
Estou certo que muito disto vem do moralismo exacerbado, dos cabeças de planilha e da própria imprensa. Outro dia acompanhava o Bom dia Brasil, da Globo, e ao comentar uma briga de gangues nas proximidades de uma boate no Rio, o “especialista em segurança” da Globo afirmou que o evento privado da boate é que deveria ter sido proibido.
O que é isto!?
O público proibindo o privado por não ter competência de controlar o lado externo, que é de sua competência!
Voltando à matéria da jornalista Joana Suarez, de O Tempo, o pior ainda estava por vir. Empresário Cervejeiro que sou, difusor da cultura cervejeira em Minas e no Brasil, um dos mentores das festividades do St. Patrick’s Day em nossa capital, talvez um dos mais importantes eventos culturais internacionais de Belo Horizonte, representando o dia oficial da Irlanda em nosso país, com público superior ao dia da Itália e ao dia da França, segundo a matéria, ESTÁ PROIBIDO de ser realizado.
O que é isto?
Para quem não sabe St. Patrick é o padroeiro da Irlanda e em suas festividades as cervejas são servidas tingidas de verde, as pessoas se vestem de verde e saem às ruas em uma festa alegre e ordeira e Belo Horizonte estava se inserindo como a maior festa St. Patrick do Brasil, elogiada pelo próprio governo irlandês.
Nem que fosse como treinamento para a Copa, acho que a cidade tinha obrigação de receber este tipo de evento. Desculpe regional Centro-Sul, devia se estruturar ao invés de proibir.
* Marco Falcone
Sócio e Cervejeiro da Falke Bier, Sommelier Internacional de Cervejas diplomado pela Doemens Akademie de Munique e SENAC/SP, Diretor do Sindbebidas/FIEMG, Presidente do Conselho Administrativo da Associação dos Cervejeiros Artesanais de Minas Gerais e Membro e Fundador do NEC – Núcleo de Estudos da Cerveja
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