Mário César disse:

O drama do América é ter de encarar essa FMF que só protege atlético e cruzeiro, lutar contra essas duas equipes de patrocínios gigantescos e ainda conseguir peitar essa quadrilha e só perder depois que o árbitro faz o serviço. Isso é motivo de orgulho.

O drama do América é jogar quase sempre com 10 contra 12.

ELISMAR SANTOS disse:

REFLEXÕES MATINAIS

Mais um dia de chuva. Os pássaros, apenas alguns poucos pardais, barulharam logo cedo à minha janela. O cheiro do café coado vinha saboroso da cozinha e junto dele o cheiro da terra molhada, vinda lá do quintal, junto à mangueira e o laranjal. O pé-de-acerola fica mais para o fundo, perto do córrego que passa rente às terras do meu compadre.
A cama ainda estava quente do lado dela. Era ela quem preparava o café, se bem que a empregada poderia muito bem fazê-lo. Desde que estava em casa, preparava o café e trazia no quarto, onde tomávamos e depois brincávamos, até que o Juca me viesse chamar para a lida no campo. Minhas manhãs ficaram melhores, mais quentes e preguiçosas ao lado dela.
Sim. A mulher do Arnaldo ainda está em casa. Não; não sei ainda do paradeiro do sujeito. As notícias chegam desencontradas, algumas dizem que ele está pelos lados do Bom Jesus da Lapa; outras que ele anda tocaiado por essas bandas mesmas, a esperar por um descuido meu. Há, ainda, aquelas que dizem que ele esteja morto e que a assassina é a esposa. Nesta última não acredito, embora uma pontinha de dúvida, vez ou outra, me ataque.
Hoje a mulher do Arnaldo levantou ainda escuro. Fez o café e trouxe até o quarto. Notei que estava estranha, meio arredia, pensando longe de nós. Pensei que pudesse estar com saudades do Arnaldo, mas não disse nada; melhor não remoer o que esteja no passado. Fiz-lhe alguns carinhos, mas, rapidamente, ela foi se esgueirando. Não retruquei; fiquei a olhá-la apenas, a espera que me dissesse algo. Não disse e ficamos ambos calados.
A verdade é que o homem ainda nos assusta. Meus dias ficaram mais bonitos, mas, ao mesmo tempo, ficaram mais temerosos. O Arnaldo desapareceu, mesmo assim continua no meio de nós. À noite ela tem pesadelos, grita, chora e diz que não tem culpa naquilo. Não sei de que se trata, qual o seu sonho, mas temo que seja relacionado ao meu amigo.
O cheiro do café ainda é forte e ela ainda está na cozinha. Deve estar lavando as vasilhas, enquanto chora silenciosa. Fico a pensar em que pensa, se em mim, no Arnaldo ou em algo alheio a ambos. Confesso; tenho ciúmes dela. Não com o Arnaldo, mas com outro; Talvez um terceiro, algum outro amigo e… reflito… se ela fizer comigo o que dizem ter feito com o meu amigo?…

Samuel Lucas Nascimento Reis disse:

Chico, gosto muito de suas considerações sempre ponderadas e imparciais apesar de atleticano como eu. Tentarei ser o mais sucinto possível, mas o assunto é extenso e requer muita discussão. Lendo sobre o Kaio pude lembrar de algumas coisas que observei durante os 2 anos em que estagiei no departamento medico do América-MG. Lá tive contato com as categorias de base dos grandes clubes de minas. Não sei se ainda continua dessa maneira, mas as coisas eram muito desorganizadas. Observava que o Coelho sempre recebia jogadores que eram dispensados do Galo e do Cruzeiro. Em contra partida, estes sempre levavam os destaques do Mequinha. Nos últimos anos, observamos o que o America tem revelado bem mais jogadores que os outros dois da capital. Os jogos nas categorias de base eram sempre muito disputados entre os grandes. Mas, notava que, tanto o Galo quanto o Cruzeiro, tinham mais talento em campo. Fato que se confirma com um numero maior de jogadores convocados para as seleções de base. Na minha opinião, é preciso repensar o futebol em minas. Galo e Cruzeiro nao revelam mais porque nao colocam os meninos pra jogar. Se os fizessem e os apoiassem teríamos grandes jogadores saindo para o futebol nacional.Nota-se que até por uma questão de necessidade o America revela mais, pois lança mais jogadores das bases. Posso citar varios nomes do Galo e do Cruzeiro que ficaram apenas como possíveis grandes promessas. Em 2008 quando o Leao era o Treinador do Galo lançou dois jogadores que ao meu ver eram grandes promessas. Trata-se de Chiquinho (jogava como segundo volante num time que tinha como destaque o atacante Kleber do Porto), jogador de toque facil, rapido, que foi lancado como meia atacante e depois como lateral, teve poucas oportunidades e depois desapareceu hoje esta no Nova Iguaçu jogando como lateral e do meia atacante Rafael Aguiar que foi lançado muito jovem, fez pouquíssimos jogos e foi dispensado, hoje no Guarani. Tem varios exemplos que nao vale citar. Se fizermos uma analise retrospectiva, veremos que um dos maiores momentos do futebol brasileiro foi na decada de 80 em que tínhamos como destaque Flamengo e Galo, que tinham seus times formados por grande maioria de jogadores formados em casa. Por que vivemos no segundo maior estado do pais em população e revelamos tao poucos jogadores? Tem de colocar gente mais qualificada para gerir o futebol. Nao da pra chegar no infantil, juvenil ou junior de um time e ver um bossal gritando com um garoto que saiu de casa com 14, 15 anos de idade para tentar vencer no futebol. Como na vida, alguns jogadores nascem prontos, se destacam cedo, outros levam tempo. É preciso psicologia pesada, investir em profissionais capacitados. Pessoas estruturadas para guiar o futuro da garotada, formando além de tudo cidadãos. Estrutura fisica é importante mas falta o pessoal. Somos o que somos por sermos seres pensantes. Animais que usam apenas o fisico perderam espaço na evolução.
Samuel Lucas: Torcedor fanático pelo Galo e Médico.

– Belo Horizonte