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As semelhanças e diferenças entre o atual e o ex comandante do nosso futebol

Para que ninguém se iluda ou se surpreenda, é bom conhecer melhor o que pensa e como age o senhor José Maria Marin, sucessor do Ricardo Teixeira no comando da CBF.

Li na Folha de S. Paulo, semana passada, a lembrança de atos e práticas dele em seus negócios pessoais e no comando da Federação Paulista de Futebol.
Tem grandes semelhanças, nada positivas, com o Teixeira, e um defeito grave que o Teixeira não tinha: é chegado em uma virada de mesa e em não cumprir regulamentos.
Confira:

* “Marin”
À frente da federação paulista, cartola politizou entidade, admitiu virada de mesa, atacou Globo viu fracassos de clubes do Estado

Os seis anos da presidência de José Maria Marin na Federação Paulista de Futebol, entre 1982 e o início de 1988, não servem como retrospecto para a gestão do cartola na CBF, iniciada na segunda.
Enquanto ele mandava no futebol do Estado mais rico do país, os clubes paulistas só ganharam um Campeonato Brasileiro, o de 1986, com o São Paulo, e nunca passaram da primeira fase de uma edição da Taça Libertadores.
Mais do que pela precariedade técnica, o período é lembrado pelo caos que virou o futebol paulista sob o comando do cartola. A começar pela politização da federação.

Marin foi eleito e assumiu enquanto era vice-governador do Estado -logo depois virou governador na vaga de Paulo Maluf, que renunciou para se candidatar a deputado federal. Ambos foram indicados pelo regime militar.
Sua sucessão também não escapou do viés político. A escolha de Eduardo José Farah foi feita de comum acordo com Orestes Quércia para manter a parceria que o PFL, partido de Marin à época, e o PMDB, agremiação do então governador, tinham na Assembleia Legislativa de SP.

O agora presidente da CBF também não honrou regulamento do principal torneio organizado pela federação.
Em 1987, o regulamento previa que quatro clubes fossem rebaixados no Paulista.
No primeiro turno, o Corinthians ficou na lanterna.
Começou a pressão para que as regras fossem mudadas. Marin, inicialmente, disse que elas seriam respeitadas. Mas, semanas depois, o regulamento mudou no meio da competição, com a previsão de só dois rebaixados.

A decisão bagunçou o futebol paulista no ano seguinte, quando Marin já havia deixado a federação.
Alegando que foram prejudicados pela virada de mesa, Ponte Preta e Bandeirante, os dois últimos do torneio de 1987, foram à Justiça comum para permanecerem na primeira divisão em 1988. Eles disputaram alguns jogos, mas a decisão a favor da dupla foi revertida, e partidas tiveram que ser anuladas.

O novo presidente da CBF também foi contra a Copa União, torneio que foi o embrião do Clube dos 13.
Ao romper com a CBF, a entidade criada para reunir os maiores times do país resolveu criar uma espécie de liga.
Marin atacou a ideia e até bombardeou a TV Globo, que era parceira dos clubes.
“O futebol paulista não pode ficar subordinado aos interesses de uma emissora de tevê”, disse o cartola na edição da Folha do dia 12 de setembro de 1987.
Na ocasião, o dirigente chegou até a ameaçar proibir a exibição de partidas da Copa União pela Globo.
Marin, no mesmo dia, afirmou que tinha a disposição de “entrar com mais de cem ações na Justiça caso a Globo teime em desrespeitar a reivindicação de nossos filiados”, citando os clubes de todas as divisões do Paulista.

Para defender sua gestão, Marin diz que, com ele, um clube do interior foi campeão estadual pela primeira vez (a Inter de Limeira, em 1986).
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* Gestor
Novo presidente da CBF arrenda rádio para igreja evangélica em negócio cuja regularidade é questionada por especialistas

O novo presidente da CBF, José Maria Marin, tem a concessão de uma rádio AM em São Paulo, que ele alugou para uma igreja evangélica.
A regularidade do negócio é questionada por especialistas ligados à área de telecomunicação. Mas, até hoje, não houve punições para esses arrendamentos, comuns nas rádios nacionais.
No caso de Marin, a Rede Associada de Difusão Ltda., da qual é sócio majoritário, tem a concessão de radiodifusão em Santa Isabel, município próximo a São Paulo.
Na capital, é transmitida na 560 MHz AM com o nome de rádio Paulista.
A empresa de Marin obteve o direito sobre essa estação em 1999, em transferência feita da empresa Rádio e Televisão Campestre Ltda.

Esta, por sua vez, ganhara a outorga em 1983, ainda durante o governo militar. As concessões são feitas por meio de concorrências realizadas pelo governo federal.
A versão de Marin é que ele comprou a concessão de sua rádio. Há uma curiosidade no negócio: as duas empresas funcionam hoje no mesmo endereço. Estão na avenida Paulista, 2202, conjunto 81.
A transferência do direito foi aprovada pelo governo federal e pelo Congresso, assim como a renovação da concessão feita posteriormente.
Com o direito sobre a rádio, Marin tem arrendado os seus horários. No momento, toda a programação é ocupada pela igreja Deus é Amor.

A entidade religiosa lista em sua rede de emissoras a rádio Paulista, 560 MHz AM, mas em Itaquaquecetuba. A transmissão chega à capital.
Na faixa, é possível ouvir o presidente da igreja, David Miranda, prometer curar câncer, dor na coluna e paralisia, entre outras doenças. Há depoimentos de fiéis que dizem que seus problemas foram sanados ao seguir a igreja.
Em 2011, a Folha revelou que laranjas compravam concessões de rádios em nome de terceiros. Uma dessas pessoas afirmou ter autorizado que a igreja Deus é Amor usasse seu nome para comprar uma faixa de frequência.
Procurado pela reportagem, o departamento jurídico da Igreja não atendeu ligações para falar sobre o aluguel da rádio Paulista.

A Rede Associada de Difusão, de Marin, não transmitiu sempre programação da entidade religiosa. Antes, cedera o espaço a terceiros e até teve programas próprios.
O arrendamento total de rádio e de televisão -excluído aluguel de horários específicos- é considerado ilegal em parecer do jurista Fabio Konder Comparato.
Alega que a radiodifusão é uma concessão pública e, por isso, não pode ser sublocada sem uma análise do governo.
“Em conclusão, tenho por nulos e de nenhum efeito os atos de arrendamento de concessão de serviços públicos de radiodifusão sonora”, afirma o jurista, que tem apoio de ONGs ligadas ao setor.
O problema é que ele se baseia na lei 8.975, que trata das concessões públicas. Mas essa legislação exclui os direitos sobre rádios e TVs.
A legislação específica para esse setor não proíbe nem permite o arrendamento.
As emissoras de rádio já se mostraram contrárias a um veto desse tipo negócio. Redes de TV se dividiram. Até agora nenhuma foi punida.

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‘Faço só o que todos já fazem’, afirma Marin

O novo presidente da CBF, José Maria Marin, argumenta que alugar espaço para programação independente é uma prática bem corriqueira em veículos de comunicação.
Ele explica que essa é uma maneira de as empresas equilibrarem as contas. E arrenda uma rádio para uma igreja evangélica.
“Faço como todo mundo. Todas as emissoras de TV e rádio costumam alugar horários, a Bandeirantes, a Gazeta etc. Isso é absolutamente normal.”

O cartola diz que uma coisa é sua vida pessoal, e outra é seu trabalho à frente da confederação.
“É uma empresa privada. Acabou. Agora tenho que dar satisfação até disso? Não ganhei nada [a concessão]. Eu comprei. Se você quiser, posso procurar o contrato.”
Levemente rouco, após várias reuniões, Marin disse que não teme que as federações estaduais questionem sua autoridade na CBF: “Não existe isso de [federações] rebeldes”.
“Com a Copa pela frente, é hora de harmonia e união. Sei delegar funções, mas a hierarquia tem que ser obedecida. Prefiro falar pouco e trabalhar muito. Se estivermos unidos, faremos um grande Mundial em termos de organização. Não quero falar sobre o passado”, afirmou.


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Comentários:
1
  • Carlos Brito disse:

    Chico,
    Nosso saudoso Raul Seixas já dizia, mais ou menos assim: Não adianta dedetizar, porque você mata uma e vem outra em seu lugar.
    É o caso do futebol, não do Brasil e sim, da Globo, que deu sustentação para o que está posto, em troca de ter nossos clubes mineiros com pires nas mãos. No caso da CBF, saiu uma mosca, entrou outra e a merda é a mesma, uai!
    http://twitter.com/@cabrito2606