ChicoMaia100612
Quando eu começava escrever essa coluna tomei conhecimento do assassinato de um torcedor espanhol, 46 anos, numa cidade próxima a Donetsk, na Ucrânia. É o país co-realizador da Eurocopa justificando a sua fama de um dos países mais violentos do leste europeu. Interessante é que todas as pessoas na Polônia nos alertam para ter muito cuidado quando atravessarmos a fronteira para acompanhar os jogos de lá.
Já dentro do avião da TAP, de Belo Horizonte a Lisboa, um empresário alemão, que mora boa parte do ano no Brasil, alertava-me para isso.
A repercussão entre jornalistas em Varsóvia foi a maior e pior possível para os ucranianos, que vão aumentar essa fama ruim por causa desse incidente. Ainda que a polícia tenha prendido três suspeitos imediatamente, o fato está’ consumado.
De repente, um evento de visibilidade mundial, que serviria para passar uma imagem positiva do país, se reverte em mais uma propaganda negativa, porém, de efeito devastador, já que multiplicada pela mídia de mundo inteiro, presente ao acontecimento.
O Brasil precisa ter cuidado com isso em 2013 na Copa das Confederações; no Mundial de 2014 e Olimpíadas’16. Num país aonde aceita-se como normal a morte de centenas de cidadãos semanalmente, por latrocínio ou outros motivos fúteis, um único visitante morto nestes eventos, arruinará com a nossa reputação no exterior. Que melhorou demais nos últimos anos.
A curiosidade em torno de nós é enorme. Tenho usado aqui as camisas do jornal O TEMPO, feitas especialmente para ocasiões como essas, e há uma pequena bandeira do Brasil na manga do lado direito. É o fator facilitador de tudo: as pessoas nos abordam, já com sorriso no rosto, perguntando sobre tudo: os brasileiros, o futebol, de que parte do país eu sou, e se a violência no Rio realmente “acabou”.
Entendo que a nossa chance de realizarmos uma Copa da melhor qualidade passa pela fórmula polonesa nessa Eurocopa, e muito simples: receptividade. A gentileza deles é impressionante, em qualquer tipo de serviço ou trato no cotidiano. Até na questão do idioma a situação deles é parecida com a nossa: pouca gente fala inglês, mas com boa vontade e um sorriso no rosto se resolve tudo. Nos táxis, por exemplo, raramente o taxista fala inglês ou outro idioma, mas eles não se apertam. Usam o celular e ligam para alguém que fale inglês ou alguma língua que o atenda.
Aliás, tenho andado muito de táxi, ônibus e metrô. Todos, rigorosamente todos, muito limpos, confortáveis e abundantes.
Hoje pegarei a primeira rodovia, de Varsóvia a Gdansk, em torno de 350 Km. Dizem que é ótima. Vamos ver!
A infra-estrutura deles, pelo que vi até agora, chegou ao mesmo padrão de vizinhos ricos, como a Alemanha, por exemplo.
Segundo Jan-Roman Potocki, empresário exportador de vodka, que tem uma irmã que mora no Rio de Janeiro, este surto de desenvolvimento vem de perto de dez anos para cá. Para explicar essa mudança para melhor, ele traça um paralelo comparativo conosco: o pleno funcionamento das instituições democráticas, e relaciona as mudanças implementadas pelo ex-presidente Lech Valesa, com as do Lula no Brasil.
É! Lula conseguiu o que só Pelé conseguia: virar referência brasileira no exterior.
Para quem gosta dele, uma glória; para quem não gosta, um pavor; para quem tem visão crítica, vale um “em termos”.
Ano passado, durante a Copa América na Argentina, não foram poucos os argentinos que me diziam que o país deles precisa de um “Lula”.
Ele é danado!
A tradição de boas festas e ótima receptividade do brasileiro pode marcar pontos para o Brasil nos grandes eventos esportivos que vamos receber nos próximos anos.
Na Polônia, as “Fan Zone”, ou “Fan-Fest”, são uma atração à parte, onde todas as idades e as preferências se misturam.
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