A primeira decepção ficou por conta dos próprios londrinos, que começaram os jogos perdendo em duas frentes: econômica e esportiva. Esperavam em torno de um milhão de turistas para o período olímpico e por enquanto estão se contentando com estimados 100 mil.
Nas arenas da competições, frustração maior ainda: apenas uma medalha de ouro até aqui, onde aguardavam, no mínimo, três.
O diretor de uma associação de turismo local, similar ao nosso BH Convention & Visitors Bureau, Bernard Donoghe, deu entrevistas aos jornais daqui dizendo que, por incrível que pareça, houve uma queda de 35% na compra de ingressos para as peças teatrais e visitas ao Bristit Museum, em relação ao mesmo período anterior da temporada de turismo cultural em Londres.
Na avaliação dele, a maciça campanha do governo, fazendo alertas quanto à “invasão” de estrangeiros para os Jogos, espantou os londrinos, que foram viajar ou optaram por ficar em suas casas de campo enquanto durar a festa olímpica.
Nos transportes, uma das grandes preocupações prévias da prefeitura da cidade e do governo, nenhum problema de gargalos. Os dados oficiais mostram que houve um aumento de apenas 4% do movimento, plenamente assimilado pelo sistema e pelos habitantes. Assim como as atividades culturais, o comércio do centro de Londres também reclama do baixo movimento e de praticamente nenhum crescimento nas vendas.
O setor hoteleiro é outro que diz não ter nada a comemorar. Além de haver vagas à vontade, ninguém se atreveu a subir os preços; pelo contrário; há promoções para tentar manter a taxa de ocupação normal para essa época do ano.
Quem não reclama e até comemora é a região de Straford, onde está o complexo olímpico, construído em área antes degrada da “Grande” Londres. Só a imprensa que cobre os Jogos, lotou os hotéis erguidos ao lado do shopping, também gigante, ao lado do local das competições e da Vila Olímpica. Os torcedores que chegam de manhã e retornam à noite para casa, lotam o comércio e faz com que todos comemorem. Depois da Olimpíada é que será uma outra história. A luta para manter o bom movimento.
Nas arenas de competições os britânicos só comemoraram a primeira medalha de ouro ontem e as suas equipes de modo geral vão muito mal. Certamente o número de medalhas conquistadas ficará muito aquém do previsto também.
Nessa área, as decepções são grandes, não só dos ingleses. A maior delas, no futebol, onde a Espanha, foi eliminada na primeira fase, apesar do favoritismo ao ouro, junto com Brasil e Uruguai. Nenhuma vitória, nenhum gol. Campanha ridícula, que baixa um pouco a bola do país campeão do mundo e da Bi da Eurocopa.
O Uruguai também volta hoje para casa, depois de péssimo papel na primeira fase e deixa o caminho livre para a seleção do Mano Menezes, que se classificou em primeiro lugar do seu grupo com “um pé nas costas”, ao vencer seus três compromissos iniciais. Adversários da pior qualidade, diga-se. Agora terá pela frente Honduras, outra seleção figurante. O México deverá ser o único páreo mais duro do Brasil nessa caminhada pelo inédito ouro olímpico no futebol. Se não for dessa vez, Mano Menezes realmente pode ir para casa.
Algumas modalidades do Brasil também decepcionaram nestes primeiros dias de Jogos, em algumas categorias. O judô e a ginástica, por exemplo, além da própria natação, onde se esperava melhores resultados. O basquete feminino perdeu três dos três disputados. Individualmente, além de Diego e Danyele Hipólito, Paulo Henrique Ganso, do futebol, voltou a marcar a sua carreira com a fama de “canela de vidro”. Outra vez machucado, sem poder mostrar o seu futebol ao mundo em mais uma oportunidade.
Se o comércio do centro de Londres reclama das baixas vendas, o Shopping recém construído, ao lado do Parque Olímpico, não tem do que reclamar.
Comunicação eficiente é o que não falta no Parque Olímpico, visual e sonora, orientando os torcedores.
Antes uma região degradada, Stratford terá uma nova realidade a partir dos jogos
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